Efeméride

A Lenda de D. Sebastião, O Desejado

Batalha de Alcácer-Quibir 440 anos

A Batalha de Alcácer-Quibir completa 440 anos este mês. No dia 4 de agosto de 1578, D. Sebastião liderou as tropas portuguesas no norte de Marrocos, disposto a aliviar a pressão dos mouros sobre as fortalezas portuguesas. Por causa da inexperiência do jovem rei, os portugueses sofreram grandes baixas, incluindo a do próprio monarca que, apesar de ter os seus restos mortais enterrados no Mosteiro dos Jerónimos, ainda permanece no imaginário popular como o “Rei Adormecido”, que regressará numa manhã de nevoeiro para livrar Portugal de todo o mal.

Mas porque se tornou D. Sebastião numa lenda? Inúmeros fatores, alguns anteriores ao seu nascimento, influenciaram esta ideia. Vamos voltar atrás no tempo e conhecer a história deste mito?

O Desejado
Primeiro, vamos até ao período pós-expansão marítima. Portugal estava em crise, já que se gastava muito para manter as colónias sob controlo. Ao mesmo tempo, o reino de Castela, sob o reinado de Carlos V, ambicionava criar um Império Cristão Universal. Tendo Portugal já feito parte do reino de Castela, o povo português passou a viver sob a ameaça de uma possível nova anexação do seu país. Somando isto à dificuldade de D. João em conceber um herdeiro, por causa da sua frágil saúde, o nascimento de D. Sebastião, no dia do próprio santo, fez com que os portugueses vislumbrassem o “Milagre de Ourique”. O regresso de D. Sebastião era visto como o primeiro passo de uma profecia há muito esperada. O reinício da expansão marítima só fortaleceu a crença de que D. Sebastião foi um enviado de Deus.

O Encoberto
O nome forte, próprio de um mártir e símbolo da luta cristã, ajudou a que o monarca permanecesse no imaginário do povo como um herói, já que o rei pereceu após uma tentativa de reconquistar territórios portugueses. O seu desaparecimento transformou-o no “Encoberto”, envolvendo-o ainda mais em misticismo. Segundo historiadores, o Rei sucumbiu diante do seu exército, sem o abandonar, apesar da desvantagem numérica.

O Regresso do Rei
Após o seu desaparecimento sem deixar herdeiros, iniciou-se uma delicada crise sucessória no país, abrindo espaço para Filipe II de Espanha governar. Portugal entra em luto mas, pouco tempo depois, este sentimento é transformado em esperança do reaparecimento do rei. A lenda persistiu, pois o seu corpo não havia sido encontrado, o que abriu um precedente para inúmeros burlões se apresentarem como D. Sebastião. Filipe II, disposto a encerrar de uma vez por todas este regresso miraculoso, apresentou um conjunto de restos mortais como sendo o “Encoberto”. Apesar disso, o povo português jamais deixou de levar no coração a esperança do retorno do Rei e a falta de provas quanto às ossadas pertencerem ao monarca só alimentou o mito do “Sebastianismo”.

D. Sebastião em Itália?
Para aqueles que acreditam que o rei sobreviveu a Alcácer-Quibir, D. Sebastião saiu da batalha acompanhado por Sebastião Figueira, que confirmou o facto e ainda acrescentou que o monarca reapareceu no ano de 1598 em Itália, onde foi mais tarde preso, com a cumplicidade dos espanhóis. O próprio Figueira na altura reconheceu-o em Veneza, na pessoa do Cavaleiro da Cruz, ou como “Dom Sebastião de Veneza”.

A Medalha de Ouro
Outro indício de que o rei português sobreviveu foi a descoberta de uma medalha de ouro com a inscrição “Sebastianus Primus Portugaliae Rex” num túmulo da capela de S. Sebastião no Convento dos Agostinhos de Limoges, onde estava sepultado um rei português com o mesmo nome.

Dados Infográficos

• D. Sebastião (1554-1578), o Desejado, reinou entre 1557 e 1578.

• D. João, pai de D. Sebastião, teve outros filhos, mas todos morreram precocemente.

• D. Sebastião foi criado pela avó, D. Catarina, pois o pai faleceu 18 dias antes do seu nascimento e a mãe, D. Joana de Áustria, abandonou-o quatro meses depois, de acordo com o contrato de casamento, teve de regressar a Castela após a morte do marido.

• O príncipe herdou as características dos Habsburgo: loiro, pálido, de olhos azuis e com um maxilar próprio da família.

• O Desejado ascendeu ao trono com apenas três anos, tendo como regente a avó, mas a mesma foi acusada de colaborar com a Corte espanhola, acabando por pedir a demissão do cargo, em 1562.

• D. Sebastião foi ainda referido como afável, jovial, compassivo, corajoso, justo e amigo dos pobres, mas tinha os seus momentos de cólera.

• O monarca evitava as grandes cidades, preferindo o silêncio e tranquilidade do campo. Como passatempos, gostava de jogos de cartas e xadrez.

• Tendo um tio-avô como cardeal, era natural que D. Sebastião tivesse uma educação bastante religiosa e, como tal, detestava cerimónias na corte, considerando-as “manifestações de soberba e pecado”.

• Quando começou a governar, o jovem monarca manteve os estudos em segundo plano, preferindo dedicar-se aos desportos, como a caça de voltaria e de monte.

• O corpo do rei português terá sido mostrado aos sobreviventes portugueses, mas a descrença popular neste facto tornou o monarca uma lenda.

       

1 Comentário

  • Joao

    Então o Sebastião veio do lado masculino do Habsbourgos ? E qual é o sobrenome da casa de Habsbourg que também criou a casa da Austria por Rodulfos I da Habsbourg?

    “Carolus V Philip.I. Filius. Philippus I. Maximilian I. Filius. Ferdinad, Mariam, Philippe II, Johannam IV de Portugal”

    Isto tirei da casa de Habsbourg, portanto quando o Sebastião morreu em Fez, o reino de Portugal passou para Espanha.

    A casa de Habsbourg, entra em Portugal com Joannem IV, só.

    Maxaemylianus I, filius huicnepotes CAROLVS V, : FERDINANDVS, nofiri MAXHEiMYLIANI pater fùccefsit: qui fupca rioreanno, RODOLPHVM filium i – decimum à Rodolpho Habsburgenfi (qui faftigium dignitatis Caefarea. pria j mus in hanc familiam attulit) fé viuo s elígí Imperatorem, fingularí hauddubíë i Dei conflituentis & transferentis Imeperia, confilio & beneficio erga Geramaniam exímío, curauít.

    Se diz que vem de Habsbourg, faculte me se faz favor registo em latim. Obrigado

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