Sem Treta

Um Amor para a Vida Toda

CASAL DE COVAS, VILA VERDE, COMEMOROU NO FINAL DE 2021, A EXTRAORDINÁRIA MARCA DE 68 ANOS DE VIDA EM COMUM

Fevereiro é o mês mais romântico do ano e a revista Minha foi conhecer um casal que mantém uma bonita história de Amor próxima de completar 70 anos. Um verdadeiro exemplo de compromisso, companheirismo e respeito que serve de inspiração para quem iniciou ou pretende iniciar uma vida a dois. Maria Mourão, de 87 anos e Manuel Oliveira perto de completar 92, são um grande exemplo de que um amor pode durar para toda a vida. Este casal de Covas, Vila Verde, celebrou, a 30 de dezembro de 2021, 68 anos de matrimónio! Na base desta relação duradoura está o «forte amor» que nutrem um pelo outro, mas também «uma grande dose de respeito, união, amizade e fé em Deus». «A religião é fundamental para nós. Rezamos todos os dias e só com Deus por perto é que podemos ser felizes», dizem. Para o casal bastaram três meses de namoro para saberem que queriam ficar juntos para sempre. «Conhecemo-nos numa festa. Eu estava na varanda a apreciar o ambiente no adro e vi que ele era o mais jeitoso. Era muito bonito», diz Maria, bem-disposta. «Eu namorava com outra na altura e combinei ir à festa, mas ela não apareceu. Depois conheci a Maria e fomos a casa do tio dela. Convivemos, bebemos e começamos, aí, a construir um grande amor», acrescenta Manuel. Mas o início não foi fácil. «O meu pai não me deixava namorar. Corria com todos os pretendentes. Disse à minha mãe que, se não aceitassem este, eu fugia! Um dia apanhou-nos aos dois, mas conversamos e acabou por aceitar o namoro», conta Maria. Na altura, namoravam de oito em oito dias, «com muito respeito»! Tinham passado apenas 6 anos de casamento quando Manuel teve de emigrar para França, em busca de melhor vida para os seus. «Foi em 1961. Fui com contrato para a agricultura, mas passado um ano, fui trabalhar para as obras. Estive lá 30 anos, mas todos os anos vinha cá. As saudades eram muitas», confessa. Maria permaneceu em Portugal, na lavoura. «À época ainda quis ser professora, mas não aconteceu e fiquei a trabalhar no campo. Mais tarde abri uma mercearia/minimercado que só há pouco tempo deixou de funcionar», garante. Desta união, resultaram sete filhos, 11 netos, dezasseis bisnetos, perspetivando-se que a família continue a crescer. «Sempre se deram muito bem e continuam muito amigos. Às vezes, juntamo-nos todos e é uma alegria», assinalam. Entre as melhores recordações, Maria destaca «quando os filhos eram pequenos». «Eu é que lhes fazia a roupa e cortava o cabelo», lembra. Manuel não se esquece dos tempos duros em França, no matadouro e mais tarde nas obras, mas a família é que o realiza. «Adorava e adoro estar com todos! Dos trabalhos do campo, o que sempre mais gostei foi de podar a vinha», diz. O período mais difícil do casal deu-se com a morte da sua filha mais nova. «É uma dor muito grande e as saudades são muitas. O nosso maior sonho era poder voltar a tê-la perto de nós. Dávamos tudo! Às vezes sonho com ela a entrar em casa», conta emocionada Maria. Com tantos anos de casamento e convivência, não se esquecem dos afetos. «O dia dos namorados é, para nós, todos os dias. Sempre nos demos bem, com muita harmonia, carinho e compreensão mútua. Nunca fomos ciumentos e confiamos um no outro», asseguram. Maria e Manuel assumem que «são muito felizes e não se imaginam um sem o outro». Gostam de estar em casa, de ver televisão e de cuidar do quintal. Só não se vêm a viajar. «Somos mais de ficar em casa», diz ele. Ela prefere evitar os aviões. «Tenho medo, mas gostei de ir a Fátima», conclui. Nos últimos anos, houve «alguns contratempos», um deles, o Manuel, em 2017, esteve muito mal, passou mais de 1 mês no hospital de Braga e quando teve alta, não conseguia andar, «nem se segurava de pé». Teve de recomeçar a aprender a andar, mas com a ajuda da família, de uma fisioterapeuta e do andarilho, em poucos meses ficou a andar bem. Hoje, até anda melhor que a Maria, que sempre teve problemas com as varizes. Os filhos reconhecem que a mãe foi e ainda é, como uma enfermeira para o pai, sempre preocupada com o bem-estar do seu marido, até para tomar os remédios. «Está sempre a lembrar-lhe, já tomaste o remédio?!», dizem. A Maria já tem dificuldades em andar, mas como ainda conduz, «um dos seus hobbies preferidos», senta-se ao volante do seu pequeno e adorável Opel Corsa e lá vão os dois à missa. Caso seja necessário, também vai à Vila sem qualquer problema. Maria admite que gosta de ser independente e, enquanto se sentir capaz, não pretende «deixar a rodinha…». Hoje em dia, com maior ou menor dificuldade, ainda vai fazendo as coisas de casa, e Manuel ajuda no que pode, como «debulhar milho para as galinhas». Quando os dois não têm que fazer, vão para um dos carros, o Opel ou o Citroen Xsara que estão estacionados no terreiro da casa, e ficam no seu interior, «ao quentinho, a apreciar a paisagem, a ler, ou simplesmente, fazer uma sesta». E assim, vão passando os dias… Felizes da vida!

 

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