Freguesia do mês

União das Freguesias de Viana do Castelo (Santa Maria Maior e Monserrate) e Meadela

O território da União das Freguesias de Viana do Castelo (Santa Maria Maior e Monserrate) e Meadela funde-se com a própria cidade. É uma das mais importantes áreas do concelho, onde se encontra grande parte do património cultural e arquitetónico e na qual estão instalados negócios e empresas de referência para a dinâmica económica de Viana do Castelo. A União destas três freguesias foi constituída em 2013, fruto de uma reforma administrativa nacional.

Esta União das Freguesias é presidida, desde 2013, por José António Ramos. Com 65 anos e uma larga participação associativa, assume que entrou na política pelo «espírito de missão». A poucos meses de terminar o segundo mandato, não se irá recandidatar e terminará esta ligação à União das Freguesias, por «razões pessoais». «Sempre fui muito apoiado pela minha família ao longo destes últimos anos. Em contrapartida, foi privada de muitas coisas e chegou agora a hora de retribuir-lhes com a minha presença. É a altura certa para estar mais tempo com a minha esposa, filhos e netos», explica à Revista Minha. Para além disso, será o número dois da CDU na lista à Câmara Municipal.

Segundo José António Ramos, o balanço destes 8 anos na gestão da UF de Viana do Castelo (Santa Maria Maior e Monserrate) e Meadela «foi muito positivo». «Sempre tive a preocupação de criar bem estar a toda a população, estar próximo de todos, ouvir as suas preocupações e necessidades, estar atento às prioridades e tentar resolver os problemas e as tarefas inerentes a estes três territórios. Penso que a minha equipa levou a bom porto todo este trabalho e a perceção que tenho é que a população tem reconhecido este nosso desempenho. Portanto, o balanço é extremamente positivo», assinala.

No leque de intervenções efetuadas ao longo destes dois mandatos, José António Ramos faz questão de destacar três obras. «As reabilitações efetuadas no cemitério paroquial e nas instalações da Junta de Freguesia da Meadela e a intervenção em todos os parques infantis das três freguesias. Todas as obras têm grande importância, mas estas foram fundamentais», refere.

A finalizar, o autarca faz questão de lembrar que «Viana apresenta uma grande diversidade de atrações e para todos os gostos». «As pessoas podem deleitar-se com um elevado número de locais, com história, beleza e caraterísticas únicas. Viana sabe receber e proporciona momentos inesquecíveis a quem a visita», concluiu, lamentando, por outro lado, não ter conseguido concretizar dois projetos. «Um era uma promessa do presidente da Câmara mas, infelizmente, não será possível concretizar neste mandato. Diz respeito à rua Ramalho Ortigão, que não tem águas pluviais. É uma artéria importante, onde passa diariamente muita gente e muitos automóveis. Seria uma obra para já estar finalizada e nem sequer está iniciada. Outra, era a reabilitação das instalações do Parque das Salinas em Portuzelo. Faço votos para quem vier consiga concluir estes anseios», termina.

Conheça, de seguida, um pouco mais das características destas três freguesias e tudo aquilo que de melhor tem para oferecer.

Santa Maria Maior

Santa Maria Maior é uma das duas freguesias urbanas tradicionais da remota vila de Viana e cidade de Viana do Castelo, juntamente com a freguesia ocidental de Monserrate. Meadela foi incluída no perímetro urbano só em 1988. 

Ocupa cerca de 2,32 km² com uma população que se situa perto dos 10650 habitantes (Censos 2011). Nesta freguesia estão instalados vários organismos públicos e privados, entre eles a Câmara Municipal, PSP, Bombeiros Voluntários, Centro Hospitalar do Alto Minho, Segurança Social, Estação de Caminhos de Ferro, Instituto de Segurança Social,  escolas e outros prestadores de serviços, para além de um rico património arquitetónico, cultural e religioso. Neste território, podem ser encontrados, por exemplo, o Museu do Traje, a igreja Matriz, o Teatro Sá de Miranda, o Museu de Artes Decorativas ou a Biblioteca Municipal.

De acordo com o historiador, António de Carvalho, «a freguesia de Santa Maria Maior, ao contrário da freguesia de Monserrate, que é mais moderna, apareceu com o nascimento da Vila de Viana no tempo de D. Afonso III, no memorável dia de 18 de Junho de 1258, data em que foi instituído o Foral de Viana, embora sobre a primitiva evocação de S. Salvador. Depois teve o nome de Santa Ana para, finalmente, ficar para a posteridade com a denominação de Santa Maria Maior»

Segundo dados disponibilizados no portal da União das Freguesias, a freguesia atual de Santa Maria Maior corresponde, grosso modo, às antigas “villas agro-piscatórias” de Adro e Crasto. Está delimitada de Monserrate, no sentido norte-sul, pela Rua dos Rubins e Travessa do Salgueiro, incluindo, para norte, a Estância de Santa Luzia, e, para sul, a moderna Avenida dos Combatentes, assim como a velha Praça da República (o centro cívico, antigo Campo do Forno, depois Praça da Rainha), o núcleo antigo medieval (vila municipal com foral de 18 de Junho de 1258 outorgado por D. Afonso III, após a instituição da Paróquia de S. Salvador do Adro), arruamentos quinhentistas e seiscentistas da expansão extramuros (Bandeira, Cândido dos Reis, Mateus Barbosa, Gago Coutinho, etc.), que hoje definem quase toda a “baixa vianense”.

Se a Praça da República é um dos locais mais visitados e um dos principais postais de Viana do Castelo, assim como as vistas proporcionadas desde a Ponte Eiffel manifestam também grande interesse, de facto, é riquíssimo o património com valor histórico-artístico nesta freguesia. Desde a Citânia de Santa Luzia e templo-monumento de Santa Luzia, ao burgo medieval amuralhado, em cujo núcleo despontam lavores de granito ao gosto do gótico, da arte do manuelino, do renascimento e até do Rococó e da proto modernista Art Deco.

Saliente-se, no núcleo medieval, a Sé, a Casa dos Arcos, o Hospital Velho de S. Salvador, a Casa dos Luna, a Casa da Janela Manuelina, a Casa dos Nichos, da expansão urbana “extramuros”, graças à remodelação do sistema defensivo das muralhas com implantação de fortim manuelino na foz do Lima, que possibilitou o incremento do comércio marítimo e fluvial, Viana cresce e monumentaliza-se. Nesta freguesia ressalta o novo centro cívico (Praça) com o seu tríptico monumental: chafariz quinhentista, Casa das Varandas (da Santa Casa da Misericórdia) em estilo maneirista e Antigos Paços do Concelho (gótico tardio). 

Constroem-se inúmeros palácios e palacetes manuelinos (Condes da Carreira, Sá Soutomayor –  Praça, Melo Alvim, entre outros); barrocos (Pimenta da Gama, Soutomayor – Bandeira, entre outros) e ainda templos e palacetes da segunda metade de Setecentos, de grande interesse artístico (Família Malheiro Reymão – estilo Rococó). O antigo Convento de Santo António dos Capuchos e o das Carmelitas Descalças (N. Sra. de Fátima) são exemplos vivos das artes seiscentista e setecentista. Antes, os conventos de S. Bento e de Santa Ana (hoje, Caridade), haviam sido edificados, preservando ainda apontamentos gótico-manuelinos (das primitivas igrejas).

Na talha, no estuque, na azulejaria, nas pedras lavradas e em novos materiais, Santa Maria Maior é um museu desde a pré-nacionalidade aos exemplares da primeira metade do século XX com um toque Arte Nova e Arte Deco já modernista.

Monserrate

Relativamente a Monserrate, está inserida numa área aproximada de 2,07 km² e conta com uma população de cerca de 5000 habitantes (Censos 2011). Está ligada sobretudo aos setores laborais, à indústria naval, à pesca, ao artesanato e ao comércio.

Historicamente, o arcebispo D. Afonso Furtado de Mendonça fundou a paróquia de Nossa Senhora de Monserrate, filial da Colegiada de Santa Maria Maior, em 23 de Janeiro de 1621. A igreja paroquial situava-se no lugar, onde hoje é o Largo 9 de Abril, e fora construída de raiz, fora das muralhas, no ano de 1601.

Nos finais de 1835, o Governador Civil de Viana promoveu a transferência da paróquia para o convento de São Domingos, alegando que a igreja se encontrava já muito deteriorada. Obteve também autorização da Câmara Municipal e do Conselho do Distrito para demolir o templo, ganhando assim, «um excelente campo fronteiro aos Quartéis Militares, para o exercício da tropa». Por portaria de 1836, a 20 de Abril, a sede desta paróquia foi transferida para a igreja do convento de São Domingos, extinto em 1834.

No dia 5 de Julho desse ano, mudou-se a pia batismal para a Igreja de São Domingos e, no dia 10 desse mês, foi levado o resto do recheio, em procissão solene. A demolição da igreja de Monserrate, porém, teve lugar 80 anos depois, em 1916, não obstante a forte corrente de opinião pública, que ao tempo se manifestara.

No que aos valores patrimoniais e atrações turísticas diz respeito, neste território podemos encontrar o Castelo de S. Tiago da Barra, Convento de S. Domingos, Igreja de S. Domingos, Igreja das Ursulinas, Santuário da Senhora da Agonia, Capelas de Santa Catarina, da Senhora das Candeias e de S. Tiago, Palácio dos Tramas, Palácio da Vedoria, Museu Municipal, Museu da Arte Sacra, Monte de Santa Luzia, os antigos estaleiros navais, a Praia Norte, o Campo da Senhora da Agonia e a zona ribeirinha, sempre muito visitada pelos locais e procurada pelos visitantes. Entre as tradições festivas, conta-se a Senhora das Candeias, S. José, Senhora da Agonia e Jornadas Populares.

Meadela

Respetivamente à freguesia da Meadela, abrange uma área de 7,47 km² e alberga perto de 9800 habitantes (Censos 2011). Nasceu em meados do século XII, no âmbito da “reforma gregoriana”. No caso vertente, transformava em sede paroquial uma basílica dedicada ao culto de Santa Cristina, que seria venerada nesta região, particularmente no aro da atual freguesia. Mais recentemente, integrada na cidade, aloca ainda uma parte com características marcadamente rurais, visível na atividade agrícola e em determinadas vias estreitas, sediando também uma das mais bem sucedidas indústrias locais, a de cerâmica tradicional, contando ainda com uma zona industrial e estruturas desportivas municipais.

Entre o património arquitetónico e turístico, destacam-se neste território o moinho “Azenhas de Dom Prior”, as capelas da Senhora da Ajuda, de Nossa Senhora da Consolação, de Santo Amaro e de São Vicente, a Casa do Ameal, a Casa Grande da Meadela, a Igreja Paroquial da Meadela e a Igreja de Santa Cristina, e a Torre de Paredes/Solar dos Bezerras, o edifício da junta de freguesia, que outrora acolheu a antiga escola primária e a ponte sobre a Ribeira de Portuzelo.

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