Ainda que, em muitos casos, tenha sido muito mal aplicada, e não seja de todo um sistema perfeito, (como já ficou claro que absolutamente nenhum sistema governativo o é) a democracia é aprazível para aqueles que acreditam que toda e qualquer ideia, individual ou coletiva, apenas é aplicável quando submetida a uma votação e aprovada por uma quantidade elevada de eleitores, geralmente acima dos 50%. Já houveram e continuarão a haver muitos casos em que a verdade e a justiça são distorcidas, de modo a incorporar a ganância e a corrupção por entre ideais tão nobres que formaram diversos sistemas governativos espalhados pelo nosso mundo. Apesar disso, resta sempre a fé em todos aqueles que se dedicam a escrutinar as decisões e manobras dos quase todo-poderosos líderes, sejam eles jornalistas, ativistas, ou até whistle-blowers. Independentemente da cor ou orientação política que um determinado indivíduo tenha, deve sempre levar a cabo a difícil tarefa de fazer tudo em prol de um bem maior, sem deixar, contudo, que os seus fins justifiquem qualquer meio utilizado. Nas minhas diligências ocasionais pelos diversos meios de comunicação, verifico a enorme necessidade que as figuras políticas têm de se atacarem entre si, retirando-se, muito frequentemente, pouco ou quase nada desses ditos confrontos. Alguns insistem até em matérias absurdas, ferozes e injustas, apenas para cativar o voto de cidadãos subjugados que não sabem a quem dirigir essa raiva ardente que cresce na extremidade dos seus corações. Estamos, de facto, na presença de muitos abutres, desejosos de se aproveitarem de um deslize da sua presa. A parte boa de vivermos em democracia é que, mesmo na falta de uma excelente opção, podemos optar pelo “mal menor”, e para tal é, acima de tudo, necessário que estejamos informados, pois a informação é cada vez mais poder; poder esse que podemos conferir a quem quisermos, não por aquilo que é dito da boca para fora, mas baseado numa escolha inteligente de quem quer o bem para si mesmo e para os seus semelhantes. Deixo aqui a nota, em jeito de despedida, para que nunca ninguém se esqueça: o Kratos (poder), pertence ao Demos (povo).
Daniel Silva
O panorama político e social de Portugal têm-me deixado a pensar sobre o poder que o Homem tem, ou melhor, sobre o poder que a decisão tem sobre o Homem. Dou voltas e mais voltas e tento perceber se alguma vez existiu um momento em que não precisássemos de fazer escolhas. Bem, … concluí rapidamente que não. Diariamente deparamo-nos com vários tamanhos de escolha. A escolha pequena é a típica decisão entre um gelado de chocolate ou um gelado de baunilha. É optar entre cozinhar carne ou peixe ao jantar. É escolher entre sapatilhas pretas ou brancas. Na verdade, têm a sua importância, mas prefiro hierarquizá-las desta forma. Seguem-se as escolhas médias, que carregam consigo um peso significativamente maior. Aqui, a escolha incide entre aceitar o emprego de sonho ou o emprego que ganho mais, ou, então, dizer sim ou não a uma vida eterna com o companheiro amoroso. Finalmente, chego ao topo da hierarquia: as escolhas grandes. A esta hora devem-se estar a perguntar o porquê de as denominar de tal forma. Bem, são grandes não porque afetam apenas 1, 2, 3, 20 pessoas, mas porque norteiam o rumo de uma sociedade, o futuro dos avós, pais, filhos, netos, primos, tios, amigos, conhecidos e desconhecidos. Afetam a vida dos comerciantes, empresários, funcionários do estado, mecânicos, cozinheiros e tantos mais. Estamos perante a liberdade de escolha que o voto dá, capaz de nomear a democracia, mas também o inverso, caso a escolha seja mal feita. A democracia não é garantida e o fascismo já esteve mais longe de ganhar forma sólida. Votem com consciência, usufruam da vossa liberdade, que outrora tirou vidas a quem a tentou conquistar. Façam a vossa escolha, mas não se esqueçam… é uma escolha com “G” grande.
Joana Rebelo
Nos tempos que vivemos hoje, acho muito difícil olhar para o mundo sem percebermos o quão a democracia moldou a nossa vida e sociedades. Desta forma, é impossível separar a história do ser humano da história da democracia. Olhamos para ela como a melhor forma de governar, como em outros tempos, existiram reis, imperadores e outros tipos de governo. A democracia é a nossa namorada ou mulher no século XXI. Vamos ver como acaba ou dura esta relação amorosa? Só o futuro nos dirá.
Ricardo Ferreira