Opinião

Medidas de Prevenção de Infeções Respiratórias nas Crianças

As infeções das vias respiratórias são muito frequentes em idade pediátrica. Na maioria dos casos são infeções víricas, autolimitadas e que não necessitam de tratamento específico. De forma geral são situações benignas e transitórias, mas que podem ser recorrentes e constituem fonte de preocupação para pais e cuidadores. Os sintomas mais frequentes incluem tosse seca ou produtiva, rinorreia, congestão/obstrução nasal e febre. É importante conhecer a história natural da doença e compreender que sintomas como a tosse podem persistir durante algumas semanas. Existem fatores de risco associados ao desenvolvimento destas infeções. Deve ser evitada a exposição a aglomerados populacionais, uma vez que estes ambientes promovem a propagação dos microrganismos causadores das infeções. O contacto com pessoas doentes deve ser evitado e a criança doente não deve frequentar a creche/escola para evitar a transmissão da infeção. A exposição passiva ao fumo do tabaco e a poluição são fatores de risco ambientais que devem ser controlados, mantendo a criança em espaços livres de fumo e sem poluição. A amamentação tem um papel protetor contra as infeções, pelo que, sempre que possível, deve ser promovida. Outro aspeto importante é a lavagem das mãos das crianças e dos cuidadores de forma regular, e sempre antes e após a alimentação e após tossir/espirrar/assoar o nariz. Deve ser feita com água e sabão durante 30 segundos ou, em alternativa, utilizar solução antissética de base alcoólica. Além disso, as medidas de etiqueta respiratória devem ser ensinadas às crianças à medida que crescem – cobrir a boca com o cotovelo/lenço quando tossem ou espirram, descartar o lenço imediatamente após ser usado e lavar as mãos. Para além da transmissão direta através da respiração de gotículas de ar, os vírus podem ser transmitidos ao tocar em objetos em que a pessoa doente espirrou ou tossiu. Assim, deve ser promovida a limpeza regular das superfícies comuns e brinquedos, sobretudo nas creches/ infantários e escolas. A lavagem nasal com água do mar ou soro fisiológico é outra das medidas preventivas recomendadas e útil também no tratamento sintomático em situações de obstrução nasal, rinorreia ou tosse. Nos lactentes deve ser feita com o bebé deitado, com a cabeça de lado e, nas crianças maiores, pode ser realizada com a criança sentada. Devem ser instilados cerca de 5mL de soro fisiológico na narina (no caso do lactente deitado, na narina de cima) e o soro sairá pela narina contralateral ou pela boca, repetindo o procedimento no outro lado. A lavagem nasal deve ser realizada uma vez por dia como rotina de higiene, e mais frequentemente em casos de obstrução nasal. Por último, recomenda-se que a criança cumpra o Programa Nacional de Vacinação. Aconselha-se a vacinação contra a COVID-19, de acordo com as recomendações da Direção Geral da Saúde. Em situações específicas, pode haver indicação para a realização de outras vacinas, que serão recomendadas pelo pediatra ou médico de família.

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