Braga entrou no catálogo das cidades a visitar na Europa. Altino Bessa, em entrevista à Revista Minha, considera que a cidade tem muita capacidade instalada para poder receber os turistas. O vereador tem a convicção que será das primeiras cidades a retomar a atividade turística, assim que a pandemia deixar. «Esta vitória foi como trazer a taça na Liga dos Campeões», comparou.
Braga foi a única cidade portuguesa nomeada para o Melhor Destino Europeu 2021. O que considera que levou a esta nomeação? A organização tem esta iniciativa desde 2009 e escolhe as cidades através daquilo que são as referências que vão tendo dos viajantes e turistas que estão inscritos na plataforma deles. Através dos sites europeus e internacionais pesquisados fazem uma seleção de 20 cidades europeias. Nós fomos escolhidos em 2019 para essas 20 cidades. Essa nomeação foi o reflexo da procura da curiosidade que Braga tem despertado, principalmente nas pesquisas das redes sociais, sites a nível europeu e internacional. Fruto dessa interação com os viajantes, colocaram Braga nessas vinte cidades. O prémio começou em 2009 e só passado 10 anos é que fomos chamados e isto é o resultado de um trabalho que andamos a fazer. Nós fizemos um plano para o turismo, nós apostamos nele como um produto estratégico para a visibilidade e projeção da cidade. O turismo merecia ter uma atenção especial e um foco do ponto de vista da visibilidade internacional. Nós abrimo-nos ao mundo e fomos à procura do mundo europeu. Com isso começamos a participar em várias iniciativas principalmente as que davam visibilidade à cidade numa estratégia de criar a curiosidade no viajante de que existe uma cidade na qual se pode fazer uma viagem no tempo, uma cidade com passado, presente e futuro. Com essa linha orientadora fomos dando vários passos e fomos trilhando caminho. Nós tivemos um vídeo promocional onde ficamos em primeiro lugar como melhor filme promocional de toda a região do Norte em 2018. Participamos em treze feiras internacionais em países como a Polónia, Bélgica, França, Espanha e Suíça. Temos a consciência que Braga não é uma cidade conhecida por todos os europeus, nem de perto nem de longe, e a nível mundial muito menos. Nós sabemos que há cidades que têm um maior conhecimento por parte do viajante, como é o caso de Lisboa ou Porto. Nós queremos colocarmo-nos nesse patamar. Este trabalho foi desenvolvido com muita interação com o Turismo de Portugal que deu visibilidade e que chega a todo o mundo. Com o Turismo Porto e Norte com quem trabalhamos e com a Associação de Turismo do Porto. Começamos a aparecer em revistas da especialidade por todo o mundo. Aparecemos na revista da TAP que chega a milhões de passageiros. Existem uma série de fatores como os grandes eventos que levaram a que Braga chegasse a esse radar da entidade que gere esta nomeação. Eu designo este prémio como da Liga dos Campeões. Entramos e conseguimos trazer a taça. Isto é a mesma coisa de um clube português entrar numa taça que é muito difícil que é a Liga dos Campeões, chegar à final e ganhar.
De que forma é que esta distinção pode ter impacto no turismo da cidade? Eu considero que vai ter um impacto enorme. Aquilo que nós pretendemos é tornar Braga a cidade da moda europeia. Uma pessoa que gosta de viajar costuma dizer “um dia hei de ir aquela cidade”. Há cidades que se tornam referências, que têm muitos turistas porque fazem parte do catálogo das cidades a visitar. Com esta vitória colocamos Braga nas cidades a visitar para o viajante europeu e mundial. Terá um reflexo de curto e médio prazo muito significativo porque tornará Braga numa das cidades a visitar e da moda europeia. Isso tem um valor inestimável. Se nós tivéssemos de pagar isso para estar na agenda da cidades mundiais a visitar, não tinha preço. Não faço ideia de como é que íamos conseguir isso. Teríamos que gastar milhões para colocar Braga nesse patamar. Isto vai ter um benefício gigante, até porque a própria organização e a forma como divulga, vai trazer um retorno grande para a cidade. Estou convencido que Braga será das primeiras cidades a retomar rapidamente quando houver uma abertura do mercado numa fase mais para frente, onde a pandemia deixe de ter um impacto tão negativo como está a ter atualmente.
A cidade está preparada para receber os turistas? Nós temos muita capacidade instalada. Braga teve um crescimento muito grande de capacidade hoteleira e nos investimentos em novos hotéis. O alojamento local teve também um crescimento muito significativo. A capacidade instalada hoje já atinge as seis mil camas em Braga. Eu lembro que Braga sozinha tem mais camas do que o Douro todo. Há ainda investimentos que estão em carteira e por isso a cidade saberá responder. Isto terá um efeito positivo também para a região. Nós temos aqui cidades à volta que também têm capacidade a nível de alojamento e que também ganharão com isto. Para nós a dinâmica da economia da cidade extravasa quando pensamos numa lógica mais alargada. A cidade saber-se-á adaptar em função daquilo que for a procura. Nós temos empresários que têm visão empresarial e estratégica. Estou convencido que a cidade saberá dar resposta a isto. Sendo certo que nós procuramos um turismo de qualidade que traga uma mais valia para a cidade do ponto de vista económico-financeiro. Esse é o turismo que nos interessa, o que deixa valor acrescentado à economia local.
O que é que Braga pode oferecer de único? Braga tem apostado na forma de saber receber. Eu sempre disse que temos de ser melhores que os outros a receber. Na simpatia, na hospitalidade, na cordialidade, na qualidade dos produtos, quer ao nível do alojamento e da gastronomia. As pessoas muitas vezes são o fator diferenciador. Numa cidade pequena, onde temos uma estratégia de serviço de alta qualidade, isso é importante para nos distinguirmos das outras. Nós estivemos em competição com cidades que têm milhões de habitantes, em que não há uma proximidade tão grande nem personalização do cliente com quem recebe. Aqui conseguimos ter essa proximidade e uma maior intimidade. Essa é a nossa grande vantagem. Nós temos tudo aquilo que as outras cidades têm para oferecer, podemos não ter na mesma quantidade, mas temos especificidades que são próprias, as pessoas, a gastronomia, a forma de receber, o clima, a segurança. Temos o nosso património que é emblemático à nossa dimensão. É muito importante para nós termos património classificado pela UNESCO, com dimensão mundial como é o caso do Santuário do Bom Jesus do Monte. Temos toda a nossa cultura, a religião, a aposta que queremos fazer na natureza. Outras cidades não têm essa oferta para fazer. Se olharmos para Portugal qual é a cidade que tem esta dimensão e projeção, que tem castros, que tem montes e vales, montanha e trios, caminhos pedestres, que tem jardins bem tratados. A reabilitação da cidade foi muito importante, temos ruas e edifícios que foram reabilitados, associados à questão turística, que são belos exemplares. Nós trouxemos filmes e séries para Braga que vão ajudar a dar dimensão. Vamos lançar em breve o virtual tour, que é uma forma das pessoas conhecerem melhor a cidade e criarem essa curiosidade. Só conseguimos sentir o sítio se formos lá. Essa experiência Braga pode oferecer e levantará essa curiosidade.