Sem Treta

«A prevenção é sempre mais barata que qualquer intervenção com intenção curativa»

ENTREVISTA AO MÉDICO DENTISTA ANTÓNIO COUTINHO

As técnicas digitais têm um papel fundamental no avanço da Medicina Dentária

 

Em entrevista à Revista Minha, o médico dentista António Coutinho destaca a importância da prevenção na saúde oral, numa conversa onde é feito um retrato geral da Medicina Dentária em Portugal.

A Medicina Dentária tem um leque de atuação muito abrangente. Qual é a importância desta complementaridade entre especialidades?

Reveste-se de total importância. Se pensarmos no ser humano como um todo com os seus sistemas interligados, facilmente compreendemos que desestabilizar um desses sistemas vai trazer consequências para os restantes.

Que especialidades ligadas à saúde oral tem na clínica?

Na nossa clínica dispomos de profissionais capacitados para atuar em todas as áreas da Medicina Dentária desde a Odontopediatria até à Implantologia, estando cada área bem atribuída para cada profissional.

Que retrato faz da saúde oral em Portugal?

Apesar da evolução em termos de qualidade de tratamentos prestados e, por consequência, a melhoria na saúde oral de uma forma geral ainda se observa uma taxa de edentulismo que não é de relevar, assim como uma prevalência de doenças que afetam dentes e gengivas que, muitas vezes causado pelo adiar da vinda ao médico dentista, obriga a intervenções mais profundas.

Quais os principais avanços feitos nos últimos anos?

Sem dúvida que a possibilidade de aliar a informatização dos protocolos de atuação, no geral, à prática do dia a dia, permite obter tratamentos melhor planeados e com taxas de sucesso muito alta.

E em termos de novidades, o que destacaria?

A novidade mais recente que dispomos é a realização de alinhamento dentário através de alinhadores invisíveis com tecnologia criada em Portugal. Vivemos na era digital.

De que forma as técnicas digitais têm contribuído para o desenvolvimento da área?

As técnicas digitais têm um papel fundamental no avanço da Medicina Dentária por permitirem aumentar a segurança do planeamento de qualquer caso, assim como a previsibilidade do mesmo, reduzindo margens de insucesso e aumentando taxas de sucesso.

Que vantagens tem, tanto para o paciente como para o médico dentista?

As vantagens são muitas com destaque para a possibilidade de desmistificar junto do paciente dúvidas e receios sobre o tratamento, podendo o paciente vislumbrar em grande parte dos casos, qual o resultado final a ser alcançado.

Atualmente, as pessoas estão mais informadas sobre os tratamentos ortodônticos e já é comum vermos pessoas acima dos 40 anos com aparelho. Isto deve-se a uma maior preocupação estética das pessoas ou  resulta de um trabalho que tem vindo a ser efetuado nesta área da Medicina Dentária?

Sem dúvida que estamos perante uma conjugação de fatores. Com o despertar de interesse por parte dos pacientes, quer por questões de saúde oral quer por questões de estética, houve uma necessidade de adaptação desta resposta e um desmistificar da ideia que apenas os pacientes mais jovens podem colocar aparelho dentário.

Qual a importância de um bom acompanhamento da saúde oral?

É de suma importância visto que não nos podemos esquecer do princípio basilar de que a prevenção é sempre mais barata que a intervenção com consequente tratamento.

Qual a periodicidade indicada para as visitas ao dentista?

Cada caso deve ser avaliado individualmente e na Clínica Dr. António Coutinho fazemos questão de orientar os pacientes naquilo que é o mais adequado para a sua situação, havendo assim um cuidado personalizado e diferenciado.

A primeira visita das crianças ao dentista deve ser realizada, idealmente, com a erupção do primeiro dente

Há muita gente que não vai ao dentista há mais de um ano. Que consequências isso pode trazer?

As consequências do absentismo são imprevisíveis e sempre com custos acrescidos quer em termos de saúde quer em termos financeiros. Facilmente reconhecemos que a dor de dentes é muito desagradável e esse é o quadro extremo com o qual nos vamos deparando. Infelizmente, a essa dor de dentes está associada uma maior ou menor infeção que pode trazer consequências inclusive a nível sistémico que não podem ser de relevar.

Que conselhos de saúde oral é que dá sempre aos seus pacientes?

Na clínica Dr. António Coutinho fazemos questão de ter uma relação de proximidade com os nossos pacientes, com espaço e tempo para o diálogo e focados nas necessidades individuais de cada paciente. Nesse diálogo há um aspeto fundamental que fazemos questão de focar com todos os pacientes: a prevenção é sempre mais barata que qualquer intervenção com intenção curativa e, por isso, muito instigamos os nossos pacientes a recorrerem à nossa clínica para avaliação de qualquer situação que pareça sair dos parâmetros de normalidade.

Relativamente às crianças, com que idade recomenda a primeira visita ao dentista?

A primeira visita deve ser realizada, idealmente, com a erupção do primeiro dente. Em média, as consultas ocorrem aquando da troca da dentição de leite pela dentição definitiva e, nessa altura, é outro marco importante de avaliação e despiste de eventuais situações de desequilíbrio.

Quais os problemas mais comuns em termos de dentição na infância?

Pelo perfil irrequieto de todas as crianças são comuns as idas ao dentista por traumatismos dentários originados por quedas ou acidentes. A presença de desarmonias entre o maxilar superior e mandíbula com o consequente compromisso estético é também uma queixa comum dos pais.

A que sinais os pais devem estar atentos?

Os pais devem estar atentos a alterações nos padrões de fonação, de respiração e inclusive de mastigação assim como, claro, de queixas de dor ao mastigar ou, eventualmente, alterações de volume percetíveis na face das crianças.

Que assiduidade deve a criança adotar, após essa primeira visita ao dentista?

A necessidade de acompanhamento deve ser fixada com o médico dentista sendo adaptada a cada caso em concreto mas diria que pelo menos um controlo anual é fundamental, mesmo não existindo queixa aparente.

Que problemas podem vir a ter as crianças no futuro caso não sejam detetados e resolvidos problemas dentários atempadamente?

O problema mais relevante será a perda precoce de dentes que, invariavelmente, vai trazer desestabilização de uma parte importante do sistema digestivo como é a boca, com todas as consequências que daí podem surgir.

Notam-se os efeitos da crise na adesão aos tratamentos?

Diria mais que é notória a preocupação por parte dos pacientes pelos tempos tumultuosos que atravessamos.

Quais são os tratamentos mais procurados?

Na clínica Dr. António Coutinho realizamos tratamentos variados mas com especial enfoque na Endodontia (que recentemente foi alvo de melhorias e com perspetiva de contínuo investimento), Prótese Fixa sobre dentes e, sobretudo, Prótese fixa sobre implantes, por vezes, com necessidade de regeneração óssea.

Quais as suas técnicas e materiais de eleição?

De todas as técnicas possíveis de todas as especialidades existentes destaco a realização de cirurgia guiada com todo o planeamento informático que permite um resultado previsível e seguro em implantologia.

O que falta no sector da medicina dentária em Portugal?

Atualmente, a medicina dentária ainda é considerada o parente pobre da saúde e, por isso, ainda é necessária maior consciencialização por parte governamental da necessidade de intervenção nesta área sobretudo nas faixas mais carenciadas da sociedade.

Por onde passa o futuro da Ortodontia e quais as principais tendências desta especialidade?

A ortodontia é uma especialidade em constante evolução, como todas, mas o futuro A medicina dentária ainda é considerada “o parente pobre” da saúde passa por poder providenciar tratamentos altamente estéticos, confortáveis e rápidos sem compromisso de funcionalidade.

A medicina dentária ainda é considerada “o parente pobre” da saúde

Confiança e comunicação entre médico e paciente são indispensáveis para que exista uma boa relação entre ambos. De que forma chega aos seus pacientes?

Na clínica Dr. António Coutinho fazemos questão de ter uma relação franca e de proximidade com os nossos pacientes. Aqui os pacientes sentem-se integrados como que numa família e sabem que as suas preocupações são ouvidas e, sobretudo, não existem pressões acerca de realização de determinados tratamentos. Aquilo que existe sim é aconselhamento sobre qual o tratamento ideal e quais os tratamentos possíveis para cada caso. É muito satisfatório aperceber-me que durante 21 anos marcamos posição no mercado da Medicina Dentária sem nunca esquecer que tratamos dentes, mas também pessoas.

Em Portugal, ainda existe a ideia de que a medicina dentária e os seus respetivos tratamentos não estão acessíveis a todos. Como é que se colmata esse preconceito?

Esse preconceito é ultrapassado pela insistência no conceito de prevenção.

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