Destaque Sem Treta

«A Rota Norte une o Norte e vai ajudar a captar mais notoriedade para Portugal»

Há uma nova roadtrip que une o Norte do país. Um percurso circular com 777 km que atravessa quatro regiões, oito distritos e 35 municípios que promete viagens transformadoras e momentos únicos. Marco Neiva é o mentor e gestor de um projecto que pretende atrair turistas e ajudar Portugal a tornar-se numa marca ainda com mais notoriedade.

Antes de mais, quem é o Marco Neiva em termos pessoais e profissionais?
Sou minhoto, natural de Barcelos e tenho 38 anos. Nascido na aldeia de Feitos, junto à estrada Nacional 103 que me conecta a novos locais, novas pessoas e a muitos sonhos. Adoro Portugal, os portugueses e a nossa cultura. Profissionalmente, estudei Computação Gráfica e Multimédia, e nos últimos anos fui-me especializando em Vídeo Marketing com foco na promoção turística. Faço produção de conteúdos promocionais, desenvolvo estratégias para aumentar o alcance e impacto de campanhas promocionais. Sou um criativo que executa as suas próprias ideias.

Conta-nos um pouco sobre este novo projeto Rota Norte?
É uma RoadTrip, um novo produto turístico no Norte de Portugal. A Rota Norte conecta os 4 sub destinos do norte de Portugal (Minho, Trás-os-Montes, Douro e Porto), numa rota circular com 777 km de distância. Um território com 3,4 milhões de habitantes, que pode receber todo o mundo e todo o mundo vai sentir-se bem aqui. Interliga os territórios de alta densidade com os de baixa densidade. Reduz a assimetria regional e reforça a coesão territorial. Reflete um destino turístico de excelência.

«A Rota do Norte é feita de pessoas que vibram com as suas tradições, pessoas que partilham com orgulho as lendas e histórias. É uma oportunidade para conhecer gente autêntica, pronta para o receber de braços abertos»

O que o torna especial e único?
A Rota Norte não tem um início nem tem um fim, é circular e rapidamente se transforma numa estrada infinita. A Rota do Norte é feita de pessoas que vibram com as suas tradições, pessoas que partilham com orgulho as lendas e histórias. Cada momento vive-se com a paixão de quem ama a sua terra. É uma Rota que une o Norte, que respeita os dialetos típicos que não se perdem com a evolução do tempo, é a combinação perfeita entre o património natural e as construções feitas pelo homem. Paisagens naturais e diversificadas, uma excelente gastronomia, um extraordinário património cultural. Para além disso, mostra e promove as pessoas genuínas e o seu sotaque inconfundível.

Quais foram as principais inspirações por detrás desta rota turística?
A principal inspiração para criar uma roadtrip no Norte de Portugal, foi a Estrada Nacional 2, uma roadtrip que conecta o Norte ao Sul, através de uma estrada histórica com mais de 75 anos. Em 2020, fiz a Nacional 2 em bicicleta elétrica durante 35 dias, onde produzi 35 vídeos vlogs para o meu canal. Foi uma viagem transformadora onde me cruzei com muitas pessoas, conheci novos locais e, acima de tudo, fiquei a conhecer o fenómeno das viagens em estrada.

Quais são os principais destinos ou pontos de interesse ao longo desta rota e que os torna imperdíveis para os viajantes?
A Rota Norte acaba por atravessar 6 áreas protegidas e 5 Patrimónios da UNESCO (Centro Histórico do Porto; Arte Rupestre do Vale do Côa; Alto Douro Vinhateiro; Santuário do Bom Jesus do Monte; e Centro Histórico de Guimarães). Na área do artesanato tradicional, a UNESCO distinguiu a olaria preta de Bisalhães (Vila Real, 2016) e ainda como património imaterial, mais recentemente, somou o Carnaval de Podence (Macedo de Cavaleiros, 2019), enquanto manifestação ancestral carnavalesca, com os seus tradicionais “caretos”. O Parque Nacional da Peneda-Gerês é considerado pela UNESCO como Reserva Mundial da Biosfera.

Quais são as melhores formas de percorrer a Rota Norte?
A Rota Norte é um produto turístico que quer iniciar a sua expansão com o mercado interno, mas a ambição a curto prazo é ter turistas estrangeiros a percorrer o Norte de Portugal, para isso temos 2 grandes trunfos: a Rota Norte passa junto ao aeroporto internacional – Francisco Sá Carneiro, e, por outro lado, tem vários pontos de encontro transfronteiriços com Espanha. Estes turistas amantes das roadtrips, podemos encaixá-los nos principais nichos de viajantes: motards, autocaravanistas, famílias, amigos…

Como é possível planear da melhor forma esta rota turística?
A melhor forma de planear a viagem é com recurso ao website www.rotanorte.pt. Na página encontra uma série de informações importantes para o ajudar a escolher os seus locais de preferência. O portal dispõe também de um mapa interactivo, que permite às pessoas compreenderem o itinerário e decidirem quais os locais para dormir, comer e visitar. Já está também disponível o passaporte da Rota Norte, um desdobrável com uma série de características incríveis. Desde um mapa informativo, a uma área carimbável e uma colecção de selos com ícones identitários de cada um dos 35 municípios atravessados pela Rota Norte. As redes sociais são um canal privilegiado para dar a conhecer o projeto, estão a ser produzidos conteúdos e publicações originais, mas irá incentivar-se a produção e partilha de conteúdo pelos próprios viajantes.

Quais foram os critérios utilizados para criar e determinar esta rota?
A definição de um produto turístico desta natureza, tem de ser o equilíbrio de uma série de parâmetros. O ponto de partida foi a conexão de duas estradas históricas no Norte de Portugal: a Nacional 103 e a Nacional 222. A partir daqui foi necessário fechar o círculo e, para isso, foram escolhidas outras estradas com interesse turístico. Influenciou também a qualidade das paisagens, a oferta hoteleira, a oferta gastronómica, a oferta patrimonial e histórica. Outro aspecto que se teve em conta foi o impacto económico para as regiões do interior. A Rota Norte vai ao encontro das políticas de coesão territorial, de cooperação territorial europeia, de desenvolvimento regional e de valorização do interior, o desenvolvimento equilibrado do território, atendendo às especificidades das áreas do país com baixa densidade populacional e aos territórios transfronteiriços.

Quais os principais desafios que enfrentaste ao desenvolver este projeto?
O grande desafio foi mesmo criar os primeiros conteúdos de promoção da Rota Norte. Desde a construção do website, à produção dos vídeos, à recolha fotográfica… a criação das redes sociais. Tudo isto consome muito tempo, recursos humanos e muitos recursos financeiros. Mas os desafios continuam… agora é fazer crescer, mantendo a máquina a funcionar e, em breve, será a internacionalização do projecto para conseguirmos atrair turistas estrangeiros.

Houve algum obstáculo específico que tiveste necessidade de superar com maior dificuldade?
O maior obstáculo é a falta de tempo. Acontece que não estou a 100% dedicado ao projecto, que por si só já tem uma orgânica interessante, mas para o desenvolver mais rapidamente vai ser necessário muito investimento.

Que tipo de experiências a Rota Norte vai proporcionar aos viajantes?
Natureza, paisagens que variam entre as serras e as longas planícies, riachos escondidos e vastos espelhos de água, lugarejos perdidos e cidades ricas em património. Mas, acima de tudo, gente, gente autêntica, verdadeira guardiã de saberes ancestrais, pronta para o receber de braços abertos. Património singular – um verdadeiro roteiro histórico, construções isoladas ou aldeias inteiras servem de testemunho de outras eras. Pontes romanas, fortes, simples capelas ou sumptuosas igrejas-matrizes. Mas também simples casas de cantoneiros e reclames que são um verdadeiro retrato de época, eternizado em azulejos. Tradições, território de tradição e modernidade. A região Norte é a mais antiga de Portugal. A cultura como pura manifestação da nossa identidade! Festas populares e artes e ofícios para ver e aprender com quem sabe.

«A Rota Norte é a justificação ideal para interagir e deixar-se ser surpreendido. A diversidade mora aqui»

E que tipo de emoções ou sentimentos esperas despertar neles?
Surpresa e interação! A Rota Norte é a justificação ideal para interagir e deixar-se ser surpreendido! Descoberta e aventura. Da vastidão do Atlântico até ao Douro Internacional, passa por zonas montanhosas e planícies. A diversidade mora aqui!

Como pretende promover esta rota turística? Que tipo de estratégias (marketing ou parcerias) estás a considerar para aumentar a sua visibilidade?
A estratégia e os conteúdos comunicacionais são uma parte fundamental para tornar esta rota de estrada numa referência mundial das roadtrips e, acima de tudo, para proporcionar e facilitar uma melhor experiência ao turista que está em viagem. Para os turistas que ainda recorrem aos livros físicos como fonte de informação, vai ser redigido um Guia de Viagem tendo a Rota Norte como tema principal. Um livro, estruturado em etapas, mas acima de tudo com informações acerca dos atrativos, dos ícones e das curiosidades de cada município. O livro ajudará os viajantes a planear melhor a sua viagem. Para além disso, estão previstos vídeos promocionais e informativos. Estes conteúdos em vídeo serão o “media” privilegiado para divulgar a Rota. Se uma imagem vale 1000 palavras, um vídeo vale mais que 1.000.000 de palavras. Vídeos criativos que apresentem as mais incríveis histórias da região norte. Construir uma identidade através de monumentos alusivos à Rota Norte. Será criado um guia de boas práticas para os Municípios usarem na produção de elementos decorativos localizados no percurso da Rota Norte. Estes elementos podem ser murais, obras de arte, monumentos alusivos ou marcos.

Acreditas que esta rota turística terá um impacto positivo na economia e no turismo dos locais que abrange?
A Rota Norte conflui com estratégia nacional, os pilares estruturais da Rota Norte confluem com estratégia nacional para o turismo e desenvolvimento regional. Por um lado, combate a sazonalidade. A Rota Norte é um produto com características turísticas que lhe permite estar ativo todo o ano, especialmente nas regiões onde já há pouco turismo. Pretende-se de uma forma geral atenuar os picos de intensidade no turismo em Portugal, aumentado a presença de turistas nas épocas mais baixas, especialmente turistas dos mercados que viajam em contra-ciclo. Por seu turno, contribui para a sustentabilidade ambiental, que será de extrema importância para a promoção, divulgação e crescimento da Rota Norte. Serão listados com mais destaque os agentes turísticos parceiros que tenham certificação energética e que tenham instalações para dar apoio à mobilidade elétrica. O Passaporte Turístico desta rota será totalmente digital, não sendo necessário recorrer a papel. O turista/viajante que usar meios de locomoção mais sustentáveis, será recompensado no ecossistema. Vai criar redes colaborativas e motivações de visitação fora das grandes centralidades. A Rota Norte irá alargar a oferta comercial através das redes colaborativas, promovendo a economia circular e a economia de circuitos reduzido. Através de sistemas inteligentes serão recomendados os comércios locais e as lojas mais tradicionais. Por fim, o este projecto irá valorizar Portugal. Valorização cultural e do património e qualificação da oferta (reforço do papel da cultura e afirmação de identidade). Através da plataforma tecnológica onde está digitalizada e mapeada a rota, vão surgir conteúdos geolocalizados que vão valorizar os produtos locais e endógenos dessa mesma região.

«O mapa interactivo, o passaporte turístico e o livro/guia vão ajudar os viajantes a planear melhor a sua viagem»

Quais foram os principais desafios que sentiste ao criar esta rota e, no futuro, ao escrever um livro sobre o projeto?
O maior desafio para escrever um guia para esta Rota é mesmo a definição da estrutura base para organizar tanta quantidade de informação Há tanta “coisa bonita” para destacar no guia que é muito difícil selecionar. Outra dificuldade prende-se, mais uma vez, com a falta de tempo.

Quando será lançado?
Estava previsto o lançamento para este ano, mas provavelmente terá que ser adiado para Março de 2024.

Que tipo de conteúdos terá?
Para os turistas que ainda recorrem aos livros físicos como fonte de informação, um guia desta natureza deve ser estruturado em etapas mas, acima de tudo, com informações acerca dos atrativos, dos ícones e das curiosidades de cada município. O livro terá o grande objectivo de ajudar os viajantes a planear melhor a sua viagem e também ser um documento de consulta durante a própria viagem. Terá uma lista de recomendações, desde experiências, alojamento, restaurantes, pontos de interesse, destaque de parceiros, uma rede certificada, mapa e submapas. Será possível ver cultura, património, natureza, gastronomia e artesanato. Características identitárias de cada região. Curiosidades de cada município.

Um mapa digital interativo e um passaporte turístico digital são outros componentes do projeto. Como vão funcionar?
Será fundamental o Mapa Interativo. Neste mapa, além do percurso, teremos acesso a informação geolocalizada. Mapa digital interativo acessível através de telemóvel/computador. Sugestões personalizadas por Inteligência Artifical, baseado em interesses do utilizador e a sua localização no território. Recomendação de locais de visitação: Cultural, Natural, Gastronómico. Recomendações de hotéis, restaurantes, experiências. iconografia personalizada e exclusiva, categorização por cores. Identificação de locais de carregamento elétrico. Percursos originais. Percursos alternativos. No que diz respeito ao Passaporte, os passaportes turísticos são um conceito que tiveram uma excelente recetividade por parte dos turistas e viajantes. A Rota Norte terá na sua génese um passaporte físico mais analógico, mas prepara o futuro através do passaporte digital. Um processo de validação dos carimbos através de GPS, leva as famílias e grupos a desafiarem-se a si próprios para completar o passaporte. Em papel, no formato desdobrável. De um lado temos um mapa informativo simplificado, do outro lado, temos o passaporte propriamente dito. Com 35 áreas para carimbar, que inclui assinatura ou zona para colar o selo, que corresponde aos 35 municípios atravessados pela Rota Norte. Estes selos autocolantes são vendidos separadamente. É também emoldurável… depois de completo fica-se com um recordação da viagem. Inclui ainda QRCode para ser lido e reencaminhar para o Mapa Interativo disponível no website.

Quais são as dicas ou conselhos que darias a quem deseja experimentar esta rota turística?
Para uma viagem deste género a minha maior dica é: espírito aberto. Planear obviamente, mas acima de tudo deixar-se levar pelo que acontece e pelo que vê. Interagir com as pessoas, perder o medo e a vergonha. Meter conversa e perguntar… resulta sempre em experiências incríveis. Meter-se a caminho e, se gostar, repetir no sentido inverso… vai ser sempre uma experiência nova. Tal como diz José Saramago, “o fim de uma viagem, é apenas o começo de outra”.

Quais são as principais lições que aprendeste ao longo de todo o processo de criação da Rota Norte?
Desenvolver um produto turístico não é nada fácil, todos os dias aprendemos algo que podemos implementar e nos ajuda a melhor a Rota Norte. As principais lições são: Trabalhar em equipa, sozinhos nada fazemos e por isso devemos envolver outras pessoas. Ouvir as pessoas e os interessados em percorrer a Rota Norte, ouvi-los vai-nos dar tanta informação válida que melhora substancialmente o produto. E fazer, implementar e lançar mesmo sem estar tudo perfeito. Executar é fundamental.

Quais são as expectativas em relação a este projeto?
Crescer, crescer e crescer. Internacionalizar e procurar mercados estrangeiros. Comunicar com muita criatividade. Tornar a Rota Norte numa roadtrip de referência mundial, ajudar Portugal a atrair turistas e ajudar Portugal a tornar-se numa marca ainda com mais notoriedade.

Deixar comentário