Uma vez que se está a aproximar aquela época do ano em que são dominados pelos jantares de empresas, grupos de amigos e acima de tudo pela reunião da família na Ceia de Natal. Estes repastos, normalmente são marcados pelos habituais e tradicionais pratos, como o bacalhau, o polvo, o peru ou o cabrito que podem ser regados com diversos estilos de vinhos, desde os mais ligeiros até aos mais complexos e estruturados, passando pelos licorosos e generosos, sem esquecer as aguardentes e os espumantes na festividade seguinte da passagem de ano. No momento da escolha dos vinhos a comprar, devemos ter em conta alguns fatores no planeamento da nossa escolha. Sendo Portugal um pais riquíssimo e diversificado em bons vinhos, sugiro e recomendo a preferência por vinhos portugueses, em especial de pequenos produtores, como forma de incentivo ao comercio local e regional, fomentando assim o crescimento das pequenas e médias empresas e fixação da população no meio rural. No entanto, a escolha pelas grandes superfícies, poderá ser a solução mais prática e cómoda, mas cuidado para não caírem no engodo das grandes promoções, onde normalmente os preços daqueles vinhos caríssimos que agora estão muito mais baratos, muitas das vezes com 70% de desconto, são pura ficção. Desenganem-se, pois na verdade, são vinhos de marca exclusiva ou própria dos supermercados, onde o preço final representa o valor real do vinho, infelizmente para o cliente final, as promoções, normalmente, espelham sempre o real valor do vinho. Uma solução acertada poderá passar pelas lojas da especialidade, onde nas garrafeiras ou lojas gourmet poderá encontrar as exclusividades e os vinhos mais raros, de ímpar qualidade. Normalmente, estas lojas possuem uma seleção mais cuidada, têm por norma alguém conhecedor para o ajudar na escolha e harmonização, sendo assim, para os menos entendidos, uma solução mais fácil, onde poderá surpreender os amigos e a família. No momento da escolha deverá ter em conta as diferentes ocasiões. Pois, se queremos um vinho para beber todos os dias, devemos procurar vinhos simples, fáceis de beber, bons e baratos, que surpreendam pela relação qualidade preço. Para os dias especiais, como o Natal e a passagem de ano deverá optar por vinhos mais complexos, marcantes, intensos e vinificados com as melhores uvas, onde muitas das vezes os preços são mais elevados. No momento de harmonizar vinho com a comida temos de ter em conta a estrutura dos dois elementos, para que prato e vinho não se ofusquem, como exemplo um prato de Polvo ou Bacalhau poderá perfeitamente harmonizar com Vinhos Verdes mais estruturados, complexos e com estágio em madeira como um Alvarinho de Monção e Melgaço. No caso dos pratos de carne, poderá dar preferência a vinhos tintos mais ligeiros e aromáticos para acompanhar o frango recheado ou peru no forno, podendo aqui harmonizar perfeitamente com vinhos da Região da Beira Interior, Ribatejo ou de Trás-os-Montes. No caso de um prato mais forte e de sabor intenso, como o borrego, deverá optar por vinhos tintos, com mais idade, complexos e encorpados, onde a acidez poderá aqui ajudar a limpar o palato da componente mais gordurosa da carne, neste caso sugeria vinhos das Regiões do Douro, Dão e Alentejo. Para as sobremesas, aqui a imaginação não tem limite e fica muito ao gosto pessoal de cada um, no entanto, a abundância de iguarias doces e fortes como os queijos, os vinhos secos podem contrastar perfeitamente, como é o caso dos Espumantes das Regiões dos Vinhos Verdes, Távora-Varosa ou da Bairrada, finalizando a sua refeição com uma boa aguardente velha ou um vinho licoroso. No momento de servir os vinhos e para melhor degustar e apreciar as características é fundamental uma boa escolha do serviço de copos, dando preferência a copos de vidro fino e de pé alto, evitando assim o aquecimento do vinho pelo contacto da mão no corpo do copo. No caso dos brancos deve optar por formas em formato de tulipa e nos tintos o corpo mais bojudo. Não menos importante e para uma correta e melhor apreciação dos néctares, a temperatura de servir é fundamental, aqui recomendo 10-12 graus centígrados no caso dos brancos e um pouco menos nos espumantes (6-8ºC); já nos tintos devem ser servidos entre os 15º e 18ºC e no caso de ser uma reserva ou colheita com mais idade, deve optar pela abertura, cerca de 1 hora antes de servir, para ele oxigenar e crescer dentro do decanter. Tendo em conta todas as anteriores recomendações, de certeza que irá poder desfrutar e apreciar aquilo que os viticultores e enólogos souberam cuidar com muita dedicação, paixão e profissionalismo. Saudações vínicas e votos de um bom Natal.
João Pereira
Enólogo
VALE DOS ARES LIMITED EDITION
Região: DOC Vinho Verde
Sub Região: Monção e Melgaço
Casta(s): Alvarinho
Produtor: MQ Vinhos, Lda
Ano de Colheita: 2017
Preço: Entre 16,0€ e 19,0€
Álcool: 13.5%
Enólogo: Gabriela Albuquerque
Notas de Prova: de aspeto visualmente agradável de cor citrino/palha. Ao nível do aroma, bastante expressivo á casta, com nuances a cítrinos e fruta madura. Ao nível do sabor, está bastante evidente a mineralidade e estilo austero mas muito agradável, com sabor a fermentação em barrica. Marcado pela fruta de laranja e toranja madura avivada por excelente acidez, gordo e untuoso, muito harmonioso no final longo e persistente. Harmonizações: versátil, acompanha bem as entradas como fumeiro e queijo curado, assim como pratos de peixe, marisco ou sushi ou pratos de carne branca (como frango e pato).
QUINTA DO PORTAL RESERVA 2018
Região: DOC Douro
Casta(s): Touriga Nacional Tinta Roriz e Tinta Franca
Produtor: Douro
Ano de Colheita: 2018
Preço: Entre 12€ e 18€
Álcool: 14,5%
Enólogo: Paulo Coutinho
Notas de Prova: visualmente, apresenta uma cor rubi intenso e o a aromas é de fruta preta e madura, bem como elegantes aromas florais em perfeita harmonia com as notas de carvalho. Ao nível do palato manifesta-se denso e harmonioso, com taninos suaves e uma boa acidez, terminando com notas frutadas e tostadas no fim de boca
Harmonizações: Um ótimo vinho para acompanhar pratos fortes, nomeadamente caças e os pratos de carne maturada e queijo.