Situada a Norte de Portugal a Região de Trás-os-Montes revela-se por entre montes e vales pronunciados numa grande área de extensão, que vai para lá do Minho até à fronteira com Espanha na qual confina a norte e a nascente, e estende- -se até uma vasta região vitícola que culmina a sul com a margem esquerda do rio Douro. Esta é uma Região única com características especiais. Em toda a região, o cenário muda rapidamente de cores; entre exuberantes vales verdejantes, ou colinas cobertas por uma colcha de retalhos de bosques ou olivais verde-cinza, passado por extensas vinhas verdes brilhantes, ou amendoeiras floridas e outras árvores de fruto. Os solos desta região são predominantemente formados por xistos pré-câmbricos e arcaicos, com algumas manchas graníticas, existindo numa pequena área manchas calcárias de gneisses e de aluvião. Os vinhos da Região de Trás-os-Montes são bastante diferenciados, em função dos microclimas em que têm origem (altitude, exposição solar, pluviosidade, temperatura, etc.). Assim, na zona Norte, encontramos a DOC Trás-os- -Montes, reconhecida a partir de 9 de Novembro de 2006, com as suas 3 sub-regiões “Chaves”, “Valpaços” e “Planalto Mirandês”. Na mesma data, foram reconhecidos os vinhos com Identificação Geográfica Transmontano, onde estes podem ser produzidos em toda a Região, onde o controlo e a defesa da Denominação de Origem e Indicação Geográfica, são da responsabilidade da entidade certificadora “Comissão Vitivinícola Regional de Trás-os-Montes” que tem por objetivo, proteger e garantir a qualidade e genuinidade dos vinhos de qualidade produzidos neste território. Na sub-região de Chaves, os solos são essencialmente graníticos com várias manchas de xisto, onde as vinhas são amanhadas a uma altitude que ronda os 350 a 400m. Aqui, verifica-se a incidência de valores elevados de pluviosidade assim como de humidade relativa, enquanto que a sub-região de Valpaços, que está localizada no centro do coração da Terra Quente Transmontana, é amplamente reconhecida pela produção de vinhos que remontam a tempos romanos, onde tal presença está intrinsecamente marcada nas rochas, com o maior número de lagares cavados na rocha até hoje identificados. Nesta sub-região, as vinhas são cultivadas a uma altitude que ronda os 450 a 650 m. No que se refere ao clima, verifica-se aqui a ocorrência de temperaturas mais elevadas durante o verão e valores mais baixos de humidade relativa, bem como valores inferiores de pluviosidade. Por último, a sub-região do Planalto Mirandês, está compreendida entre o sudeste da Região de Trás-os- -Montes e o rio Douro que influência o cultivo da vinha. Neste território os solos são essencialmente xistosos, a uma altitude, que ronda os 350 a 600 m, verificando- -se a ocorrência de grandes amplitudes térmicas e muito baixos teores de humidade relativa, bem como a incidência de ventos, tais características, associadas ao tradicional modo de condução da vinha em taça, ou cabeça de salgueiro, permitem um maior controlo da vinha, inibindo o desenvolvimento de certas doenças e permitindo desta forma uma viticultura praticamente biológica. Tendo como base as seguintes castas tintas: Alicante Bouschet, Tinta Roriz, Bastardo, Castelão, Cornifesto, Marufo, Tinta Barroca, Tinta Carvalha, Tinto Cão, Touriga Franca, Touriga Nacional e Tinta Amarela e nas castas brancas o Arinto, Bical, Boal Branco, Côdega de Larinho, Fernão Pires, Gouveio, Malvasia Fina, Moscatel Galego Branco Rabigato, Roupeiro e Viosinho. Conferem a tipicidade dos vinhos da região de Trás-os-Montes, que, para além, da diversidade das castas existente podem ser referidos alguns traços comuns a todos os vinhos, os vinhos brancos apresentam equilíbrio aromático com grande intensidade de aromas frutados e leves florais, na boca revelam uma acidez correta não sendo excessivamente pronunciada. No caso dos vinhos tintos, são vinhos com uma intensidade corante muito consistente e elevada, aromaticamente muito frutados, enquanto que na boca relevam-se estruturados, apesar dos teores alcoólicos normalmente elevados verifica-se uma acidez fixa correta, tornando-se vinhos robustos, mas agradáveis e muito equilibrados.
João Pereira,
Enólogo
ENCOSTAS DE SONIN – GRANDE RESERVA
Região: Trás-os-Montes
Sub Região: Valpaços
Casta(s): Touriga Nacional
Produtor: Soc Agricola Encostas de Sonin, Lda
Ano de Colheita: 2015
Preço: Entre 18€ e 22€
Álcool: 13.5%
Enólogo: Francisco Montenegro
Notas de Prova: Apresenta uma cor Roby e ao nível do sabor, apresenta um sabor com um excelente volume de boca, assim como taninos finos, elegantes e frutos azuis maduros, apresentando um final longo e prolongado. Ao nível do aroma, destacasse os frutos vermelhos, especiarias e notas florais conjugadas com tostado das barricas de Carvalho Francês.
Harmonizações: Ideal para acompanhar carnes vermelhas e maturadas, assim como pratos de caça.
TERRAS DE MOGADOURO
Região: Trás-os-Montes
Casta(s): Viosinho e Gouveio
Produtor: Wine Indigenus
Ano de Colheita: 2020
Preço: Entre 6,00€ e 7,50€
Álcool: 13,0%
Enólogo: Rute Gonçalves e Francisco Gonçalves
Notas de Prova: Apresenta uma Cor cítrica brilhante e com aroma intenso e complexo. Destacam-se os aromas florais e de frutos de polpa branca e exóticos. Na boca, acidez bem marcada, em equilíbrio perfeito com os frutos exóticos. Final longo, elegante e harmonioso.
Harmonizações: Acompanha bem pratos de peixe branco, peixinhos do rio e bacalhau; risotos; cogumelos selvagens grelhados ou estufados, em particular repolgas grelhadas; presunto de porco bísaro e queijos fortes curados de ovelha. Ótimo para saladas que contenham carnes como presunto e perdiz e frutos secos. Muito bom para carnes de aves de caça estufadas.