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«A UM é um agente essencial de transformação e desenvolvimento da região e do país, com ação fortemente internacionalizada»

A Universidade do Minho assinala o seu Cinquentenário e, em entrevista à Revista Minha, o reitor Rui Vieira de Castro aborda o passado, o presente e o futuro da instituição e o seu papel na transmissão de saber e no trabalho desenvolvido em prol da investigação e empregabilidade.

 

Como descreveria a trajetória da universidade ao longo destas 5 décadas?

Provavelmente, não serei a pessoa mais indicada para fazer a caracterização/avaliação desse percurso. Gostaria que fosse um exercício feito pela comunidade da Universidade do Minho, por aquelas pessoas que ao longo destes 50 anos foram passando aqui pela instituição e por aquelas múltiplas entidades e pessoas que, ao longo de todo este tempo, têm colaborado de forma muito estreita com a Universidade. Esses, sim, serão aqueles que melhor poderão ajuizar aquilo que a Universidade tem sido capaz de fazer. Contudo, recordo que esta universidade e as chamadas universidades novas foram criadas com um objectivo muito particular: contribuírem para uma transformação da sociedade e da economia do país, ajudando a promover o desenvolvimento. Se nós olharmos para aquilo que tem sido a ação da universidade com este quadro de leitura, dificilmente não podemos reconhecer o sucesso que tem sido o projeto da UM, porque, de facto, a instituição, ao longo dessas cinco décadas, foi capaz de transformar a vida de muitas pessoas e o contexto em que atua, fundamentalmente, na nossa região. Deu contributos importantes para a mudança e transformação do país, e à escala global, no alargamento das fronteiras do conhecimento humano. O projeto da Universidade tem sido, efectivamente, um êxito que substancialmente é devido às pessoas que o foram interpretando, década após década. Este sucesso responsabiliza-nos e confirmada esta bondade da ideia original, deve prosseguir este caminho.

Quais é que foram, no seu entender, os marcos mais significativos neste percurso?

É uma pergunta difícil, porque a universidade assume um papel de excelência em três eixos de atuação: na educação, sobretudo, superior; na investigação, num conjunto muito diversificado de áreas de intervenção; e na interação com a sociedade e na busca de um impacto direto sobre a sociedade. E falar de marcos num contexto tão complexo como este não deixa de ser desafiante. Pensando no domínio da educação superior, a Universidade do Minho procurou, desde o início, ao nível da sua oferta educativa, explorar novas áreas emergentes não só a nível nacional, mas também no contexto internacional, que não estavam exploradas por outras instituições no nosso país, como são exemplo a formação de professores, que era uma exigência no Portugal dos anos 70, quando se debatia com um crescimento muito acelerado da procura ao nível da educação básica e secundária e com a ausência de recursos humanos necessários para responder a essa procura. E aí a Universidade, na sua génese, identificou e apostou nesta área, replicando aquilo que era o modelo tradicional da formação de professor, criando de raiz cursos orientados para a formação de professores com um novo modelo que supunha a integração de várias áreas de saber e uma articulação muito forte com as escolas básicas e as escolas secundárias. Por outro lado, a universidade apostou também em tecnologias de informação e de comunicação, perspectivadas pelas engenharias, uma área onde a Universidade do Minho foi pioneira na exploração de novas possibilidades de formação, naquilo que hoje chamamos Engenharia Informática e Sistemas de Informação. A terceira área diz respeito às Relações Internacionais, um domínio que não tinha expressão na formação de nível superior em Portugal, mas que a UM identificou como uma área na qual devia apostar. Portanto, esta ideia de cursos novos em áreas emergentes e não exploradas no nosso país, tem permanecido ao longo do tempo. Este olhar diferenciado para a educação superior, visto também como uma marca identificativa da instituição, é visível numa grande interação entre as nossas várias unidades orgânicas, as nossas escolas e os nossos institutos. Depois, no domínio da investigação, a Universidade do Minho tem um percurso muito interessante, com uma progressiva melhoria ou incremento daquilo que são os resultados da atividade científica que levamos a cabo. A forma como nos organizamos, sobretudo na perspectiva da construção de relações internacionais fortes que sustentam a nossa própria atividade de investigação é um marco, igualmente, importante.

«A nossa investigação é fortissimamente internacionalizada»

Considera que o compromisso com a qualidade da investigação é um dos pilares máximos apresentados pela Universidade Minho?

Hoje, quando olhamos para aquilo que é o resultado da atividade da UM, é distintiva esta interpretação entre aquilo que fazem os nossos investigadores e aquilo que fazem investigadores noutros centros, designadamente, europeus ou norte-americanos, de desenvolvimento de atividade científica. A nossa investigação é fortissimamente internacionalizada. Quando verificamos que mais de 50 % daquilo que são os produtos da nossa atividade de investigação resultam de colaboração com investigadores e centros estrangeiros, temos aí também um excelente resultado do modo como nos vamos posicionando. Não quero dizer que não precisamos fazer melhor, porque temos que fazer.

Por outro lado, como é que a universidade se envolve com a comunidade local e o tecido empresarial?

Recordo que a Universidade do Minho teve um papel absolutamente determinante nos anos 70 no processo que ficou conhecido como o salvamento da Bracara Augusta. Braga conheceu nessa altura uma enorme expansão urbanística resultando num confronto com aquilo que eram vestígios da mais variada natureza sobre as origens romanas de Braga. E aí a Universidade teve um papel fundamental na preservação desse património arqueológico. E deu, por essa via, contributos que hoje são reconhecidamente inestimáveis para a preservação desse mesmo património. Outro princípio que a universidade tem registado refere-se a potenciais parceiros em projetos de desenvolvimento. Se eu quiser identificar em Portugal um projeto que seja marcante no que diz respeito às relações entre uma instituição universitária e entidades empresariais, não tenho qualquer dúvida que o melhor exemplo que temos no país é o da parceria entre a UMinho e a Bosch, que vem sendo desenvolvida há mais de dez anos. É uma parceria estável no tempo, que tem contribuído desde logo para a criação de riqueza no país, mas também para a criação de emprego altamente qualificado, de emprego científico e que tem estado na base também de produção científica muito importante da Universidade. É uma marca e um marco da atividade da instituição ao longo destes 50 anos.

«A UM tem que procurar transformar continuamente a sua oferta educativa»

Como é que está a procura, atualmente, pela Universidade do Minho?

Em Portugal, tem havido, nos últimos anos, consistentemente, um aumento da procura do ensino superior. E, naturalmente, a Universidade do Minho tem acompanhado esse facto e tem contribuído para ele. E como o fazemos? Alargando sucessivamente o número de vagas que coloca à disposição dos potenciais interessados em frequentar a universidade. Estamos, neste momento, com 21.000 estudantes, e destes, cerca de 55 por cento são estudantes de licenciatura. Os outros são estudantes de mestrado ou de doutoramento. Há uma procura progressivamente maior e mais qualificada da Universidade e este aumento não nos deve distrair – e nós não estamos distraídos, certamente nessa matéria, pelo facto de Portugal estar a viver uma crise demográfica que se vai acentuar nos próximos anos e que os movimentos migratórios não conseguem compensar. Portanto, a universidade tem que, nesta medida, não apenas em nome da instituição, como também em nome do país, procurar transformar continuamente a sua oferta educativa para responder a novas necessidades que vão aparecendo e sinalizando também novas modalidades que a própria universidade pode ter para acolher estudantes. Neste particular, a universidade é uma instituição que, tradicionalmente, é procurada ao nível da educação pelos graus que oferece. E é o cerne da atividade da universidade. Mas a verdade é que a sociedade e a economia se vão transformando de uma forma cada vez mais acelerada. E há novas necessidades que vão emergindo. Hoje, a formação não se esgota na frequência de um curso superior. Há uma contínua transformação daquilo que são as competências esperadas. E, por outro lado, há também uma constante transformação dos saberes necessários à resposta a esse desenvolvimento dessas novas capacidades. E aqui o Estado tem que ter um papel importante, porque aquilo que estamos a fazer aqui na instituição é reconhecer essa transformação que vai também ocorrendo de novas necessidades de formação, que não tem necessariamente que se reduzir da obtenção de um grau, mas que tem a ver com necessidades formativas mais pontuais e limitadas, através de cursos de curta duração, muito orientados para o aprofundamento dos saberes, dos conhecimentos e das competências das pessoas. Há aqui o suscitar e uma intenção de responder a um novo tipo de procura. Não tenho muitas dúvidas que, no futuro, estes públicos mais adultos, de profissionais que estão no activo, vão constituir uma parte importante do corpo de estudantes da Universidade do Minho.

Quais são as estratégias que estão a ser direcionadas para adaptar a UM às mudanças globais, como a transformação digital e a Inteligência Artificial?

Nós estamos muito atentos a essas matérias. No domínio da Inteligência Artificial, a UM já tem uma tradição de atividade significativa. Temos, entre nós, grupos que vêm trabalhando nesta área há bastante tempo e, nestes domínios, a universidade pretende ter um papel determinante, principalmente, na formação das pessoas. Por outro lado, a universidade tem que estar muito atenta àquilo que são os impactos dessa transformação na própria instituição. Portanto, a UM é ator em todo o processo de transformação digital, mas também é desafiada por esse próprio processo de transformação digital que tem um grande impacto naquilo que são métodos mais tradicionais de organização da instituição e também naquilo que são os nossos modos de concretizar a formação. Seja ao nível do ensino, seja ao nível da avaliação, há transformações que têm que ser necessariamente, consideradas face a esta nova realidade, sobretudo da inteligência artificial regenerativa. A UM reage a esta realidade, interrogando-se a si própria sobre esses impactos e procurando respostas àquilo que está a acontecer. Se olharmos para o que se passou na instituição no último ano, foram múltiplas as iniciativas que foram feitas tomando como objeto a inteligência artificial, dando conta daquilo que a universidade vem fazendo neste domínio, mas olhando também para os desafios que isto coloca à própria universidade. Na área da educação, tivemos várias iniciativas que se desenvolveram, procurando envolver estudantes, professores, investigadores, para pensar coletivamente sobre os desafios que temos à nossa frente e também sobre as novas formas de atuar face a essa transformação da realidade. É algo a que temos que continuar muito atentos, porque também aqui as transformações são extremamente rápidas, sendo que algumas delas vão trazer vantagens importantes para nós. A adoção de dispositivos construídos sobre inteligência artificial, por exemplo, é uma utilização que vai ocorrer proximamente, será benéfica e trará claramente vantagens para aquilo que é o modo de funcionamento da universidade.

«A escassez de alojamento universitário é um problema crítico que gera muita preocupação»

O alojamento universitário é um dos maiores problemas socioeconómicos dos estudantes do Ensino Superior.  Como é que olha para esta realidade?

Olho com muita preocupação! É uma situação particularmente crítica para as instituições do ensino superior. Focando-me naquilo que é a experiência e a resposta da própria Universidade do Minho, nós temos, de facto, muito mais gente a chegar ao ensino superior, o que é um excelente sinal para o país, mas depois não somos capazes de disponibilizar as condições mais adequadas para que a chegada ao ensino superior se traduza em sucesso na frequência do ensino superior e sucesso na transição para o mercado de trabalho. E aqui a questão do alojamento é, de facto, crítica. A Universidade do Minho é, hoje, das universidades que tem, em termos percentuais, uma maior taxa de cobertura das camas que tem disponíveis face aos estudantes bolseiros, que são, por definição, aqueles que têm condições menos satisfatórias para acederem ou para corresponderem às exigências que, desde logo, a frequência do ensino superior traz em termos financeiros. Contudo, a nossa taxa de cobertura relativamente aos restantes bolseiros é claramente insuficiente. Em termos comparativos, estamos numa situação interessante, mas quando olhamos para a nossa própria realidade, aquilo que temos é altamente insatisfatório. Precisamos aumentar a nossa capacidade de resposta e isso passa pela construção de novas residências universitárias. E a verdade é que em Portugal esta matéria foi claramente descuidada nos últimos 20 anos. Hoje, aquilo que mais pesa no bolso das famílias relativamente à frequência dos estudantes do ensino superior é o alojamento. A opção privada tornou-se caríssima, mesmo numa cidade como Braga, em que havia uma oferta muito vasta, sucedendo-se o mesmo em Guimarães. Em 2018, foi lançado um plano nacional de alojamento para o ensino superior, que foi bem-sucedido. Felizmente, no contexto do PRR foi possível relançar esse programa e, no caso da Universidade do Minho, temos, neste momento, em processo, duas residências de natureza diferente. Uma em Guimarães, na antiga escola de Santa Luzia, que é um projecto da própria Universidade. E o projeto aqui em Braga, que tem sido desenvolvido pela Câmara Municipal na antiga Fábrica Confiança, com uma colaboração permanente por parte da Universidade. Daqui, resulta para a UM um aumento significativo de quase 900 camas face às 1400 que temos hoje disponíveis. A nossa capacidade de resposta vai ser importante, mas não quer dizer que ficamos satisfeitos. Mantém-se a preocupação, uma consciência aguda de que uma resposta a este nível é, absolutamente, essencial para as universidades e para o sistema de ensino superior. A nossa expectativa é que em 2025 tenhamos estas duas residências concluídas.

Que balanço faz destes anos à frente dos destinos da academia e quais são as principais prioridades e expectativas até final do mandato?

Estou a cumprir o sexto ano de mandato como reitor e vivi tempos muito desafiantes e fascinantes. Desafiantes porque os últimos três, quatro anos deparamo-nos com um conjunto de factos que ocorreram à escala global e que afetaram fortemente a vida das instituições de ensino superior. Primeiro, com a pandemia do Covid19 e, mais recentemente, com as guerras que têm tido impactos brutais na nossa vida quotidiana. Contudo, sinto-me de consciência tranquila e também com alguma confiança relativamente àquilo que foi possível construir ao longo deste tempo. E, neste ponto, destaco, por um lado, a transformação do sistema científico da Universidade do Minho e a aposta que temos vindo a fazer na área da investigação, com a criação de um corpo de investigadores profissionais dentro da instituição. Entendo que é condição essencial para que a universidade possa continuar a afirmar-se como uma universidade de investigação. É um facto indesmentível que representa uma transformação qualitativa dos nossos corpos e que constitui uma base essencial para a afirmação futura da Universidade. Realço também o trabalho desenvolvido na transformação da nossa oferta educativa e esta preocupação com os cursos não conferentes de grau, assumindo que são uma componente essencial da nossa actividade. A UMinho tem hoje 112 cursos aprovados, muitos deles já em funcionamento e que, de facto, representam uma mudança neste domínio de atuação da própria Universidade. Depois, outro domínio que me deixa satisfeito diz respeito à interação com a comunidade. A Universidade do Minho tem que estar muito atenta ao seu papel no desenvolvimento dos territórios e isso pode ter expressão através da criação de novos polos da universidade. E nós assumimos esse facto como desígnio, como política institucional. A criação de um pólo da Universidade em Vila Nova de Famalicão, que está já em funcionamento e o desenvolvimento da ideia do projeto e a futura instalação de um pólo da UM, em Esposende, são exemplos de como, em articulação com os territórios, se podem procurar novas materializações do projecto da Universidade. Em Esposende, na área das ciências e das tecnologias do mar, que envolve um número muito significativo de centros de investigação da Universidade do Minho e que só foi possível devido a um compromisso fortíssimo do Município de Esposende com o projecto. No caso de Famalicão, um pólo dedicado a atividades de investigação e desenvolvimento, em interação estreita com a indústria, envolvendo também um conjunto importante de centros de investigação da Universidade. Entre os projetos emblemáticos, não posso deixar de destacar ainda o reforço da rede de casas do conhecimento, constituída por um conjunto de pólos, atualmente, com expressão no Alentejo e em vários municípios dos distritos do Porto, Braga, Viana e Bragança. Uma rede de produção e de veiculação de conhecimento estruturado em diversos tipos de atividades que vão sendo partilhadas no interior da rede.  Realce também para a sede do MIRRI-ERIC, a infraestrutura pan-europeia de investigação para a preservação, estudo, fornecimento e valorização de recursos microbianos e da biodiversidade, que foi inaugurada e está localizada no Campus de Gualtar da Universidade do Minho, em Braga. Inauguramos também o supercomputador Deucalion, na Escola de Arquitetura, Arte e Design da Universidade do Minho, no campus de Azurém, em Guimarães, que tem capacidade para executar 10 milhões de biliões de cálculos por segundo e que visa acelerar a produção de ciência e inovação de excelência em Portugal em diversos domínios. Ainda recentemente inauguramos o TERM Research Hub/Instituto Cidade de Guimarães, um dos maiores polos europeus de investigação em engenharia de tecidos humanos e medicina regenerativa, no Instituto de Investigação em Biomateriais, Biodegradáveis e Biomiméticos, da Universidade do Minho, situado no Avepark, em Guimarães.

Neste balanço, como é que olha para a organização e para o próprio funcionamento interno da instituição?

Ao longo dos anos, houve um olhar para a própria instituição e para a sua forma de organização e funcionamento. A Universidade do Minho teve, em 2018/2019, um enorme crescimento da sua atividade no plano científico, teve uma grande dificuldade de reação do ponto de vista da estrutura organizacional a esse incremento enorme da sua atividade e percebeu-se que a universidade tinha que rapidamente introduzir ajustamentos importantes na sua própria organização. Estamos a concluir um processo de revisão estatutária que vai também alterar em dimensões importantes o rosto e o modo de funcionamento da organização da própria instituição. E estamos imersos, neste momento, num ambicioso programa de modernização administrativa e de simplificação da própria Universidade, através de uma aposta muito grande em tudo o que são plataformas digitais para suportar, num plano de muito maior modernidade, aquilo que é a atuação da universidade. Todos estes acontecimentos são sinais de uma instituição que continua a ser marcada por um grande dinamismo e por uma capacidade de resposta aos desafios e isso, evidentemente, deixa-me satisfeito. Sendo certo que é tudo isto tem sido possível fazer porque as pessoas são de qualidade e têm vontade de desenvolver.

«A universidade tem que ser capaz de apresentar uma oferta educativa que seja socialmente reconhecida, valorizada, inovadora e transformadora»

Para finalizar, como vê a universidade nos próximos anos?

Recorrendo aos seus pilares de atividade, tem que ser uma universidade capaz de apresentar uma oferta educativa que seja socialmente reconhecida, valorizada, inovadora, transformadora e que, de forma decisiva, perspective o âmbito da sua actuação em termos dos públicos que procura e que o faça de uma forma abrangente, que não fique limitada aos estudantes que estão a iniciar um percurso de formação académica, mas que olhe para todos os cidadãos como potenciais alvos daquilo que é a sua atividade. Neste particular e porque isto arrasta consigo uma diversificação dos públicos, quantos mais e diferentes trouxermos, mais essa diversidade interpela a própria instituição. Porque as pessoas chegam com experiências e perspectivas diferentes e objetivos diferenciados. E responder a esta diferença numa perspetiva inclusiva, é um desafio muito enorme para a instituição, com um objectivo que tem que estar traduzido em políticas institucionais. No plano da investigação, existe hoje um sistema científico e tecnológico da universidade muito complexo, porque está relacionado com unidades de investigação, com laboratórios associados e colaborativos, com centros de inovação tecnológica, com várias unidades de interface. E este vasto conjunto de entidades, que são, por um lado, produtoras do conhecimento, tem também responsabilidades na disseminação desse mesmo conhecimento. E a minha expectativa é que possa haver um nível superior de integração face aquilo que temos hoje da atividade dessas mesmas unidades. Que possamos ter uma estratégia integrada da Universidade do Minho para a sua atividade no domínio da investigação e da inovação, dentro daquilo que é a construção de plataformas de convergência entre centros de investigação inseridos nas escolas, laboratórios colaborativos que envolvem a Universidade do Minho e as empresas, e unidades de interface que operam em setores muito específicos da economia. Perspetivo também uma universidade ainda mais profunda na interação com os municípios e com outras entidades públicas e privadas, na construção e desenvolvimento de projetos conjuntos. A universidade é um agente de transformação e de desenvolvimento do nosso território e do nosso país, independentemente de ser uma instituição que opera à escala global, fortemente internacionalizada. Mas nunca pode esquecer os lugares que a acolheram e que faz parte de uma região, à qual tem uma dívida eterna.

 

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