Vinhos

Novo ano, novas vinhas, novas regiões vitícolas…por terra das Rias Baixas

Ainda em tempos festivos, pós-Natal, é tempo de festejar o dia de Reis, que segundo a tradição cristã, seria aquele em que Jesus Cristo  recém-nascido foi visitado por três Reis Magos, que ocorreu na noite do dia 5 de janeiro para madrugada do dia 6, que é atualmente conhecido como a “Noite de Reis”. Apesar de em nosso território não ser muito expressivo este festejo, aqui ao lado nos nossos vizinhos Galegos é provavelmente o ponto alto dos festejos do período natalício. Em homenagem a esta época, venho expor um pouco sobre uma região vitivinícola, bem aqui ao lado e com grande tradição em Espanha e conhecida por Rias Baixas. É uma Denominação de Origem Vitícola que se situa no noroeste de Espanha, na região administrativa da Galiza. Este território possui uma profunda tradição vitícola que se transmitiu de geração em geração, mas só em 1988 foi reconhecida como DO e atualmente contempla cinco sub- -regiões: Condado do Tea, O Rosal, Ribeira do Ulla, Soutomaior e Val do Salnés. Atualmente, os cerca de 5500 viticultores, com mãos sábias e expertas, exploram os cerca de 4500 ha de vinhas distribuídos pelas cerca de 22000 parcelas, que tornam uma das regiões mais fragmentadas e de minifúndio da Península Ibérica, muito à semelhança do que acontece neste lado do rio Minho. Estes praticam uma viticultura tradicional de sistemas de “emparrados” (idêntico ás nossas ramadas) e noutras explorações sistemas de condução mais modernos em cordão, que permitem uma maior e melhor mecanização das operações da cultura da vinha. Ao nível do solo que suporta estas videiras, aqui o granito predomina em quase todo o território, podendo encontrar-se em algumas subzonas, alguns afloramentos xistosos, mas a maioria das vinhas, estão instaladas em solos de aluvião e ricos em matéria orgânica, junto dos vales dos principais rios e afluentes, resultado da erosão dos solos a montante nas encostas das montanhas do interior. Ao nível das castas, predominam sem dúvida neste território as castas brancas: o Loureiro, a Treixadura, o Caiño branco, o Godello e o Albariño que é a variedade rainha desta Denominação de Origem. No caso dos tintos, estes vinhos de menor expressão no território são muitas das vezes para consumo local e regional, mas que estão ultimamente a ser alvo de reinvenção de modo a atingirem novos mercados, que são suportados pelas seguintes castas: Caiño tinto, Castañal, Espadeiro, Loureira tinta, Sousón, Mencía, Brancelho e Doçal. No que diz respeito aos tipos de vinhos, aqui podem ser certificados pelo Conselho Regulador desta Denominação de Origem, os Rias Baixas: Albariño (vinho 100% monovarietal e proveniente de qualquer sub-região); os Sub- -regionais (Condado do Tea, Rosal, Val do Salnés, Ribeira do Ulla, Souto Maior) que são vinhos de lote compostos pelas castas Albariño, Treixadura e Loureiro); os Rias Baixas: Barrica, Tinto e Espumoso são também certificados e controlados mas de menor expressão mas de grande singularidade e com grande potencial de crescimento. Os vinhos mais conhecidos são os Albariños Rias Baixas que visualmente apresentam uma corentre o verde citrino com reflexos dourados até o amarelo palha, dependendo da idade e da metodologia de vinificação e conservação, todos com aspeto brilhante e cristalino. No que diz respeito à componente aromática e olfativa, estes vinhos de intensidade média, exalam aromas a frutos tropicais, a flores brancas e cítricas e a frutas como a maçã verde. No palato eles realçam a sua frescura, estrutura e complexidade em resultado da proveniência da uva, tipo de solo e exposição solar, destacando aqui os sabores a frutos de caroço e maçã verde. As harmonizações destes vinhos podem ser muito versáteis, pois tanto combinam com diversificadas entradas salgadas, saladas e fumeiro, assim como com sushi, peixes e mariscos, que este território é rico e abundante, como também casam perfeitamente com pratos mais complexos e fortes como é o caso dos queijos e carnes brancas. Assim, se poderem aproveitem durante esta ano, uma escapadinha à Galiza e visitem a Rota dos Vinhos das Rias Baixas, disfrutem da gastronomia, da paisagem, da cultura, dos monumentos, da natureza e das gentes deste território que tem mais semelhanças do que diferenças com o nosso verde Minho.

João Pereira

Enólogo

 

 

MARTIN CÓDAX

Região: Rias Baixas (Galiza – Spain)

Sub Região: Val do Salnes

Casta(s): Albariño

Produtor: Bodegas Martin Códax

Ano de Colheita: 2017

Preço: Entre 8 e 12€

Álcool: 12.5%

Enólogo: Katia Álvarez

Notas de Prova: De cor amarelo limão, com reflexos esverdeados, límpido e brilhante. Ao nível de aromas predominam as nuances de flores brancas como o jasmim e notas citrinas, bastante intensidade e persistente. Ao nível do palato manifesta-se fresco e salino com notas de fruta citrina madura, longo e estrutura média.

Harmonizações: versátil, no entanto acompanha bem as entradas salgadas, assim como: saladas frescas, marisco e peixes.

LAXAS

Região: Rias Baixas (Galiza – Spain)

Sub Região: Condado del Tea

Casta(s): Albariño

Produtor: Bodegas As Laxas, S.A.

Ano de Colheita: 2020

Preço: Entre 8,0€ e 12,0€

Álcool: 12,5%

Enólogo: Desconhecido

Notas de Prova: Apresenta uma cor esverdeada com ligeiras nuances palha. Ao nível do aroma, bastante expressivo a frutos de caroço e nuances a frutos verdes como a maçã e flor de laranjeira. Quanto ao palato, aqui ressalta a tipicidade da casta, bastante fresco e uma acidez perfeitamente equilibrada com a estrutura e o corpo do vinho, muito harmonioso e de final longo e persistente.

Harmonizações: versátil, acompanha bem as entradas como fumeiro e queijo curado, assim como pratos de peixe, marisco ou sushi ou pratos de carne branca (como frango e pato).

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