As infeções respiratórias são infeções das vias aéreas causadas principalmente por vírus. A sua incidência é maior nos meses mais frios, outono e inverno em Portugal. Quanto menor a idade da criança maior será o número e a gravidade das infeções. Esta é a causa mais frequente de doença nas crianças e o principal motivo de procura de cuidados médicos.
Os sintomas mais frequentes são febre, tosse, dor de garganta, dor de ouvidos, congestão nasal e rouquidão. Os diagnósticos mais frequentes são nasofaringite, amigdalite, otite, sinusite, laringite, traqueobronquite, bronquiolite, pneumonia ou gripe.
As infeções respiratórias podem ser transmitidas de forma direta, através de aerossóis ou gotículas respiratórias provenientes da tosse ou espirros, ou através do contacto direto com secreções nasais ou orais infetadas. A eliminação do vírus pode manter-se dias a semanas, após início dos sintomas, sendo maior nas crianças. Pode haver transmissão de infeção de forma indireta através das mãos ou partilha de objetos contaminados (brinquedos, puxadores de portas, lenços de papel). Os vírus podem persistir várias horas nos objetos contaminados e, pelo menos, meia hora nas mãos.
As infeções respiratórias podem e devem ser prevenidas. Com esse objetivo os adultos devem lavar sempre as mãos, com água e sabão, antes e após o contacto com crianças e após o contacto com secreções respiratórias. Os irmãos mais velhos devem lavar sempre as mãos e o rosto antes de brincarem com os irmãos mais novos, principalmente se forem bebés. As crianças devem evitar o contacto com outras crianças ou adultos com febre ou sintomas respiratórios. Se pais ou irmãos constipados, estes devem utilizar sempre máscara, nas viagens de automóvel, no domicílio, para evitar contagiar as crianças do núcleo familiar.
Para tossir ou espirrar deve ser utilizado um toalhete de uso único que deve ser descartado. Na impossibilidade de uso do toalhete usar o antebraço para cobrir a boca e o nariz ao espirrar ou tossir (não utilizar as mãos). Evitar tocar nas mucosas dos olhos, boca ou nariz, quer das crianças, quer nos próprios.
Nas épocas sazonais de infeções respiratórias não levar as crianças para aglomerados populacionais (centros comerciais, salas de espera). Evitar sempre que as crianças contactem com o fumo do tabaco, incluindo vestuário impregnado com fumo do tabaco e o interior de automóveis expostos ao fumo de tabaco. O tabagismo passivo aumenta a frequência e a gravidade das infeções respiratórias. Evitar ainda a exposição ao fumo de lareiras abertas.
É uma boa forma de prevenção das infeções respiratória nas crianças lavar e desinfetar com regularidade os brinquedos, não partilhar talheres, chupetas ou produtos de higiene. Evitar partilhar a cama com outros familiares. Arejar frequentemente espaços fechados.
Os bebés são o principal grupo de risco para as infeções respiratórias e também para as infeções mais graves. Evitar visitas no primeiro mês de vida. No caso de visitas, os familiares ou amigos devem utilizar máscara que cubra o nariz e a boca. Evitar beijar os bebés na face e mãos.
A melhor forma de prevenção das infeções respiratórias é a amamentação. Amamentar, sempre que possível, até aos 6-12 meses. O leite materno é principal fator protetor de infeções respiratórias.
Cumprir o Programa Nacional de Vacinação é fundamental. Com a implementação destas medidas de prática fácil podemos reduzir de forma significativa as infeções respiratórias nas crianças, e melhorar a sua qualidade de vida.
Almerinda Barroso Pereira,
Diretora do Serviço de Pediatria do Hospital de Braga