Fazem parte desta Sub-região vitícola os concelhos de Baião, Resende e Cinfães, onde a casta Avesso tem o seu “habitat tradicional”. Este território compreendido na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, entre as serras do Marão e do Montemuro é atravessado pelo rio Douro. A nascente é o rio Teixeira que faz a separação da Região Demarcada do Douro, tendo a norte e a poente as sub-regiões de Paiva e do Sousa. Com um clima influenciado pelas serras envolventes, onde os Invernos são mais frios e menos chuvosos, e os meses de Verão mais quentes e secos, associado a solos predominantemente graníticos impõem características edafo-climáticas que permitem o amadurecimento correto das castas de maturação mais tardia, por exemplo o Azal e o Avesso (brancas) e o Amaral (tintas), estas com maiores exigências de calor no final do ciclo.
Nos últimos anos, esta sub-região tem-se afirmado na produção de vinhos brancos de grande notoriedade a partir da casta Avesso. Mas nem sempre foi assim. Os antigos sistemas de condução da vinha e uma vinificação menos cuidada foi, durante muitos anos “mal-amada” e esteve em sério declínio. No entanto, dadas as suas enormes virtudes enológicas, associado a uma nova geração de Viticultores e Enólogos, tem sido possível recuperar clones mais produtivos e com melhor potencial enológico, colocando esta casta com grande notoriedade a par das congéneres Alvarinho, Loureiro, Azal ou Arinto.
A casta Avesso tem conhecido, nos últimos anos, uma enorme expansão para as sub-regiões contíguas, como Amarante, Paiva e Sousa. Produzindo vinhos de cor intensa, palha aberta, com reflexos esverdeados, aroma intenso e misto entre o frutado (laranja e pêssego), o amendoado (frutos secos) e o floral, sendo o caráter frutado dominante, delicado, subtil e complexo. O sabor é frutado, com ligeiro acídulo, fresco, harmonioso, encorpado e persistente. Estas potencialidades de aroma e sabor revelam-se somente alguns meses após a vinificação.
Produz vinhos bem mais sérios e complexos que o padrão regional, volumosos e suaves, mas simultaneamente frutados e frescos e, até, com grande potencial de guarda. Porém, mais do que apenas vinhos monocasta, a Avesso dá-se muito bem quando loteada, mostrando grande crescimento aromático e grande potencial de frescura quando casada com outras variedades regionais, como Arinto, Trajadura ou Loureiro.
Apesar do seu passado histórico ser pouco notório, comparada com outras castas dos Verdes, a espumantização ou o estágio em barricas de madeira, poderá fazer desta casta um caso de sucesso, que poderá ser construído em torno de uma imagem de qualidade, a par de outras “parceiras”, como a Azal que podem perfeitamente ter um futuro promissor.
A casta consegue facilmente, porém, fazer jus ao seu nome, podendo ser “avessa”, dando origem a vinhos e mostos muito sensíveis à oxidação e à perda de acidez. De película fina torna-a sensível a escaldões e acima dos 300 metros tem maior dificuldade em amadurecer.
Todos estes vinhos deste basto território são ideais para acompanhar a deliciosa gastronomia. Há quem diga que Eça de Queiroz se apaixonou tanto pela paisagem desta terra como pelos sabores da sua cozinha tradicional quando escreveu A Cidade e as Serras. Assim, o cozido á portuguesa, o anho assado com arroz de forno, a posta de vitela Arouquesa, o variado fumeiro, o arroz de Aba, as cerejas, as cavacas, os bolos de manteiga e os biscoitos da Teixeira são obrigatórios em dias de festa, casamentos, batizados e aniversários.
João Pereira,
Enólogo
COVELA
Região: DOC Vinho Verde
Sub Região: Baião
Casta(s): Avesso
Produtor: Lima & Smith, Lda – Quinta da Covela
Ano de Colheita: 2019
Preço: Entre 5.0€ e 6.80€
Álcool: 12.5%
Enólogo: Rui Cunha
Notas de Prova: Visualmente agradável de
cor citrina e cristalino, com tons esverdeados. Aromaticamente muito agradável onde sobressaem os aromas citrinos (lima), florais (jasmim) e mineral. Ao nível do palato manifesta-se acídulo e seco, mas elegante, com uma boa mineralidade presente, muito equilibrado.
Harmonizações: versátil, no entanto acompanha bem as saladas frescas, marisco e peixes grelhados.
DOM FERRO RESERVA BRUTO
Região: DOC Vinho Verde
Sub Região: Baião
Casta(s): Avesso
Produtor: Quinta do Ferro
Ano de Colheita: 2017
Preço: Entre 9.50€ e 10.50€
Álcool: 12,5%
Enólogo: não determinado ou desconhecido
Notas de Prova: Apresenta uma cor citrina/ palha e de aroma delicado, mas intenso de subtis notas cítricas. A bolha revela-se fina e persistente. Muito aromático e equilibrado na boca, com acidez bem integrada no conjunto.
Harmonizações: acompanha bem pratos de carne, nomeadamente pratos fortes como anho assado no forno ou leitão, Posta de Carne, assim como: peixes gordos.