No mercado imobiliário desde 2006, Nelson Pereira é atualmente um dos profissionais mais respeitados na região Minho, liderando uma equipa própria de agentes, que tem alcançado resultados de excelência e inúmeros prémios e distinções. Em entrevista à Revista Minha, revela que 2024 foi «o melhor ano de sempre» e compartilha a sua trajetória, marcada por conquistas e uma conexão genuína com os seus colaboradores e clientes.
Iniciou o seu trajeto no mercado imobiliário em 2006. O que o motivou a entrar neste setor? Entrei para o setor numa altura em que andava à procura de trabalho, depois de ter terminado o meu percurso escolar, tinha 20 anos e o mercado imobiliário era para mim desconhecido. Depois de entrar, comecei a perceber a dinâmica e ganhei gosto pela profissão, contudo, o que mais me motivou foi lidar com pessoas e poder ajudá-las a concretizar os objetivos no que toca ao mercado imobiliário.
Em 2013, tornou-se Diretor Comercial, liderando várias equipas e agentes. Qual considera ser o segredo para gerir uma equipa de forma eficaz e motivada? Não existem segredos. Liderei sempre pelo exemplo e a principal preocupação era o bem-estar e o sucesso de cada colaborador, tanto a nível profissional como pessoal.
Com mais de 1700 imóveis transacionados, qual foi o negócio que mais o marcou até hoje e porquê Todos foram importantes, cada um com a sua história! Contudo, os mais marcantes foram sempre aqueles onde conseguimos concretizar ajudar os nossos clientes a encontrar a casa dos seus sonhos e muitos deles a sua primeira casa. Esses, sem dúvida, foram os mais marcantes.
Como descreve a evolução do mercado imobiliário em Portugal e, particularmente, na região Minho, desde que iniciou a sua carreira? Quais as principais mudanças que observou? Houve ao longo dos anos uma mudança no mercado imobiliário, principalmente nos últimos sete anos. A entrada no país de clientes estrangeiros, de forma acentuada em Braga tal como se verificou nas grandes cidades, originou um aumento da procura que levou a uma escassez na oferta de imóveis, tanto no mercado de venda como no mercado de arrendamento. Provocou também um aumento dos preços das casas, acentuado pela falta de construção nova entre 2008 e 2016 no período da crise financeira. O perfil de clientes até então era maioritariamente português, e alguns emigrantes que compravam para habitação secundária ou para colocar no mercado de arrendamento. Nos últimos anos, o perfil de compradores mudou, clientes de várias nacionalidades passaram a comprar e arrendar casa, verificando-se também a entrada no mercado de vários investidores que adquiriram imóveis para revenda ou para colocar no mercado de arrendamento. Na região do Minho a pressão imobiliária nos centros urbanos fez com que as zonas mais rurais beneficiassem com um aumento da procura, aumentando a aquisição de casas para turismo rural, e quem não consegue comprar nas grandes cidades passou a ir para fora dos centros urbanos. Por outro lado, essas zonas também passaram a ser procuradas por estrangeiros que privilegiam a tranquilidade e a segurança.
Qual considera ser o segredo para o sucesso no mercado imobiliário, especialmente num setor tão competitivo? Quem quer ter sucesso no mercado não basta ter uma formação sobre como fazer mediação imobiliária, é necessária dedicação a tempo inteiro, acompanhar sempre as mudanças do mercado e as tendências, e colocar sempre o cliente acima de tudo sem estar a pensar em interesses próprios. O mais importante é trabalhar com ética, transparência, profissionalismo e gostar muito daquilo que se faz.
Representa a Remax, uma referência no setor imobiliário. Como é que a marca tem contribuído para o seu sucesso pessoal e profissional? Estou na marca líder do setor imobiliário, e a minha marca pessoal está ligada a uma empresa dinâmica, inovadora, direcionada para um serviço de excelência ao cliente. A Remax tem estado ao longo dos anos sempre em constante evolução, criando ferramentas que são muito importantes para a nossa equipa prestar um serviço diferenciado aos nossos clientes e, dessa forma, destacarmo-nos no mercado.
Como é que a tecnologia e as redes sociais têm impactado o mercado imobiliário e a forma como promove os seus imóveis? A tecnologia é muito importante e trouxe ao mercado novas dinâmicas. O cliente tem acesso a informação em tempo real o que era impensável há uns anos, fazendo com que os negócios aconteçam com mais rapidez e ao mesmo tempo os agentes e as agências conseguem divulgar o seu produto de uma forma mais rápida e com isso chegando a mais pessoas. Essa transformação ecoa no setor imobiliário onde os processos de compra e venda de imóveis, tradicionalmente burocráticos, são cada vez mais simplificados. Ferramentas digitais permitem que consultores ofereçam um atendimento mais rápido e, claro, melhorando a segurança e a experiência do cliente.
Qual a sua opinião sobre a importância que a Inteligência Artificial pode ter neste setor? É indiscutível que a inteligência artificial está a revolucionar a maior parte dos mercados e a impactar todos, o imobiliário não é exceção. Contudo, é essencial compreender que a mediação imobiliária se fundamenta no contacto humano, na empatia e na construção de relações de confiança com os clientes. Por mais avançada que seja, a IA nunca substituirá o valor inestimável das interações pessoais, que são a essência de um atendimento genuíno e de um relacionamento duradouro no universo imobiliário. Hoje, já existe IA nas plataformas, sites e ferramentas diárias do consultor imobiliário, onde as mesmas são orientadas para uma melhoria de experiência profissional para o cliente. Parece-me vanguardista ter um assistente virtual, mas até essa já é uma realidade nos dias de hoje. Ainda assim, para já, usamos inteligência artificial de uma forma diferente. Em termos de estratégia de marketing, por exemplo, agendamos as nossas publicações de redes sociais, recebemos o seu feedback de forma a adaptar o conteúdo aos nossos seguidores, na edição de imagem e home staging e até em alguma ideia descritiva no imóvel. É, sem dúvida, uma mudança no modus Operandi do mercado imobiliário, onde a nossa equipa tem estado atenta e a por em pratica essas novas ferramentas.
«O mercado imobiliário será sempre um setor com boa rentabilidade e que vai valorizando ao longo dos anos»
Tendo em vista a realidade atual, há mais oportunidades ou desafios neste mercado? O mercado atual traz grandes desafios, contudo continuam a haver grandes oportunidades de negócio e o mercado imobiliário será sempre um setor com boa rentabilidade e que vai valorizando ao longo dos anos.
Que tendências acredita que moldarão o futuro do mercado imobiliário nos próximos anos? A prioridade para imóveis com espaços mais amplos e bem ventilados, maior busca por espaços adequados para trabalho remoto e com áreas verdes. Maior interesse em imóveis com infraestrutura tecnológica avançada, como automação residencial, e a sustentabilidade vão estar presentes nas novas construções. O mercado de arrendamento em alta, investimento estrangeiro e descentralização de novos centros de desenvolvimento.
Como falou atrás, o turismo e o mercado internacional têm tido grande influência no imobiliário português. Como vê este fenómeno? O impacto do turismo e do mercado internacional no setor imobiliário português tem sido profundo, moldando tanto a oferta como a procura nos últimos anos. Este fenómeno reflete várias dinâmicas interligadas: desde logo o Crescimento do Turismo e Alojamento Local; depois, a Atratividade para Investidores Estrangeiros. E Portugal tornou-se um destino atrativo para investidores internacionais devido a fatores como: os Vistos Gold, que incentivaram a compra de imóveis por cidadãos não europeus em troca de residência; o programa “Non-Habitual Residents” (NHR), que oferece benefícios fiscais a estrangeiros que se mudam para o país; e a Imagem de Portugal como um destino seguro, com boa qualidade de vida, clima agradável e custo de vida relativamente acessível, apesar da inflação recente. relativamente ao Aumento dos Preços Imobiliários, a combinação de maior procura turística e investimento estrangeiro tem levado a uma forte valorização dos preços imobiliários, especialmente em áreas urbanas e costeiras. Este aumento beneficiou proprietários e investidores, mas criou desafios de acessibilidade habitacional para os portugueses, sobretudo as classes média e baixa. Na Transformação Urbana, os investimentos internacionais têm impulsionado projetos de reabilitação urbana, melhorando infraestruturas e revitalizando bairros históricos. No entanto, isso também promoveu fenómenos como a gentrificação, que desloca residentes locais para áreas periféricas. Os Impactos Económicos e Sociais, embora o fenómeno tenha dinamizado a economia, gerado emprego e atraído receitas significativas, também levanta preocupações ao nível da Desigualdade, onde a acessibilidade à habitação tornou-se um tema central no debate público; ao nível da Sustentabilidade do Turismo, onde em algumas zonas, há sinais de saturação turística, que pode prejudicar a qualidade de vida dos residentes.
O que considera ser mais importante na relação com os seus clientes? Honestidade, acima de tudo, transparência e não pensar apenas no retorno financeiro, mas sim em servir bem o cliente. É importante perceber as necessidades dos clientes e a partir daí procurar soluções que vão ao encontro daquilo que os clientes procuram.
Há diferenças entre trabalhar com compradores nacionais e internacionais? Como gere essas dinâmicas? Sim, há diferenças significativas entre trabalhar com compra- dores nacionais e internacionais, que podem afetar a forma como as dinâmicas são geridas. No que toca a clientes estrangeiros têm a ver com as diferenças culturais, o relacionamento de confiança, as questões legais e regulamentares são alguns pontos muito importantes na gestão dessas dinâmicas. Na equipa temos elementos conhecedores que falam fluentemente algumas línguas, e conhecem por dentro algumas dessas culturas que facilita a criação de uma relação de confiança. Por outro lado, também damos apoio jurídico a esses clientes de forma a ultrapassar algumas burocracias. Manter uma comunicação clara e frequente, respeitando fusos horários e formas preferenciais de interação. Ao invés, com os clientes nacionais a comunicação é mais direta, e é provável que partilhem valores, linguagem e padrões culturais semelhantes, facilitando a comunicação e a estabelecer relações de confiança mais rapidamente. A proximidade geográfica facilita visitas e reuniões presenciais, fortalecendo as relações. Embora os compradores nacionais sejam geralmente mais fáceis de gerir devido à familiaridade com o ambiente, os internacionais representam uma oportunidade de expansão e crescimento, mas exigem um planeamento cuidadoso e adaptabilidade. Para gerir ambas as dinâmicas, é essencial manter flexibilidade, proatividade e uma abordagem personalizada para cada cliente.
«Neste mercado, é fundamental existir honestidade e transparência e não pensar apenas no retorno financeiro, mas sim em servir bem o cliente»
Dada a conjuntura atual, que conselhos daria a alguém que procura adquirir o primeiro imóvel? Primeiro, fazer uma análise financeira e ter uma pré aprovação, e definir o valor que pretende investir. É importante para quem está a pensar comprar casa pela primeira vez perceber qual a prestação a pagar no final do mês e se está confortável em pagá-la. Por outro lado, tendo essa parte ultrapassada é começar a procurar casa e não estar na expectativa que os preços vão baixar, as previsões nos próximos anos são para que os preços continuem a subir, embora de forma mais lenta.
Liderar uma equipa de sucesso exige um conjunto de competências específicas. Como é que define o seu estilo de liderança? Felizmente, trabalho com pessoas que partilham dos mesmos valores que eu e têm uma forma de estar no mercado e na vida idênticas à minha. Os elementos que estão cá e os que possam vir a ter, acima de tudo, têm de ter ética profissional, honestidade, transparência, depois há competências e conhecimentos sobre o mercado que vão adquirir através de formações e, no dia a dia, com o trabalhador em equipa. O meu estilo de liderança é ser participativo diariamente, agregador, estar sempre à procura de atingir novos objetivos, estimular o grupo e a principal preocupação é o sucesso e a evolução de cada um deles. Como costumo dizer, o sucesso deles é também o meu.
O que o motiva diariamente a continuar a investir na sua carreira e no desenvolvimento de outros agentes? A minha motivação tem a ver, acima de tudo, com o reconhecimento que tenho da parte dos meus clientes e dos colegas de profissão. Sou um apaixonado pela profissão e procuro todos os dias ser melhor que no dia anterior, se nos acomodarmos vamos ficar para trás, e este setor exige inovação, proatividade e temos de estar constantemente a investir na nossa formação.
Se pudesse resumir a sua visão sobre o mercado imobiliário numa frase, qual seria? Oportunidade de investir com rentabilidade segura e a longo prazo.
Com uma trajetória tão sólida, como mantém a motivação e a paixão pelo que faz? Como referi anteriormente, gosto do que faço e, ao longo destes anos, já fiz negócios com várias gerações dentro da mesma família, com o mesmo cliente a trocar de casa 3 ou 4 vezes ao longo dos anos e isso é gratificante. Esta profissão não tem dias iguais, todos são diferentes e é isso que torna tão interessante, motivador e desafiante o nosso dia a dia.
«Em 2024, consolidamos a liderança em Braga pelo quarto ano consecutivo e estivemos nas quatro melhores equipas da zona norte. Fomos também premiados a nível internacional. Desde 2006 até agora já tivemos intervenção em mais de 1700 transações»
Para quem está a começar agora no mercado imobiliário, que conselhos considera essenciais para construir uma carreira de sucesso? Muita dedicação, trabalhar com transparência com os clientes, respeitar os colegas de profissão e investir constantemente na sua formação enquanto consultor imobiliário, só assim se consegue construir uma carreira sólida e duradoura. Outro conselho importante é não pensar só no cliente uma vez, mas sim a longo prazo.
Quais são os seus objetivos para os próximos anos, a nível profissional? Em 2025 pretendemos reforçar a nossa presença e parceria junto de diversos investidores e promotores imobiliários com quem temos estreitado relações comerciais. São clientes evidentemente exigentes, mas sabemos que eles podem acrescentar muito saber fazer. Um investidor sabe ganhar dinheiro e nós somos o apoio que ele precisa para fazer uma precificação ajustada e para estabelecer um perfil de oferta que se coadune com o que mercado procura. Tem corrido bem e pretendemos reforçar esse tipo de trabalho. Depois, os objetivos para os próximos anos passam por continuar a melhorar os nossos ser- viços aos clientes, assente no crescimento da equipa ao nível dos recursos humanos, e apostando na formação contínua dos mesmos para estarmos melhor preparados para os desafios que aí vêm na mediação imobiliária. O ano de 2024 foi para nós o melhor ano de sempre, com um aumento de 34% em relação ao ano anterior. Consolidamos a liderança em Braga pelo quarto ano consecutivo, estando também nas quatro melhores equipas da zona norte. Fomos também premiados a nível internacional na convenção mundial em Las Vegas Recendo com o prémio carreira Hall Of Fame e o prémio Chairman.