TXT: José Carlos Ferreira
A Primavera chega com o mês de março e com ela dias menos agrestes e mais temperados que convidam a um passeio maior e, de preferência, em família já que este é também o mês em se celebra, a 19 de março, o Dia do Pai. Por isso, a proposta deste mês é uma ida até ao Alto Minho, mais concretamente, até à vila de Monção, onde não faltam atrativos para momentos bem passados. E, para conhecer bem este território, não há melhor que começar a visita com uma deslocação até ao mais recente museu do concelho, o Monção & Memórias. Situado na rua da Independência, no centro da vila, este espaço museológico foi inaugurado no âmbito das comemorações do 25 de Abril. A arqueóloga do município monçanense sublinha que este espaço é o resultado do trabalho contínuo de recolha de informação ao longo de vários anos. «É um projeto que foi sendo amadurecido ao longo dos tempos e que, graças a algumas candidaturas, foi possível, desde logo, fazer a recuperação do edifício, a antiga Casa dos Almadas», afirma Odete Barra. O edifício escolhido para instalar o Museu Monção & Memórias está na rua da Independência, no centro da vila de Monção. Os monçanenses conhecem esta casa por Edifício Souto d’El Rei ou Casa dos Almadas, sendo uma construção do século XVII. Na sua fachada exterior ostenta um brasão com as armas de quatro famílias, nomeadamente os Souto, os Almada, os Pereira e os Lobato. Aqui, explica a arqueóloga da Câmara de Monção, trabalhou-se para a concretização de um somar de ideias, para que este museu «não fosse simplesmente o debitar, o contar a história de Monção». «Quisemos que fosse o relato, uma espécie de um percurso por esta história e pelas estórias», acrescentou. A grande missão que o Museu Monção & Memórias decidiu abraçar desde a primeira hora é transmitir ao público que o visita a forma como esta vila do Alto Minho tem crescido ao longo dos séculos, e como as comunidades se adaptaram, e continuam a adaptar, a este território do distrito de Viana do Castelo, marcado pela dicotomia da serra e do rio. A arqueóloga da Câmara de Monção salienta que o Museu Monção & Memórias tem como grande mensagem mostrar que esta dupla realidade nunca foi inibidora de desenvolvimento neste território, mas sim potenciadora de crescimento, porque as pessoas que aqui viveram sempre souberam tirar proveito tanto da serra como do rio. «A determinado momento da nossa história, se o Homem se foi centrar mais junto ao rio pela escassez de recursos, pela necessidade de recoleta dos re – cursos onde eles existiam, passou numa segunda fase, por exemplo, a fixar-se em pontos mais altos, de melhor defesa e visibilidade. Isto, até chegarmos a um ponto em que o Homem vai adaptar o meio a si. O que tentamos mostrar é, exatamente, esses vários momentos de adaptação ou da natureza ou do Homem neste espaço, desde a Pré-História Antiga até aos nossos dias.
E quando dizemos até aos nossos dias, estamos a falar até ao século XX», explica Odete Barra. Assim, sublinha ainda a arqueóloga, este museu promove «a divulgação e interpretação da história, estórias e memórias dos homens e mulheres que moldaram esta terra, tal como a conhecemos nos dias de hoje». «Pretende, assim, através da exposição permanente, a promoção de visitas ao património cultural mate – rial e imaterial de Monção, o envolvimento e sensi – bilização da comunidade para a importância da sua história, tradição e lendas, sempre num esforço contínuo de preservação e dinamização dos bens culturais», acrescenta. Questionada sobre se foi muito difícil encontrar os materiais e testemunhos que dão corpo ao museu e que contam esta história do território, a arqueóloga afirma que a verdadeira dificuldade foi encontrar a melhor forma de mostrar este espólio. «Não temos muitos objetos expostos no museu. Mas, os poucos que temos contam histórias e, quem nos visita vai ouvir a pessoa que está a guiar a visita nesse espaço a contar algumas destas histórias, ou então pode ler essas histórias nos painéis que nós temos. Isso vai permitir que as pessoas façam uma viagem no tempo», salienta.