Que balanço faz destes anos a liderar a autarquia de Esposende? Este assunto tem muito a ver com o espírito com que abordamos estes desafios. Nunca pensei ser político e acabei por vir com espírito de missão. Considero que o balanço é altamente positivo. Os meus antecessores fizeram um trabalho profícuo e positivo, bem gerido financeiramente e com alguns investimentos importantes, e eu peguei numa máquina em movimento, o que me deu ainda mais responsabilidade. Quando as âncoras são lançadas e quando sabemos qual é o foco do nosso desenvolvimento, tudo é mais simples e simplifica sempre quem vem a seguir. Tenho tentado fazer o melhor possível, aproveitar as melhores oportunidades para investir no concelho e rodear-me das melhores pessoas, sempre com critérios muito claros de competência. Ao longo destes anos, tenho pautado a minha atuação através de uma relação de grande proximidade com a população, com os representantes das freguesias e com todo o tecido cultural, desportivo ou social. É um sentimento de grande satisfação e honra poder servir as pessoas. O empenho é total e a nossa meta passa sempre por fazer mais e melhor pelos nossos! Esposende tem caraterísticas muito especificas e que se permite afirmar de forma diferenciadora no território.
Daquilo que foi concretizado, que obras quer destacar? Existiram projetos imateriais, tão ou mais importantes do que alguns materiais que foram construídos. Por exemplo, os apoios constantes fornecidos às associações e que permitem que sejam pujantes em termos regionais. Fizemos contratos/programas com todos os clubes desportivos e criamos, recentemente, um programa similar para o tecido social onde todas as instituições recebem uma verba anual do município. Por outro lado, a obra do Canal Intercetor que está prestes a ser terminada. É um dos projetos com maior envergadura financeira alguma vez conseguido para Esposende (5 milhões de euros) e será muito importante para resolver um problema estrutural da cidade, tendo como principal função a prevenção de inundações na cidade que têm colocado em risco a população e causado elevados danos no património público e privado. Ao mesmo tempo, paralelo ao canal, estende-se um percurso que completará um circuito de visitação e prática desportiva que interlaçará com a ecovia do litoral norte e o futuro Parque da cidade, o que já se vai verificando. Contribuirá para um novo desenho na ocupação dos solos, com nova imagem urbana, criando um anel verde em torno da cidade. Destaco também as obras de requalificação da Escola Secundária Henrique Medina, na Doca de Pesca de Esposende, as obras do Plano de Ação de Regeneração Urbana (PARU), que integra, por exemplo, a requalificação da Alameda do Bom Jesus, em Fão, e a zona envolvente ao campo de S. Miguel, nas Marinhas. Ainda as intervenções na área do saneamento, unicamente com recursos próprios, a Ecovia Fão-Apúlia, entre muitas outras relevantes.
“Aceito o Desafio”. Foi assim que se direcionou aos esposendenses para apresentar a sua recandidatura à Câmara Municipal de Esposende. Quais vão ser as suas prioridades? Os presidentes de junta “desafiaram-me” para ficar e eu decidi aceitar. Eu não penso em eleições. E não faço nada que esteja direcionado para esse fim. O meu objetivo passa sempre por identificar as necessidades do concelho e ter capacidade para supri-las. O saldo destas prioridades é que vai definir os votos a favor ou contra. Um dos piores erros dos políticos é viver do passado. Por muito bem que tenham corrido estes 8 anos, eu nunca me poderia candidatar a pensar no que fiz. Ou estou motivado para continuar e tenho projetos para o futuro de Esposende ou então não estou cá a fazer nada. Se estiver só a vangloriar-me do que fiz nestes dois mandatos, serei uma péssima escolha para as pessoas. A minha recandidatura tem muito mais a ver com aquilo que tem de ser feito no futuro. E há muitas coisas importantes para concretizar. Em primeiro lugar, continuar este conceito de estabilidade política e financeira. Depois, prosseguir o desenvolvimento económico. O concelho está numa fase muito positiva, há muita procura, investimentos, o tecido empresarial está muito forte, com muitas empresas a fixarem-se e outras a expandir os seus negócios, há imensa construção e a taxa de desemprego não atinge os 5 por cento. Isto acontece porque foram criados mecanismos, programas de incentivo à fixação de empresas, como a Via Verde para o Investidor ou a START Esposende, um projeto com muito sucesso, com uma abordagem diferenciadora e muito bem delineado. Temos um modelo de desenvolvimento muito focado no ambiente e na qualidade de vida das pessoas. Em Esposende, não aceitamos empresas de cariz poluente ou de grande impacto visual na paisagem. O Ordenamento do Território e Urbanístico é, para nós, fundamental e o desenvolvimento não pode prosseguir a qualquer custo.
O futuro Parque da Cidade é um projeto incrível, fundamental para o concelho e que melhorará a qualidade de vida de todos os esposendenses
O Parque da Cidade é um dos grandes projetos para o concelho. Quando será uma realidade? Estes grandes projetos demoram muito tempo para serem concluídos. Neste caso, já temos todos os pareceres, estamos na fase de aquisição dos terrenos e acreditamos que, no espaço de um ano, será lançada a primeira fase, muito significativa, com mais de 15 hectares. É um projeto incrível, fundamental para o concelho e que melhorará a qualidade de vida de todos os esposendenses. É mais um exemplo que Esposende privilegia a natureza e defende o ambiente, pilares fundamentais do nosso modelo de Desenvolvimento.
O Parque temático dos Moinhos da Abelheira é também um projeto muito desejado pela população. Para quando está prevista a sua concretização? Está em andamento. O objetivo do projeto passa pela revitalização física e ambiental dos sete Moinhos de Vento da Abelheira, concretizando a sua integração num parque temático, ligado às energias renováveis e ao ciclo do pão. Numa primeira fase serão recuperados três moinhos, que já são propriedade do município. Noutro âmbito, há mais projetos que quero realçar, como o Instituto Multidisciplinar de Ciência e Tecnologia Marinha, uma parceria com a Universidade do Minho, e que será instalado na Estação Radionaval de Apúlia, assim como a instalação do Centro de Divulgação Científica de Atividades Marinhas, que ficará sediado no Forte de S. João Baptista. A construção do Parque Desportivo e de Lazer Municipal entre Esposende e Cepães-Marinhas permitirá que a cidade fique organizada com um parque a sul e outro a Norte, fechando o núcleo urbano. Está também aprovado o concurso público para a construção da extensão do IPCA a título definitivo em Esposende. Acredito que o ano letivo 2022/23 já se iniciará nessas novas instalações. E estes projetos, entre outros, tornam Esposende uma cidade cada vez mais bonita e atrativa para usufruir e visitar.
Como é que o concelho de Esposende tem vivido com a Covid-19? Tivemos que nos adaptar às circunstâncias e canalizamos todos os meios financeiros para ajudar a população, no combate à Covid-19, nomeadamente no fornecimento de material de proteção e higiénico às instituições. A proteção social foi uma prioridade. Depois, fomos dos primeiros municípios a cancelar os eventos previstos e não foi uma decisão fácil, porque ainda hoje há muita gente ligada aos espetáculos que está a passar dificuldades. E criamos diferentes mecanismos de apoio aos comerciantes, para além de vários tipos de isenções. Montamos o Centro de Vacinação, apoiamos as escolas, entre muitas outras ações. Esposende é um território que convida a sair e fomentar restrições nesta circunstância é muito penalizador. Tanto para o cidadão, mas também para as próprias empresas que ficam privadas de prestar os respetivos serviços. Houve ainda um contacto direto com as Autoridades de Saúde e, da parte do Município, tentamos sempre manter a serenidade e a lucidez exigidas. Porque o nosso dever é este. Para colaborar e ajudar no que é necessário!
Esposende tem muito para oferecer, mas ainda há muito por explorar
Como vê, atualmente, o concelho de Esposende, em termos turísticos? Nos últimos anos, o turismo tem vindo a crescer em Esposende. É a nossa principal vocação. E as condições naturais de todo o concelho são a base para esta realidade. Fomos brindados com um património natural e ambiental único. Basta olharmos para a Foz do Rio Cávado, do Neiva e para a nossa zona litoral. Depois, temos montanha, com trilhos e percursos pedestres deslumbrantes. Possuímos também condições muito privilegiadas para a prática da observação de aves selvagens. Somos um destino privilegiado e muito procurado para a prática de diversos desportos náuticos. Não podemos esquecer a gastronomia de excelência, transversal a toda a região, e, particularmente, o pescado sempre fresco. A simpatia e hospitalidade das pessoas é também uma imagem de marca, assim como as praias que são lindíssimas. É um concelho seguro, limpo e com uma morfologia de terreno muito equilibrada e plana. É um destino fantástico para férias em família. Não esquecer que a ligação aos Caminhos de Santiago tem sido uma mais-valia tremenda. Há pessoas a passar por cá, vindas de vários países. É impressionante! E, de facto, Esposende tem muito para oferecer, mas ainda há muito por explorar.
Uma das apostas do município para os próximos anos, passa por publicitar Esposende como um destino de eleição. De que forma será feito este desígnio? A melhor forma de promover o território é dizer a verdade sobre ele. E felizmente, temos muitas coisas positivas sobre Esposende. Do ponto de vista dos suportes, a Comunicação Social tem um papel muito importante, mas a nossa aposta principal passa por trazer as pessoas a Esposende. E nós acreditamos que quem nos visita, fica a gostar e regressará com regularidade. Se conseguirmos manter este patamar e os critérios urbanísticos, patrimoniais, de segurança e qualidade de vida, estou seguro que teremos cada vez mais gente em Esposende. Com atenção redobrada aos efeitos negativos, derivados da massificação do turismo. Não podemos cair nesta tentação, porque aí a essência perde-se, assim como a qualidade de vida. Tem de existir um equilíbrio.
Esposende sofria muito da sazonalidade. Hoje em dia, esse problema não se coloca, porque é um concelho para visitar o ano todo
Quais as áreas que merecem maior atenção para ir de encontro a esse desenvolvimento? Para além de tudo que já falei anteriormente, falta um pouco mais de investimento privado, do ponto de vista das unidades de alojamento e habitação. Devemos também reorganizar o estacionamento. Deve ser criada mais oferta comercial, nomeadamente estabelecimentos de bebidas e diversão. Esposende sofria muito da sazonalidade. Hoje em dia, esse problema não se coloca, porque é um concelho para visitar o ano todo. Isto deve-se não só a todas as suas virtudes naturais, mas também à oferta cultural existente. As acessibilidades são boas, estamos perto de Braga, Guimarães, Viana, Porto e Espanha. Do aeroporto. Somos procurados por pessoas de todas as idades, de vários pontos do planeta, não só em termos turísticos, mas também para viverem cá. Isto é revelador do potencial de Esposende!
A erosão costeira, em termos estruturais, é, de longe, o maior problema de Esposende
A erosão costeira é um problema grave. Que propostas tem para esta questão? Em termos estruturais, é, de longe, o maior problema de Esposende. É uma questão que não controlamos. Tem a ver com as condições climáticas e com um conjunto de intervenções ilegais que foram efetuadas no território que provocaram a aceleração da erosão costeira, nomeadamente, construção de estruturas ao longo da costa. É fundamental que sejam tomadas ações de proteção do litoral para suster o avanço do mar. Há novas abordagens e o Estado está a tentar encontrar uma resposta válida. A zona Norte do concelho está mais penalizada, a parte sul encontra-se mais estável. Realço que a Polis Litoral Norte tem tido um papel importante na operacionalização das intervenções, com o apoio de fundos comunitários.
Como se encontra Esposende em termos de oferta cultural? Temos tido um conjunto de ações muito relevantes. O município mantém uma forte colaboração com as instituições/grupos com valências a nível cultural e recreativo, promovendo o reconhecimento do trabalho realizado no sentido de promoção da Cultura, através de apoios, seja através de protocolos e parcerias, mas também apoio direto a atividades e eventos no concelho. As nossas atividades de verão são muito procuradas e apreciadas, com mais de 100 eventos culturais. Para além disso, ao longo do ano há concertos de variados tipos de música, não esquecendo as manifestações culturais de Páscoa e Natal, espetáculos de dança, magia, poesia, teatro, exposições, comemorações, entre outros. Posso destacar os projetos Coro Ars Vocalis, o Coro de Pequenos Cantores de Esposende ou o CREARTE – Crescimento da Arte Teatral de Esposende. Para além disso, temos o projeto “AMAReMAR”, que tem como objetivo promover a inclusão social, cultural e potenciar o crescimento pessoal dos cidadãos. No âmbito do programa Esposende SmartCity, instalamos várias obras de arte em diferentes pontos de Esposende. É uma ligação às artes e à cultura, propondo Esposende como um “Território Criativo”. Não podemos esquecer o folclore, e os vários grupos existentes que simbolizam a cultura popular, com grande identidade do nosso povo e das nossas tradições. Destaque ainda para as várias estruturas culturais, como a Biblioteca Municipal Manuel de Boaventura. Criamos inclusive o Prémio Literário Manuel de Boaventura, atribuído, este ano, a Mia Couto. Concluímos também o processo de aquisição da casa do escritor Manuel de Boaventura, em Palmeira de Faro, tendo em vista a adaptação do espaço a Casa Museu. Estamos ainda a construir o novo Arquivo Municipal e a preparar o Museu da Gravura, um projeto pioneiro no país.
Tem referências políticas? Eu gosto de apreciar as pessoas pelas características pelas quais são brilhantes. O Francisco Sá Carneiro, daquilo que eu conheci e aprendi, foi sempre um homem que pensava a sociedade de uma forma diferente, vocacionada para as liberdades e para a iniciativa privada. Dando oportunidade às pessoas de serem aquilo que gostariam de ser, de serem úteis, de acordo com o próprio mérito. Não estava ligado a políticas existencialistas. Mais recentemente, Pedro Passos Coelho! Foi o homem certo para assumir o país, numa altura muito complicada. Não fez tudo bem, mas foi um homem seguro, que transmitiu confiança e seriedade. Foi muito injustiçado, mas fez um trabalho muito positivo. Lembro que ele nunca perdeu as eleições! E tem sempre uma postura muito correta. É uma grande referência para mim. Também considero António Guterres um homem brilhante, distinto a nível internacional e um orgulho para o nosso país. O nosso presidente da República é também brilhante na forma como vê as coisas, mas não me revejo tanto no estilo.
É adepto de Redes Sociais? Sou de forma moderada e responsável, porque um político é político o tempo todo e tudo o que é dito tem repercussões! É preciso sempre muito cuidado na forma como são abordados os assuntos. Utilizo, exclusivamente, para comunicar informações úteis para as pessoas e para esclarecimentos!
Tem hobbies? Como passa o seu tempo livre? Tenho muito pouco tempo livre. Quando é possível, gosto de conviver com os meus amigos de sempre. Ao fim de semana, aproveito para fazer, simultaneamente, exercício físico e ouvir música. É um momento só meu, para descomprimir e também para me sentir bem fisicamente. Gosto muito de desenhar e ler, sobretudo sobre construção sustentável. A minha vida pós-política vai, seguramente, incidir muito nesta área, atividade que já exercia anteriormente, no âmbito da Construção Civil e Arquitetura.
E lemas de vida? “Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida”!
Para terminar, qual seria a palavra que escolheria para o definir? É uma pergunta difícil. Sou muito decidido em tudo o que faço. Quando tenho um objetivo, a determinação torna-se fundamental para chegar mais longe.