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«O utopia tem ambição global e pretende deixar uma pegada cultural significativa»

Entrevista a Paulo Ferreira, diretor do festival Utopia.

A primeira edição do festival literário “Utopia”
realiza-se em Braga, de 2 a 12 de novembro. Em
entrevista à Revista Minha, Paulo Ferreira, diretor
do festival Utopia, aborda todo o planeamento desta
iniciativa que se apresenta num formato inovador e
que promete 11 dias com uma programação intensa
para todos os públicos.

De onde surgiu a ideia de associar um evento literário ao conceito da Utopia?

Thomas More quis criar um não lugar e descrever o que lhe pareceu ser uma sociedade perfeita. No entanto, algum cinismo associado transformou de forma cínica e ao longo dos tempos o uso comum da palavra para algo de irrealista e não concretizável. É neste jogo de espelhos, nesta polissemia tão cara à literatura, que queremos posicionar o evento. Toda a literatura é uma utopia porque caminha e trabalha para um bem comum, mas toda a literatura é uma utopia porque usa como mais nenhuma outra disciplina este carácter bicéfalo da palavra. Interessou-nos explorar esta viagem incansável e nunca acabada da literatura usando a ficção para caminhar para um bem comum, o espaço que pretendemos de não ficção, de realidade.

Enquanto promotor do festival, certamente que acredita que o Utopia pode desempenhar um papel relevante no panorama dos eventos literários, distinguindo-se de outras propostas culturais. Em que medida?

Não somos só nós a acreditar. Além de um conjunto alargado de parceiros, de um município que não hesitou em apoiar o evento, o Turismo de Portugal considerou válida a nossa proposta e acabou por nos seleccionar como um dos eventos estratégicos do país. Braga está de parabéns. Mais uma vez.

E porquê Braga?

E porque não? Uma cidade que fica a 30 minutos de aeroporto, muito jovem, com uma universidade de referência, um tecido empresarial e cultural comprometidos, boas infraestrutura turísticas e habituadas a bem receber, com uma forte programação cultural, nomeadamente mas não só na área do livro, que tem sido capaz de se impor no cenário internacional, com um executivo que percebeu perfeitamente o desafio e que se entusiasmou tanto quanto nós, colocando ao dispor uma equipa técnica municipal muito bem preparada é o cenário ideal para receber um festival que tem ambição global e que pretende deixar uma pegada cultural significativa por onde passa.

Pode explicar-nos melhor a ambição do Utopia em afirmar-se como marca global de eventos?

O Utopia começa em Braga e tem um ambicioso plano de expansão que passa por ir primeiro para Espanha e depois pretende atravessar o Atlântico. Outros segmentos culturais dispõem de soluções similares; pareceu-nos que havia espaço para outra proposta na área do livro.

A cultura bracarense, os talentos e os negócios locais em torno da literatura terão lugar neste Utopia?

Não só terão lugar como são parte do ADN do próprio evento. O evento irá aculturar-se às pré-existências, moldá-las e incorporá-las. Daí que já tenhamos a participação de um conjunto de parceiros culturais locais, mas também empresariais, dos quais gostaria de destacar a DST que preparou um generoso programa cultural para o evento.

O festival vai integrar um espaço para venda de livros?

Não se podem fazer eventos literários sem pensar nos livreiros que cá estão o ano todo. Serão eles quem farão essa venda, são os livreiros que têm de beneficiar comercialmente da vinda de uma embaixada de criadores de luxo a Braga. O Espaço Vita terá uma área dedicada à venda que acompanhará a programação de sexta a domingo.

De que forma estarão envolvidas as escolas e instituições do concelho?

Somos muito devedores e sensíveis à ideia de curadoria partilhada. Existindo uma espinha dorsal programática, não podemos pensar que um evento se poderá implementar no território se não servirmos e ativarmos as estruturas locais. Por isso mesmo, vemos com grande gosto a ida de escritores às escolas, mas também a presença de todos os parceiros que se juntaram a nós: a Câmara Municipal de Braga, o Turismo de Portugal, a dstgroup, o Jornal Público, a Antena 1, a Embaixada de Itália, a Assembleia da República, a Casa da América Latina, Imprensa Nacional Casa da Moeda, o Instituto Ramon Llull, a Confiauto, a Edigma, a Universidade do Minho, o Bomfim Conservatório, a CCDR-Norte, os vinhos Caminhos Cruzados; a Cerveja Letra, o Diário do Minho, a DRCN, o Espaço Vita, a Ent’artes, a F3M, a Fnac, o McDonald’s Braga, o Myrtillus Dei, a DGLAB, o Plano Nacional de Leitura, o Pingo Doce, o Porta Nova Collection House; o Quiz Braga, entre outros.

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