Opinião

Natal: festa sim, peso a mais NÃO!

O Natal aproxima-se e com ele a reunião da família, as prendas no sapatinho, os serões à volta da mesa e… os quilos extra na balança. No entanto, a receita não tem necessariamente de ser assim! A obesidade é um verdadeiro flagelo nos países desenvolvidos, em particular a obesidade infantil. Convém esclarecer, de uma forma simples, que o peso a mais se revela pelo cálculo da relação entre peso e a altura, resultando daí o índice de massa corporal (IMC = peso em kg/altura2 em centímetros). Excesso de peso é definido como um IMC acima do P85 e obesidade acima do P95, para a idade e sexo. No nosso país, segundo dados da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO), a taxa de excesso de peso infantil é de 29,6%, sendo que 12% destas situações constituem já um quadro de obesidade. Estima-se ainda que tenha havido um aumento médio de peso de 10% em crianças durante o confinamento. A obesidade traz consigo comorbilidades, implica uma má qualidade de vida e uma significativa redução da esperança de vida, logo, mais encargos em saúde, particularmente se instalada em fases precoces da nossa vida. A boa notícia é que podemos reverter a situação, melhor ainda, podemos preveni-la. O alerta nesta fase típica de excessos, em que o resultado é muitas vezes o de agravar a situação do excesso de peso, vem ao encontro da necessidade de explicar às famílias que devemos planear para evitar ingestão descontrolada e desadequada.

Deixamos assim alguns conselhos que servem não só para esta época, mas para todo o ano:

– Nada deve ser proibido, mas devemos incutir nas crianças a ideia de que há determinados alimentos (bolos, sumos, doces) que devem ser consumidos em situações de exceção e não diariamente;

– Explicar o porquê da nossa conduta à criança, a partilha da decisão com a criança dá frutos a médio prazo;

– Integrar diariamente na dieta fruta e vegetais frescos, acompanhar as refeições com água e não sumos, mesmo que naturais;

– Não fazer intervalos muito prolongados entre as refeições. A cada três horas devemos fazer pequenos lanches de volume reduzido. Irá ajudar a reduzir a fome e a quantidade de alimentos no prato na hora das refeições principais;

– Para controlar a ingestão de quantidades excessivas de alimentos devemos mastiga-los lentamente, além de os apreciar melhor, permite fazer uma melhor digestão e ajuda à sensação de saciedade;

– Promova a atividade física em família, passeios a pé, caminhadas ou até mesmo corridas em grupo são sempre boas sugestões, mas até um simples jogo com os mais novos na rua se pode tornar uma forma divertida de gastar algumas das calorias ingeridas ao longo do dia; –

Dê o exemplo! Muitas vezes exigimos que as crianças façam determinadas opções, mas não fazemos o que dizemos, é importante sermos modelo de referência em tudo, até no que comemos! Não esqueça, no prevenir é que está o ganho!

Filipa Neiva

Médica do Serviço de Pediatria do Hospital de Braga

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