Há coisas que nascem para ficar e criar história! Este mês, fomos ao Museu do Traje, em Viana do Castelo. Como não associar “traje” a Viana? É impossível! Com pouco mais de 24 anos, este museu tem já um lugar de grande importância na vida de todos os vianenses, e não só. Está instalado num edifício construído entre 1954 e 1958, onde funcionou, até 1996, a delegação do Banco de Portugal. Em 1997, a Câmara Municipal adquiriu o edifício, destinando-o para o Museu. O objetivo era o de glorificar a etnografia vianense – e muito particularmente, o Traje — onde se mostrasse o arrojo e a criatividade das moças da região. Hoje, este museu apresenta dois tipos de exposições: temporárias, no piso 2, e permanentes, nos restantes andares. No piso -1, o do cofre do antigo Banco de Portugal, a “tradição” mantém-se. Podemos ver a exposição de ourivesaria, mais concretamente do ouro.
“Trajar — Memórias no Tempo”
Esta é a exposição permanente ligada ao Traje que podemos encontrar nos pisos 0 e 1. Temos os de festa ou Trajes à Vianesa. Em lã e linho, são considerados de requinte por vários aspetos: saias listradas, aventais e ainda bordados nas camisas. Destacam-se também os de Cerimónia. Usados em casamentos e eventos solenes, principalmente por mordomas, noivas e morgadas. Distinguiam-se dos outros nas matérias de maior ostentação, permitindo diferenciar a classe social de cada pessoa. O traje dizia tudo! No piso 1, há o vestuário ligado ao trabalho que tinha como função principal proteger o corpo dos trabalhadores. Era feito de forma diferente consoante a profissão de cada um. Desde as profissões relacionadas com o mar (pescador, peixeira, saleira ou sargaceiro) até aos trabalhos ligados ao monte. Além destes, temos ainda os trajes de Domingar/Feirar. As roupas eram diferentes neste dia por ser domingo, dia das missas, da feira semanal, das romarias ou até de ir ter com os amigos ou o namorado. Saias feitas de várias combinações de linho, estopa, lã e algodão. Aventais com cós altos e muitas vezes bordados. Coletes de trespasse apertados no peito e ainda um acessório muito comum nos dias de hoje: o lenço na cabeça ou no peito.
“Amadeu Costa – Centenário do Nascimento”
É considerada uma exposição permanente por ser uma homenagem ao “curioso” Amadeu Costa, um dos impulsionadores da criação deste museu e o primeiro a organizar ali uma exposição. Apaixonado pela divulgação dos usos e costumes locais, fez parte da organização das Festas em Honra de Nossa Senhora da Agonia e ajudou a promovê-las durante cerca de trinta anos, como membro da Comissão de Festas. Temos oportunidade de ver peças com valor sentimental deste senhor. Retratam bem quem ele era, a paixão por colecionar peças e trajes, e também o seu amor por Viana. Depois da sua morte, a família fez doação de uma grande coleção que inclui algibeiras, aventais, saias, coletes, casacas, camisas, lenços, calçado, meias, toalhas e trajes de homem e mulher. Estão espalhadas por todo o museu.
“Memórias de um Povo — O Traje Popular Vianense (1925 a 1960)”
A partir do dia 13 de agosto, será esta exposição a ocupar o último piso do museu. Será uma exposição sobre os trajes usados entre os anos 30 e 50, por todas as freguesias do concelho de Viana e, para melhorar, vão ser disponibilizados testemunhos de pessoas daquela época! Os anos passam, mas as memórias ficam. A paixão pelo traje, pelos costumes vianenses e pela história da cidade, mantém-se bem viva.