Roteiros

ROTEIROS PELO PATRIMÓNIO (VIEIRA DO MINHO)

O mês de maio remete-nos de imediato para o mês de Maria, para o mês das mães, uma temática muito presente no património em Portugal e, em particular na nossa região do Minho.

Na verdade, desde sempre, o carinho e o amor por Maria tem expressão, seja como orago da uma paróquia, seja pela imaginária, seja ainda pelos vários santuários que lhe foram sendo erguidos e dedicados ao longo dos séculos.

Por isso, este mês, o Roteiro pelo Património convida a uma visita a um destes vários santuários marianos existentes no distrito de Braga. A nossa bússola orienta-se, em Maio, para a freguesia de Pinheiro, no concelho de Vieira do Minho, para visitar o Santuário de Nossa Senhora da Orada.

Situado no sopé da Serra da Cabreira, este santuário e a devoção aqui existente à Senhora da Orada existe seguramente há mais de 300 anos. Basta olhar para os primeiros estatutos da Irmandade da Senhora da Orada, datados de 1683, para o percebermos.

Segundo os investigadores, o culto à Senhora da Orada terá vindo, provavelmente, de França com os cavaleiros, como o Conde D. Henrique de Borgonha, pai de D. Afonso Henriques. Estes cavaleiros trouxeram para o território «não só a devoção a Nossa Senhora, mas também alguns dos títulos sobre os quais invocavam a Virgem Maria, entre eles o título da Senhora da Orada», defende Artur Gonçalves. No entanto, o grande impulsionador da devoção à Senhora da Orada foi D. Nuno Álvares Pereira.

Na freguesia de Pinheiro, por falta de documentação que o ateste, permanece incerta a data ou o ano em que o culto à Senhora da Orada terá começado, sabendo-se apenas que os primeiros estatutos da irmandade datam de 1683. Para o povo da freguesia, esta incerteza é colmatada com duas lendas.

Uma delas conta a história de uma jovem surda-muda que, de um dia para outro começou a crescer-lhe a barriga, tudo fazendo crer que estava grávida. Como não era casada, a jovem foi fortemente condenada pela comunidade e pelos pais que não hesitaram em castigá-la severamente.

A jovem, que por ser muda não se podia defender, foi expulsa de casa dos seus pais e levada para um bosque fora da povoação, onde se situa hoje o santuário da Senhora da Orada.

«Neste degredo e perante o desespero, a jovem suplicava noite e dia pela proteção divina. No meio desta angustiante súplica de oração apareceu-lhe Nossa Senhora que mandou a jovem procurar um recipiente e um pouco de leite e se debruçasse sobre ele. Nesse instante saiu pela boca uma enorme cobra, que tinha sido ingerida pequenina quando a jovem bebeu água num riacho», relata Artur Gonçalves.

Para a jovem, e depois para a comunidade, isto foi considerado um milagre. A rapariga foi perdoada e regressou para casa. Querendo saber como poderia agradecer tal benesse, Nossa Senhora voltou a aparecer à jovem surda-muda e pediu-lhe que lhe construíssem uma capela onde tinha acontecido o milagre.

O Santuário de Nossa Senhora da Orada, situado na freguesia de Pinheiro, no sopé da serra da Cabreira, é um templo Mariano amplo e em bom estado de conservação, rodeado pela natureza, que convida à oração e à contemplação.

Ao longo dos vários anos da sua existência, esta capela tem sido sujeita a algumas transformações, sempre com o intuito de melhorar as condições do espaço de culto.

No interior salientam-se o retábulo do altar-mor, do sé- culo XVIII, e os dois altares laterais, um deles dedicado a Nossa Senhora de Fátima e o outro dedicado à Senhora da Guadalupe.

A festa de Nossa Senhora da Orada, que se realiza sempre no terceiro domingo do mês de Junho, é o momento por excelência para os peregrinos cumprirem as suas promessas e pedirem proteção à advogada da cabeça. Por isso, o gesto mais característico é colocar a pequena imagem da Senhora da Orada sobre a cabeça, como sinal de proteção. Por outro lado, há quem também cumpra as suas promessas entregando no santuário ex-votos, como objetos em cera, quadros pintados, fotografias ou peças em ouro. Na casa das recordações da Orada de Pinheiro predominam, sobretudo, cabeças de cera oferecidas à Senhora da Orada por ela ser advogada da cabeça. Também há quem ofereça telhas à Senhora da Orada.

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