Enf. Ana Rita Amorim (OE94683)
Enf. Vitor Pinheiro Guimarães (OE94711)
Enf. Sandra Vieira Carvalho (OE100371)
No dia 12 de maio celebra-se o Dia Internacional de Enfermagem e do Enfermeiro, estabelecido pelo Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN). No relatório deste Conselho relativo à comemoração do Dia Internacional do Enfermeiro de 2025, o lema é “Os nossos enfermeiros. O nosso futuro. Cuidar dos enfermeiros fortalece economias”, priorizando a saúde da classe profissional e reconhecendo a sua importância para os sistemas de saúde, as comunidades e economias – isto é, cuidar de quem cuida rumo a um futuro sustentável. Os países que priorizem a cobertura universal de saúde e investem numa força de trabalho de Enfermagem, com adequado suporte, registam maior esperança de vida e populações mais saudáveis, o que aumenta diretamente a produtividade económica da sociedade. O dia escolhido assinala o nascimento de Florence Nightingale (1820-1910), Enfermeira com impacto na Guerra da Crimeia (1853-1956) no tratamento das pessoas sacrificadas.
Destacou-se sobretudo na mudança de paradigma para a identificação da profissão como disciplina do conhecimento, dando ênfase à importância da higiene, da adequação nutricional e da humanização dos cuidados. De acordo com o Regulamento do Exercício Profissional do Enfermeiro (Decreto-Lei nº161/96, de 4 de setembro, alterado pelo Decreto-Lei nº104/98, de 21 de Abril), a Enfermagem é “a profissão que, na área da saúde, tem como objetivo prestar cuidados de Enfermagem ao ser humano, são ou doente, ao longo do ciclo vital, e aos grupos sociais em que ele está integrado, de forma que mantenham, melhorem e recuperem a saúde, ajudando-os a atingir a sua máxima capacidade funcional tão rapidamente quanto possível”. Este é o nosso propósito contínuo! Nós somos a linha da frente e o exemplo de comprometimento e dedicação no estabelecimento de uma relação terapêutica com o utente e cuidador informal, mas também com a equipa multidisciplinar, numa perspetiva de complementaridade, obtendo ganhos em saúde e qualidade de vida. Para além da figura empática tradicionalmente reconhecida, somos detentores de conhecimentos abrangentes que permitem nortear a prática clínica na melhor evidência científica.
Esta deverá ser a nossa autêntica identidade! Num momento em que se assume a saúde como física, mental e social, não sendo apenas a ausência de doença, conceito da Organização Mundial de Saúde (1946), é crucial evidenciar a elevada percentagem de situações relatadas face à saúde mental dos Enfermeiros, desde disfunção social, stress ocupacional à depressão, aumentando consequentemente o consumo de psicofármacos. Como haveremos de cuidar dos outros se nos encontramos doentes? Na “Agenda Cuidar dos enfermeiros para o bem-estar e sustentabilidade da força de trabalho” para o ano de 2025 do ICN encontram-se 7 domínios que, a nosso ver, deveriam encontrar-se no centro das preocupações políticas e cuja ação coordenada pode transformar e salvaguardar a força de trabalho de Enfermagem: – Assegurar dotações adequadas para a prestação de cuidados eficazes; – Investir nos recursos e equipamentos adequados; – Disponibilizar condições de trabalho seguras e dignas; – Apoiar a formação, o desenvolvimento profissional e o pleno exercício da prática profissional; – Criar culturas organizacionais de apoio e de elevado desempenho; – Melhorar o acesso aos cuidados de saúde e aos serviços de apoio ao bem-estar; – Valorizar os Enfermeiros com uma remuneração justa e competitiva, reconhecendo Enfermagem como “profissão de risco” e promovendo a equidade de oportunidades profissionais.
Para que esta luta tenha impacto, consideramos fundamental a união dos Enfermeiros, impedindo que profissionais qualificados se vejam “forçados” a deixar o seu país. A necessidade de ação é urgente e o momento de agir é agora! Apesar das contrariedades, resta fazer jus ao nosso juramento, pois somos a “luz que nunca se apaga”, citando Luís Filipe Barreira, Bastonário da Ordem dos Enfermeiros. Não largamos a mão de ninguém!