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Paisagem Protegida de Corno de Bico: onde se fundem os patrimónios

verão já lá vai e passou num ápice. 

Já estamos no outono, também com as suas belezas e com os seus cheiros tão característicos, como o das castanhas assadas que invade por esta altura o centro das cidades.

Mas, falar em outono, com os seus dias cada vez mais curtos e as temperaturas mais frescas, também nos remete para as florestas, onde, nesta época, as árvores começam a ficar despidas das suas folhas que, antes de caírem, assumem tonalidades que vão desde o amarelo ao vermelho mais vivo. É por esta altura que as escolas mandam os mais pequenos apanharem folhas para trabalhos manuais, precisamente sobre o outono.

Ora, quando isso acontecer – e prepare-se porque está para muito breve – em vez de escolher o mais óbvio, o espaço verde mais perto de casa, convença a família e vá até à Área Protegida de Corno de Bico, no concelho de Paredes de Coura, distrito de Viana do Castelo.

Para quem vive, por exemplo, em Braga, parece longe. E, realmente, é um bocadinho! Mas, vale mesmo a pena uma visita a este santuário natural que abrange as freguesias de Bico, Castanheira, Cristelo, Parada e Vascões, onde o património pode ser admirado nas suas mais variadas vertentes.

Aqui, por exemplo, pode usufruir gratuitamente de uma das maiores manchas de floresta de carvalhos do país, com passeios a pé ou mesmo de bicicleta. O ponto mais alto da Área Protegida de Corno de Bico, que tem um miradouro a não perder, fica a 883 metros de altitude. Daqui a paisagem é de cortar a respiração.

É também aqui que nascem os três principais rios deste território: o Coura, o Labruja e o Vez. Não menos importante são os lameiros é a turfeira. No que à fauna diz respeito, as autoridades que supervisionam o ambiente em Portugal dizem que aqui existem 188 espécies de vertebrados, das quais 25 são de elevada prioridade de preservação.

A par do património natural, não se pode também perder o património construído, uma vez que esta é uma área habitada pelo homem há milhares de anos. Em Vascões, por exemplo, encontra algumas mamoas que testemunham a antiguidade da ocupação humana.

Para ter uma ideia de tudo o que aqui pode encontrar, o melhor é mesmo começar a visita pelo Centro de Educação e Interpretação Ambiental do Corno de Bico (CEIA), situado em Chã de Lamas, na freguesia de Vascões. Do centro de Paredes de Coura, mais concretamente na rotunda da capela do Espírito Santo, siga no sentido de Arcos de Valdevez, pela Estrada Nacional 303. Passa pelas freguesias de Castanheira, Cristelo, Bico e chega a Vascões. Aqui chegado, é só seguir as placas que indicam o CEIA.

Nesta estrutura, cujo edifício tem a particularidade de se confundir com a floresta onde foi construída, vai encontrar tudo o que precisa saber sobre a Área Protegida de Corno de Bico e, se devidamente planeado anteriormente, usufruir de um conjunto de ateliês muito interessantes, como o da construção de abrigos para animais, o da elaboração de iguarias típicas desta zona – como os excelentes biscoitos de milho – ou ainda compotas. No CEIA também se realizam, por exemplo, workshops sobre os cogumelos, que ensinam os interessados a distinguir aqueles que são de consumo e os que são venenosos.

Antes de partir à descoberta da Área Protegida de Corno de Bico depois da visita ao CEIA, olhe à sua volta e verá que aqui, no tempo do Estado Novo, foi criada uma das poucas colónias agrícolas do país. Nestes campos testaram-se as variedades de batatas que hoje consumimos no nosso dia a dia. Para esta colónia vieram trabalhar pessoas de vários pontos do país, que aqui tiveram direito a uma casa em troca do seu labor.

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