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Vidas

1 Ano de Minha: Tão nossa, mas tão sua

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Um ano passou desde a nossa primeira edição. Muitas aventuras, peripécias, histórias vividas e contadas por nós, sempre a pensar em si. Nesta edição apresentamos algumas das pessoas que tornam este sonho possível a cada mês: são colaboradores da revista Minha e nesta edição são eles os protagonistas. Parabéns a todos e obrigada!

 

Sofia Franco

Sofia Franco tem 37 anos, é formada em Direito e quando era “pequenina” queria ser advogada ou juíza. Apaixonada pela escrita – que considera um processo muito pessoal e introspetivo – desde há muito, só começou a mostrar o que escrevia a outras pessoas já na Universidade, quando se sentiu mais confiante. Hoje em dia, se fosse a escolher, talvez tivesse optado por um curso de Comunicação Social ou Marketing. Na revista Minha é responsável por escrever sobre maternidade e crianças. Não é ao acaso esta responsabilidade: tem três meninas e uma quarta a caminho! Casada há 11 anos, diz que nessa altura era uma “miúda” com muito medo da maternidade, mas o desejo do marido em ser pai cedo fez com que, quatro anos depois de terem dado o nó, nascesse a primeira filha.

“A experiência no papel de mãe fez-me redefinir enquanto pessoa e houve de imediato uma alteração nas prioridades, pensamos logo em ter outro filho e por isso dois anos depois nasceu a Clara. A Alice foi uma lufada de ar fresco  e estou a adorar esta nova gravidez. Nem acredito que vou ser mãe de quatro meninas. Será, sem dúvida, o maior desafio da minha vida”, diz.

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Sofia e o marido são felizes com a família numerosa que constituíram, mas esta mãe admite que não é fácil e que há ainda muitos obstáculos a ultrapassar. Afirma que a única opção viável para uma mãe que queira manter uma “vida profissional satisfatória” reside nas creches e colégios. O problema? Existem poucas instituições públicas e as vagas escasseiam.

“As creches privadas são caras e representam na verdade  um peso muito grande no orçamento familiar, principalmente das famílias numerosas, mas acaba muitas vezes por ser a única opção. A conciliação entre a vida profissional e a familiar também é uma das maiores dificuldades que sinto, existe ainda um preconceito para com as mulheres que são mães de muitos filhos e acabam por perder oportunidades porque não são consideradas como válidas para determinados cargos”, diz, com tristeza, referindo ainda a falta de compreensão de muitas entidades patronais para com as ausências dos funcionários devido a reuniões da escola ou atividades dos filhos como festas de Natal.

Isabel – a Sofia acabou por nos dizer, depois de alguma indecisão – juntar-se-á em breve às manas Leonor, Clara e Alice, quadruplicando assim o trabalho, mas também a aprendizagem constante dos pais. Sofia explica que é assim a maternidade, com altos e baixos, momentos bons e menos bons… mas muito gratificante.

“Sou cada vez mais apaixonada pelas minhas filhas, por aquilo que são capazes de fazer e pelas suas pequenas personalidades. Não é sempre fácil até porque são todas diferentes, e muitas vezes o que resulta com uma, não resulta com a outra. Revejo-me em cada uma delas e revejo também características do meu marido, o que me faz estar mais alerta em termos emocionais para as suas necessidades. Acho que aqui ajuda muito ser mulher e ter noção da sensibilidade feminina. Este é um ponto em que  os homens ainda precisam de estar mais atentos”, diz.

“A minha colaboração com a revista Minha é em todas as crónicas uma lufada de ar fresco, gosto muito deste género de escrita e é um exercício para a minha criatividade. Fico muito contente por ter esta oportunidade e colaborar com a Minha, que já é a minha revista de eleição!”

A nossa especialista em maternidade não tem a vida facilitada, mas ainda consegue ter tempo para si. O segredo, diz, está na organização e na entreajuda do casal. Não consegue fazer tudo aquilo que gostaria, mas vai tendo tempo para jantar com as amigas, para escrever e para “não fazer nada” também. 

“É muito importante que apesar dos filhos mantenhamos uma relação saudável com o nosso companheiro e não nos esqueçamos de nós. Uma ida ao cabeleireiro, um workshop interessante, um jantar, um cinema, ou até mesmo um fim de semana fora, permite-nos respirar e recuperar forças para a rotina semanal e a quantidade de tarefas que os filhos nos exigem. O meu bem estar depende muito destas atividades extra-familiares e deste pequeno tempo para mim”, explica.

Sofia é a colaboradora mais distante de nós em termos geográficos. Descobrimo-la através do seu blogue “Not Just 4 Moms”, que construiu para dar voz a todas as mulheres, mostrando aquilo que realmente são, das dificuldades aos sucessos.

“Quis ultrapassar um pouco aquela ideia de que a vida de uma blogger ou influencer é perfeita e mostrar mais do que a fotografia perfeita. Falar dos defeitos, mas sublinhar as vitórias. Assumir a nossa capacidade para sermos tantas coisas numa só. Acabei por me focar mais na área da maternidade porque naturalmente é o que me dá mais assunto diário e o trabalho no blogue tem de ser constante e real, e esta sou eu, a Sofia real que é mulher , profissional e mãe. Tudo o que escrevo é com base no que sinto”, diz. 

Sofia tem uma data de projetos na manga que incluem um romance e um livro infantil. Escrever mais e levar o blogue “a um nível superior”, fazendo com que cada vez mais mulheres se identifiquem com ele são outros objetivos. Entretanto continua a aproveitar os seus poucos bocadinhos livres para seguir uma boa série televisiva, viajar, ler e escrever. 

Daniela Guimarães

Daniela Guimarães tem 28 anos e é advogada. Não vive sem chocolate, na bolsa tem sempre um livro e adora viajar. Também não dispensa um bom filme e a companhia do Spy, o “cãopanheiro” que tantas vezes a acompanha em boas tardes de leitura. Todos os meses Daniela sugere na revista Minha um livro aos nossos leitores. O gosto pela leitura não é de agora, mas já teve várias fases. Os livros infantis, por exemplo, nunca fizeram parte das suas preferências.

“Ainda hoje acho que tenho um trauma com esses livros. Não me perguntem porquê, mas não gosto. Quando estava no meu 6.º ano li «A Lua de Joana», um livro já com um cunho muito sério que me apresentou um mundo literário diferente. Esse livro começou a espoletar em mim a vontade de ler mais e comecei a procurar outro tipo de conteúdo”, explica.

Por alguma razão que já não recorda, voltou a fazer uma pausa na leitura e, já com 16 anos, descobriu outra literatura capaz de fazer novo “clique”. Apesar de hoje já não se identificar com estas obras, na altura – em que se dava a transição para a vida mais adulta, com maior interesse pelos “romances e namoricos” – perdeu-se de amores por autores como Nicholas Sparks e Nora Roberts.

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“Foi incrível! Comecei por aí e lembro-me de, no primeiro ano da Universidade, nas minhas primeiras férias entre o primeiro e o segundo semestre, devorar tudo o que havia de Ken Follet. Nessa fase pegava num livro e não conseguia parar, lia noite dentro, se fosse preciso! Claro que quando somos estudantes e estamos de férias isto é espetacular, mas depois começaram os testes, as frequências… A dificuldade e exigência do curso começaram a apertar e parei de ler completamente, ficando-me apenas pelos livros técnicos e relacionados com a minha área”, diz.

Há cerca de dois anos, um momento pessoal mais delicado fez da leitura uma importante fonte de terapia e uma ajuda para ultrapassar determinados obstáculos. Aquilo que (re)começou por ser um escape, hoje é o que sabemos: anda sempre com um livro na mala, adora ler, não é invulgar vê-la numa esplanada de livro na mão. 

“A leitura é uma fonte de aprendizagem, mas também de terapia, de escape. Acho que faz muito bem à mente. Além de a estimular do ponto de vista intelectual e cognitivo, acho que também faz muito bem do ponto de vista emocional. É bom para criarmos empatia, conhecer outras situações, pormo-nos na pele do outro, uma coisa que hoje acho que nos falta muito. É curioso como de uma «Lua de Joana» passei para Nicholas Sparks e deste para clássicos”, ri.

Em julho de 2018, sobretudo por pressão de amigos, Daniela criou o blogue “Porta 70”. Inicialmente tinha a ideia de falar de literatura e cinema, mas com o tempo foi-se apercebendo que, apesar das idas regulares ao cinema, nos últimos tempos a literatura ocupava muito mais o seu tempo do que a sétima arte. Assim, e de forma a alimentar constantemente a página, optou por falar apenas de livros. Surgiu depois, em setembro, a página do Instagram, quando também já tinha conhecido um novo encanto: a fotografia. Quase com dois mil seguidores, a página tem crescido cada vez mais e foi o “empurrão” final para outro projeto com que Daniela sonhava: um clube de leitura.

“Colaborar com a revista Minha é uma oportunidade de trabalhar num projeto que acho que Braga estava a precisar, muito honestamente. Um projeto onde claramente se vê que as pessoas que trabalham nele acreditam nele e isso é muito enriquecedor. Percebe-se que a revista é feita com uma dedicação incrível. Precisamos de mais projetos como a Minha cá em Braga, projetos que unam as pessoas à cultura de forma gratuita, uma coisa que eu acho incrível. Poder escrever e falar de livros, poder contribuir, ainda que minimamente, para que a cultura chegue mais depressa às pessoas é só fantástico. Não tenho mesmo palavras para descrever e espero colaborar com a Minha mais vinte anos!” 

 “Estou super feliz com a minha página, nunca pensei que fosse crescer tanto. Achei sempre que seria difícil porque os livros aqui em Portugal são vistos como uma coisa muito elitista. O Instagram mostrou-me que não. Apesar de ser pequena a parcela dos portugueses a ler, há pessoas de várias faixas etárias, vários estilos de vida e isso é giro, acaba por juntar ali muitas pessoas diferentes”, diz.

O Clube de Leitura “Porta 70”, fundado por Daniela, reúne uma vez por mês em Braga – não há local fixo – e junta pessoas de diferentes áreas com um amor em comum: os livros. Todos os meses, um membro do clube escolhe um título para leitura e discussão no encontro seguinte. O clube foi formado em março de 2019 e já se debruçou sobre William Faulkner, Eka Kurniawan, Javier Marías e Thomas Hardy. Daniela está feliz com o clube por não ser pautado por uma “intelectualidade elitista de que ninguém gosta”: pelo contrário, há muita cumplicidade, alguma galhofa e todos os membros têm liberdade para dizer o que lhes vai na alma. Para participar é fácil: só tem de contactar a Daniela através das redes sociais. 

Se não gosta de ler, é porque ainda não encontrou o livro certo, diz Daniela. Murakami, Eça de Queirós, Saramago, James Baldwin, Vargas Llosa, Garcia Marquez e Dumas estão entre os seus autores favoritos. Mas não são estes que a nossa jovem advogada sugere a quem está a começar a ler.

“Para começar, não aconselho clássicos nem literatura mais densa. É muito giro dizermos que lemos Camus ou Proust, mas para quem está a começar… não faça isso, por favor! Aconselho mesmo – e não tenham vergonha de o fazer – a lerem best sellers. Nora Roberts, Nicholas Sparks, Ken Follet, policiais nórdicos, thrillers… aquilo que é mais vendido! São livros que se leem bem e, por isso, acabam por estimular a leitura”, explica.

Daniela também considera que não nos devemos deixar influenciar pelas grandes críticas e que uma das grandes razões que levou a literatura a afastar-se da população em geral tem a ver com “os ditos eruditos”, capazes de pegar num livro que ninguém percebe e classificá-lo como a maior obra de arte. Cada um dever ler o que quiser, sem ter vergonha daquilo que lê: é esse o segredo para se gostar de literatura.

A jovem advogada nunca equacionou seguir nada relacionado com a literatura, sempre soube o que queria ser. Recentemente tem ponderado vir a ter uma editora, ou uma livraria no futuro… Mas sempre em paralelo com a advocacia, porque a verdade é que “infelizmente o mundo dos livros não dá dinheiro a ninguém”.

Ana Pereira

Ana Pereira tem 24 anos e é cabeleireira e maquilhadora. Nos tempos livres gosta de viajar, ir ao ginásio e ouvir música. Com 13 anos já dava uma mãozinha à mãe no salão de cabeleireiro – o talento tem uma quota parte de hereditariedade – e já desejava seguir as pisadas maternas. Nunca equacionou outra profissão, nasceu para isto! Assim que teve idade, começou as primeiras formações e não mais parou. Ainda hoje anda sempre à procura de cursos que a atualizem em novas técnicas e que melhorem as suas competências. Dentro da área não consegue distinguir o que mais gosta, mas o sorriso é imediato quando lhe perguntamos porque gosta tanto daquilo que faz.

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“Não consigo mesmo dizer de que gosto mais, é impossível decidir. Unhas, mãos, pés, cabelo, pele, maquilhagem, gosto de tudo! Adoro o que faço sobretudo quando vejo as pessoas olharem para o espelho maravilhadas”, diz.

Se lhe perguntassem há dois anos qual era o seu sonho, Ana diria que era entrar no mundo das noivas: fazer parte do dia delas, maquilhá-las, penteá-las, acompanhar e fazer parte de todo o processo que envolve beleza. Hoje já cumpriu o sonho: para o próximo ano já tem quinze marcações de noivas na agenda e provavelmente terá mais (marcar com antecedência é o segredo).

“Colaborar com a revista Minha é excelente. Disse logo que sim quando me convidaram, até porque adoro dar conselhos de beleza a toda a gente, tenho sempre uma dica para dar. Na revista posso fazer isso, o que é óptimo! É uma revista que devia ser muito mais reconhecida do que aquilo que é, acho que nem toda a gente dá o devido valor ao tipo de artigo que temos e espero que isso mude em breve.”

Não é raro vê-la sair de casa de madrugada com um malão de maquilhagem e apetrechos vários como secador, prancha e outros que tais. Ana desloca-se ao domicílio das clientes, muitas vezes fora de Braga. Quando termina o trabalho com as noivas não vai para casa descansar: regressa ao salão e retoma o trabalho. Os seus dias de trabalho têm mais horas do que “o normal”, mas Ana nunca se queixa e tem sempre um sorriso no rosto: é por amor aquilo que faz. Mesmo nos dias mais complicados, “porque os dias não são todos iguais e também há dias difíceis, depende muito das clientes”.

Ana já ministrou workshops de auto-maquilhagem e as vagas esgotaram no espaço de poucas horas. Diz quem a conhece que é metódica, organizada e muito humilde. De agenda preenchida, espera poder continuar a fazer aquilo que gosta por muitos anos.

José Ferreira

José Ferreira tem 51 anos e alma de viajante. Nasceu no Canadá, com 14 anos mudou-se para Portugal, mais precisamente para a Figueira da Foz. Quando ingressou na Universidade foi para os Açores, S. Miguel, e hoje reside em Braga.

Licenciou-se em História e tinha como objetivo dar aulas em S. Miguel para depois regressar ao Continente, onde na altura era relativamente fácil a colocação de professores na sua área. Estava há poucos dias de férias quando recebeu um telefonema do Diretor de Informação da RDP Açores a convidá-lo para fazer informação na Antena 1 Açores. 

“Na altura eu fazia rádio, mas sempre fiz animação e nunca informação. Não percebia porque me tinham escolhido! Foi mesmo uma surpresa, mas convenceram-me dizendo que sabiam que me tinha licenciado em História e queriam que eu fosse aos sítios e contasse depois a história daquilo que tinha visto aos ouvintes. A informação era aquilo, achei um piadão e aceitei o desafio”, recorda.

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A partir dali fez um intervalo na História propriamente dita, abraçou o jornalismo e esteve cinco anos na RDP Açores. Regressou ao continente, não lhe deram a transferência para a RDP Porto, aquilo que José desejava, mas entrou na Rádio Renascença. Ao mesmo tempo abriram-se as portas do Diário do Minho, onde continuou a fazer informação. 

Entretanto foi criado o suplemento do Património, ficando por ele responsáveis outros dois colegas. Depois da saída de um deles, José Ferreira assumiu o seu lugar. Mais tarde, e depois de uma reformulação que o afastou desta responsabilidade por um ano, ficaria o único responsável pelo suplemento. José considera que o “Património” foi uma ajuda preciosa para a constituição de inventários em muitas igrejas, dado que muitas delas desconheciam aquilo que possuíam. Precisamente por essa razão, a certa altura o suplemento foi desafiado a olhar para o território da Arquidiocese de Braga e não do distrito. “Tem sido uma caminhada fantástica”, diz.

Voltando à paixão pela rádio: começou no 12.º ano, na Figueira, na época das rádios piratas. Deu os primeiros passos na Rádio Clube Foz do Mondego, que existe ainda hoje. Na altura, nas férias da Páscoa, a Rádio desafiou todos os estudantes das escolas secundárias a fazerem um programa de rádio. Uma espécie de concurso que levaria o projeto vencedor a integrar a grelha durante o resto do ano e que José Ferreira e um amigo venceram.

“Eu fazia rádio sem ninguém lá em casa saber, os meus pais queriam que me concentrasse nos estudos. Fazia o programa durante a tarde, depois das aulas, por isso os meus pais não davam por ela. Há um dia em que estou ao pé da Igreja Matriz com o meu pai e há um amigo dele que nos diz que eu tinha muita piada na rádio… Fiquei para morrer, super atrapalhado!”, ri.

“A minha função na revista é diferente da que tenho no jornal. Aqui já não é tanto informar, como faço no suplemento «Património», é mais sugerir. É fazer com que as pessoas, em vez de passarem um fim de semana no sofá, peguem no carro e vão conhecer uma coisa diferente. É levá-las, por exemplo, a Caminha, ver a igreja de Santa Rita, porque a revista lhes diz que é bonita e vale a pena, mas levá-las também a parar para comer uma «telha» porque a Minha diz que há ali um sítio onde elas são muito boas. Gostava que as pessoas confiassem no que eu transmito, não se vão arrepender. Vão ver coisas excecionais, muitas vezes únicas, e vão passear, divertir-se.”

José acabou o 12.º, foi para a Universidade dos Açores e um processo muito semelhante ao concurso anterior aconteceu: uma rádio disponibilizava uma hora semanal à Associação Académica e José e outro colega lançam-se à aventura com um projeto de nome “Guisado Académico”. Uma brincadeira que acabou por se tornar muito séria, dado que o programa esteve três anos no ar e por onde toda a gente relacionada com a Universidade passou, desde o Reitor à senhora que fazia limpezas.

“Tenho recordações desse tempo verdadeiramente excecionais, fabulosas, porque toda a gente nos achava piada. O programa não era nada comercial, era uma abertura da Universidade à comunidade e tínhamos um auditório muito vasto. Um dia dizem-nos que todos os programas em determinada data teriam que ser emitidos a partir de um supermercado. Tivemos que nos desenrascar e fizemos duas horas de emissão só com passatempos, alguns que envolviam pôr os clientes à procura de ingredientes para fazer um guisado…”, sorri. Ainda hoje, quando vai a S. Miguel – como aconteceu há dias – falam-lhe do “Guisado Académico” e é certo que, um dia que se faça a história da telefonia sem fios dos Açores, o programa dela vai constar.

José explica que ninguém os levava a mal, tudo era motivo de riso, mesmo quando fizeram greve à publicidade durante um dia. Admite que hoje em dia existe censura, mas uma bem diferente daquela que Portugal experimentou com um lápis azul: uma censura que não se esconde, que aparece de forma não tão declarada, mas que leva quem escreve a pensar duas vezes com medo de represálias.

“De qualquer forma há sempre espaço para fazer coisas divertidas. Há que saber dizer as coisas. Se as soubermos dizer e fomos inteligentes na forma como dizemos as coisas, se as dissermos com criatividade, o ofendido até se vai rir”, diz.

Juliana Gomes

Juliana Gomes tem 30 anos e uma vida cheia de histórias para contar. Licenciou-se em Ciências da Educação na Universidade de Coimbra, tirou o Mestrado em Psicologia da Família no Porto e fez uma Pós-Graduação em Neuroeducação pelo Instituto de Psicologia de Lisboa… mas sempre a pensar em música. Em 2016 inscreveu-se no Conservatório do Porto – terminou a sua formação no ano passado com distinção – e até agora é na música que tem apostado.

“É uma arte, é a minha identidade, é o que me faz feliz, sem dúvida. Até pode não dar em nada, mas é a minha última instância, quero cantar até ao fim”, diz, com os olhos a brilhar.

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Juliana sempre ouviu muita música e canta desde pequenina. Antes de entrar no Conservatório era auto-didata, aprendeu tudo o que se relaciona com a música – até a tocar piano! – com muito esforço e dedicação. Nesse ano participou no programa “Got Talent”, onde chegou a ser semifinalista. 

“As coisas que me disseram lá fizeram todo o sentido, foram muito importantes para mim. O Got Talent deixou-me uma marca profunda, vai deixar para sempre. Eu já tinha a ideia do Conservatório, mas o programa acabou por influenciar definitivamente a minha decisão”, explica.

A “Juli” vai lançar em breve uma nova música, intitulada “És o meu Ar” e promete não desistir de cantar, apesar de admitir que em Portugal é difícil vingar no ramo. Mas não só de música vive esta artista: Juliana, que compõe as suas melodias, é a autora do conto “Mais de 365 dias de Amor por ti” na revista Minha.

“No início pensei que não ia ser possível, que a revista Minha não ia querer nada comigo. Agradeço de coração a oportunidade, porque realmente é única, uma oportunidade para também eu crescer e ser fidedigna àquilo que escrevo. Ser colaboradora da Minha é tornar os sonhos possíveis, acho! Alguma coisa muda sempre que tenho a revista Minha na mão, é uma sensação única, uma emoção muito grande.”

“A escrita entrou na minha vida mais tarde. Comecei a escrever numa fase menos bonita da minha vida, em que precisava de expressar a dor de outra forma. Ao escrever, acabava por apaziguar, diminuir. Escrever é catártico”, diz. A dor já ficou lá atrás, até porque neste momento Juliana escreve sobretudo sobre amor, que diz “mover o mundo e desarrumar tudo por onde passa”. É uma romântica incurável, assume.

No dia 7 de dezembro, “Juli” lançou o seu mais recente livro no Teatro Póvoa de Lanhoso. Chama-se “Que entusiasmação!” e é inspirado na menina que a Juliana era: uma borboleta que ultrapassou as quatro paredes em que se fechava e voou. É um livro para todos os que têm um sonho! Neste momento já pode pedi-lo no balcão das livrarias habituais, ou através das redes sociais da Juliana.

 

 

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