Vinhos

Nas encostas do Rio Minho, onde Monção e Melgaço é a origem do alvarinho

É neste território encantado, no Noroeste da Península Ibérica, bem lá no canto norte de Portugal onde ele nasceu e cresceu, mesmo antes de qualquer registo escrito. Estou a falar dos vinhos de Monção e Melgaço, onde a casta Alvarinho teve a sua origem e onde iniciou a sua evolução. Aqui nascem alguns dos melhores vinhos brancos nacionais, vinhos que impressionam os sentidos pela sua qualidade, personalidade e capacidade para evoluir nobremente em garrafa ao longo de muitos anos.

Em Monção e Melgaço, existem mais de dois mil viticultores que tratam de 1700 hectares de vinha ao longo de um ano inteiro, acompanhando a poda, a floração, o nascimento e crescimento dos cachos, controlando e evitando as doenças e pragas, oferecendo às videiras todos os cuidados até chegar a vindima, o tão aguardado momento em que as uvas se transformam em vinho. Muitos destes agricultores são também vinificadores que dão origem a mais de 250 referências de vinhos com a certificação Vinho Verde Monção e Melgaço.

Nesta sub-região, encaixada no vale do rio Minho e seus afluentes (Mouro e Gadanha) é cercado por cordilheiras montanhosas, tendo como única brecha para entrada de ar proveniente do Atlântico, a base do Monte Faro em Valença, que faz deste território único no mundo. Aqui os solos são maioritariamente de origem granítica, existindo em alguns locais faixas de xisto e zonas com calhau rolado. Ao nível do clima apresenta invernos frios com precipitação intermédia, ao passo que os verões são bastante quentes e secos, o que denota uma influência atlântica limitada.

Neste ambiente diferenciador, em terrenos expostos em meia encosta da margem sul do rio Minho, obtém-se produtos carregados de tipicidade, em resultado do saber fazer destas gentes, onde herdaram a vivacidade, a persistência e o orgulho pela sua terra. Aos vinhos de Monção e Melgaço toda a gente lhe reconhece o ar cristalino, de aroma elegante, com notas cítricas misturadas com nuances florais e de frutos tropicais. Quem o conhece profundamente sabe do seu interior: único, com carácter, vivacidade e muito mineral.

Este território é reconhecido por excelência como a origem do Alvarinho e deve ser descoberto. Podendo para isso, desfrutar da ecovia e de algumas ciclovias ou passadiços que levam a muitos dos produtores aderentes da Rota dos Vinhos de Monção e Melgaço que estão sempre de portas abertas para os receber. Neste território marcado pelas fortalezas e suas torres de menagem, não deixe de visitar a Torre de Lapela, mesmo juntinho ao rio Minho e os cascos históricos de Monção e Melgaço e suas muralhas, assim como as áreas termais e de lazer, desfrutando assim das suas potencialidades medicinais.

Quer em Monção no Museu do Alvarinho ou no Solar do Alvarinho em Melgaço pode aprofundar o conhecimento sobre este território e sobre esta casta, assim como uma belíssima degustação dos vinhos, acompanhada pelo verdadeiro repasto de gastronomia local, onde o queijo, o fumeiro e os enchidos nas entradas marcam pontos pela sua tipicidade, mas também pelas fantásticas carnes das raças bovinas: como a cachena, a barrosã e a minhota ou as carnes caprinas e ovinas, onde o “Cordeiro à moda de Monção”, conhecido como a “Foda à Monção” faz parte das “7 Maravilhas à Mesa de Portugal”. Outros pratos típicos abundam nos restaurantes locais, como o Arroz de Lampreia do rio Minho, o Sável e o Salmão, geralmente servidos grelhados ou em caldeirada. Já na doçaria, as Roscas, o Bucho Doce ou as Barriguinhas de Freira fazem o deleite final que devem ser acompanhadas com um fantástico espumante, e finalizado com uma aguardente velha ou uma colheita tardia da casta Alvarinho.

Por terras de grandes heroínas como a Deu la Deu Martins e a Inês Negra, explore a Rota dos Vinhos de Monção e Melgaço, um percurso que o vai conduzir pelos alojamentos, espaços de restauração, comércio, animação e Património Religioso, Cultural e Natural, onde será sempre bem recebido. Não deixe de visitar o Parque Nacional da Peneda-Gerês, as Aldeias históricas de Castro Laboreiro e o seu castelo e as Brandas da Aveleira e de Santo António Vale de Poldros assim como o Palácio da Brejoeira e os Mosteiros de Longos Vales, de Fiães e de Paderne assim como os Conventos dos Capuchos e das Carvalhiças. Independentemente do prato ou do momento, Monção e Melgaço é toda uma experiência de aromas e sabores, feita de vinhos inesquecíveis, vinhos que deixam marca.

João Pereira, 

Enólogo

 

QUINTA DAS PEREIRINHAS SUPERIOR

Região: DOC Vinho Verde
Sub Região: Monção e Melgaço
Casta(s): Alvarinho
Produtor: Quinta das Pereirinhas – Alvarinho de Monção e Melgaço, Lda
Ano de Colheita: 2020
Preço: Entre 7,5€ e 9.50€
Álcool: 12.5%
Enólogo: João Pereira

Notas de Prova: Visualmente agradável, cristalino e de cor citrino/palha aberto. Aromaticamente muito agradável e complexo com nuances florais e frutos tropicais. Ao nível do palato manifesta-se equilibrado, seco e frutado e estruturado, muito complexo e persistente
Harmonizações: versátil, acompanha bem as entradas como fumeiro e queijo curado, assim como pratos de peixe, marisco ou sushi ou pratos de carne branca (como frango e pato).

QUINTA DO REGUEIRO

Região: DOC Vinho Verde
Sub Região: Monção e Melgaço
Casta(s): Alvarinho
Produtor: Quinta do Regueiro – Produtor de Alvarinho, Lda
Ano de Colheita: 2018
Preço: Entre 9.50€ e 13,0€
Álcool: 13,0%
Enólogo: Desconhecido / Não determinado

 

Notas de Prova: Apresenta uma cor palha/ dourado com uma bolha finíssima e persistente. Aromaticamente muito agradável e complexo com nuances florais e frutos de caroço. Ao nível do palato manifesta-se equilibrado, seco com uma mousse agradável, muito complexo, estruturado e persistente.
Harmonizações: Acompanha em perfeita harmonia os queijos curados, presunto e porco preto, assim como peixes gordos assados ou grelhados ou cabrito no forno.

 

 

 

 

 

 

João Pereira,

Enólogo

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