Vidas

José Miguel Braga

José Miguel Braga nasceu a 18 de Agosto de 1957, em Braga. Ator e professor, por ele já passaram centenas (milhares?) de alunos ao longo de cerca de quarenta anos de docência.

Considera-se um tímido, mas sente-se bem quando está a ensinar ou a atuar, tanto que a timidez desaparece. Em criança gostava de contar histórias ou fazer imitações em contexto familiar, mas nada “de sério”. O contacto mais formal com o Teatro surge tardiamente, apenas com a entrada na Universidade do Minho. Durante a juventude, ainda no antigo regime, fez parte da Juventude Escolar Católica.

Na altura havia medo de reunir, medo de falar, medo de dizer o que na alma ia. José Miguel Braga diz que esse medo foi, ao mesmo tempo, uma rampa de lançamento, uma forma de encorajamento e desinstalação. Em 1978 foi um dos responsáveis pela criação do primeiro teatro universitário em Braga, o TUBRA. Foi a “fazer” que aprendeu a ser ator, com as dificuldades, erros e experiências. Nos anos 80 ajudou a criar o Teatro Independente Pronto, mais dedicado à descentralização e a levar a arte a zonas mais rurais.

Partiu depois para França como leitor de português, onde fez também alguns estudos de Teatro, aprimorando a representação. Regressado a Braga, por volta no ano 2000, cria com amigos a Associação Cultural PIFH, “Produções Ilimitadas Fora d’Horas”, onde se mantém até hoje. Levam a palco pelo menos uma peça por ano, por altura do Mimarte, mas ensaiam com regularidade e tentam responder a todas as solicitações que lhes são feitas (e não são poucas!). José Miguel Braga trabalha ainda com o grupo de Teatro de S. João Bosco, um dos mais antigos do nosso concelho. Leciona também na Universidade do Minho, como professor convidado, e na Escola Secundária Alberto Sampaio, no curso de Interpretação.

Como é que um tímido consegue estar presente em tantos palcos comunicacionais? O ator é peremptório: o teatro desassossega, questiona, obriga a “fazer” e a vencer os medos. Pelo caminho, José Miguel Braga lê e escreve muito. Autores favoritos são os que vai saboreando a cada tempo: neste momento repousa na mesa de cabeceira o “Auto de Fé”, de Elias Canetti. Com 62 anos continua a ser um eterno estudante: quanto mais sabe, menos sabe e mais quer saber.

O teatro desassossega, questiona, obriga a “fazer” e a vencer os medos.

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