Nutrição

Alimentação na prevenção das doenças cardiovasculares

As doenças cardiovasculares (DCV) foram consideradas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), segundo dados de 2016, a principal causa de morte, matando cerca de 17.9 milhões de pessoas a nível mundial.

A nível europeu, de acordo com os dados de 2017 das European Cardiovascular Disease Statistics, as DCV surgem como a principal causa de morte prematura em indivíduos com idade inferior a 65 anos, associando-se paralelamente a uma elevada morbilidade, com custos económicos associados estimados em 210 biliões de euros anuais.

Em Portugal, as DCV continuam a ser as principais responsáveis pela mortalidade e morbilidade, embora tenha vindo a ocorrer um decréscimo na percentagem de óbitos entre 1988 e 2015.

Existem vários tipos de DCV, sendo as mais preocupantes as doenças que afetam as artérias coronárias e do cérebro. Quase todas são provocadas por aterosclerose, isto é, pelo depósito de placas de gordura e cálcio no interior das artérias que dificultam a circulação sanguínea nos órgãos podendo mesmo chegar a impedi-la. Quando a aterosclerose aparece nas artérias coronárias, pode causar sintomas e doenças como a angina de peito ou provocar um enfarte do miocárdio. Atingindo as artérias do cérebro, pode originar, alterações de memória, tonturas ou causar um acidente vascular cerebral (AVC).

Os fatores de risco para as DCV dividem-se em duas categorias: fatores de risco modificáveis e fatores de risco não modificáveis.

Fatores de risco modificáveis: Dislipidemias; Diabetes mellitus; Excesso de peso/obesidade; Tabagismo; Consumo excessivo de álcool; Sedentarismo; Stress.

Fatores de risco não modificáveis: Idade; Sexo; Genética (história familiar de DCV).

A prevenção é a melhor arma no combate às DCV. O controlo dos fatores de risco através da adoção precoce e continuada de um estilo de vida que englobe uma alimentação saudável, aliada à prática de atividade física, é indispensável para não agravar o número de casos, tendo em conta o aumento da esperança média de vida da população.

Uma alimentação variada, equilibrada e adequada às necessidades individuais, é fundamental na prevenção das DCV. Como tal, atenda às seguintes recomendações:

Nunca se esqueça do pequeno-almoço. Leite ou iogurte, pão ou cereais com baixo teor de açúcar, e uma peça de fruta, constituem uma refeição saudável;

Faça várias refeições por dia. Merendar a meio da manhã e da tarde ajuda-o a controlar o apetite e a evitar os “grandes” almoços e jantares;

Aumente o consumo diário de hortaliças e legumes. Podem ser frescos ou congelados, crus ou cozinhados, nunca esquecendo a sopa;

• Os cereais e derivados (pão, arroz, massas, feijão,…) são fundamentais numa alimentação equilibrada. Prefira sempre os “mais escuros” (menos refinados) e consuma-os em todas as refeições;

Coma, mais frequentemente, peixe e carnes brancas (aves sem pele, coelho) em substituição das carnes vermelhas. Evite os produtos de charcutaria e outros derivados da carne pois são muitos ricos em sal e gordura;

• Use leite e derivados magros ou meio gordos. Evite as natas e os queijos gordos;

Coma 2 a 3 peças de fruta por dia, evitando ingeri-la isoladamente; 

• Consuma gorduras com moderação. Para temperar e cozinhar prefira o azeite. Evite os fritos;

Reduza o consumo de açúcar. Bolos e doces, prefira os caseiros, mas só em dias de festa. Reduza o açúcar que adiciona às bebidas ou substitua-o por adoçante;

Restrinja a quantidade de sal quando cozinha e não use o saleiro à mesa. Tempere os alimentos com ervas aromáticas (salsa, coentros, orégãos, tomilho…) e/ou especiarias (cravinho, noz-moscada, cominhos, açafrão…;

Beba água 1.5 a 2l /dia com ou sem sede. Bebidas alcoólicas prefira o vinho, até 1-2 copos/dia, só ao almoço e jantar, se não for desaconselhado o consumo. 

No dia 29 de setembro, desde o ano 2000, celebra-se o Dia Mundial do Coração, aproveite a data para efetuar um rastreio e prevenir as DCV. Procure o seu médico e, se precisar, um nutricionista, que o ajudarão a modificar os seus hábitos alimentares e a ter uma vida mais saudável.

 

Elisabete Araújo
Nutricionista do Hospital de Braga

 

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