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© Ana Marques Pinheiro
Destaque Sem Treta

Paulo Cunha: “Se numa crise estivermos fortes, seremos bem sucedidos”

Paulo Cunha é Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão desde 2013 e afirma que a melhor estratégia para lidar com a crise atual é a de temperar todas as decisões com realismo. À revista Minha esclareceu o que faz com que cada vez mais pessoas procurem Famalicão para viver, fazendo deste um concelho não só histórico, mas também com muitas perspetivas a nível de futuro.

Como vê atualmente Vila Nova de Famalicão? É um concelho com história, com grandes responsabilidades no que de bom tem acontecido ao nosso país. É um concelho composto por gente que trabalha, que produz, muito focado nos contributos que diariamente dá para o engrandecimento nacional. É, desde há mais de um século, o concelho que tem as maiores indústrias de Portugal. Não só as nacionais, como as multinacionais que vieram e não nos deixaram. Quando há uma multinacional que vem para um território, às vezes, dez ou vinte anos depois, acaba por sair. Não é o que tem acontecido connosco. É sinal de que quem faz apostas no nosso concelho, venha da França, da Alemanha, do Japão, venha de Barcelos, de Bragança, ou de Portimão, acaba por perceber que este é um território fértil do ponto de vista da capacidade produtiva com gente competente e qualificada. Os nossos grandes argumentos estão em torno da qualificação dos recursos humanos: temos mulheres e homens muito capazes, independentemente da idade, em vários setores, a começar pelo têxtil, mas também na área da metalomecânica, das carnes e em muitas outras áreas. Somos um concelho que soma à sua competência e capacidade industrial ao saber fazer, à capacidade de produzir uma grande dinâmica cultural. Temos pergaminhos históricos em torno de uma rede de museus muito bem preenchida, encimada pela Casa Museu Camilo Castelo Branco, mas também o Palacete Barão Trovisqueira – onde está o Museu Bernardino Machado –, a Fundação Cupertino Miranda, o caminho de ferro, que tem aqui um polo que é o mais importante polo do país, excluindo, claro, o do Entroncamento.

Temos também muita dinâmica, associações com atletas, competições… Não somos um concelho de futebol, somos um concelho de desporto! Ainda este fim de semana inauguramos quatro novos recintos para a prática do ténis com ótimas condições para a formação e para a competição nacional e internacional. Temos desde rugby à natação, ao hóquei em patins com duas equipas na primeira divisão, ou voleibol feminino, onde fomos campeões já mais do que uma vez. Portanto, do ponto de vista desportivo temos boas práticas e bons exemplos, e do ponto de vista social somos um concelho compreensivo, preocupado, atento às necessidades, com uma fantástica resposta social. O resultado desta equação, com estes vários argumentos, com estes condimentos, é que nos permite concluir que somos um concelho com passado, mas de futuro, em que entendemos que somos atrativos. Temos a querer vir viver e já a viver no nosso concelho pessoas que não nasceram cá, que não têm relações familiares.
Acabaram por perceber objetivamente que é um concelho com ótimas condições para viver, com boas acessibilidades, bem localizado. Temos tudo o que é necessário para sermos um concelho que marca hoje o presente, mas que também vai marcar o futuro. Estou absolutamente convicto que, por daqui a 20 anos, Famalicão vai estar num patamar superior, no plano regional, nacional e internacional.

Vila Nova de Famalicão é precisamente uma das portas de entrada para o Minho e isso reflete-se nas pessoas que, como diz, escolhem o concelho para viver. Esse aumento de residentes é resultado de uma estratégia do Município, ou foi um fenómeno que foi acontecendo “naturalmente”, tendo em conta o que a cidade tem para oferecer? Tenho de assumir que temos feito algum esforço, porque há políticas públicas municipais que são decisivas no momento de escolher a cidade para viver. Nós, nas nossas várias gerações (pais, avós, bisavós), vivíamos quase por destinação da família. Ou seja, a escolha do local para viver estava condicionada em função do berço. Eu nasci em Famalicão, vou viver em Famalicão: havia muito essa lógica. Hoje, felizmente, não é assim. Digo “felizmente” porque gosto desta mobilidade. Não só territorial, como também social. Aquela ideia de que nascemos num determinado patamar social e vamos ficar sempre nele, de que quem nasceu num patamar inferior nunca conseguirá chegar a um patamar superior é uma ideia que não é típica de uma democracia. Nós queremos viver numa democracia com liberdade, com autodeterminação, em que cada um deve ter o resultado em função daquilo que é o seu esforço e o seu trabalho. Acredito nisto também para os territórios. O Porto sempre foi um concelho com muitos habitantes, tal como Gaia, Lisboa, Sintra ou Cascais, mas não têm de ser sempre os mesmos a serem muito populosos, com muita gente e qualidade de vida.

Temos também muita dinâmica, associações com atletas, competições… Não somos um concelho de futebol, somos um concelho de desporto!

Nós queremos ombrear nessa competição sadia entre cidades e territórios. É por isso que há políticas municipais que, implementadas no terreno, têm um sinal de vantagem perante aqueles que estão na fase da escolha do território. Hoje, as pessoas e famílias ponderam acerca do território onde vão viver, onde vão constituir a sua família, onde vão criar laços de emprego, onde vão educar os seus filhos, onde vão passar os seus anos, onde se vão aposentar. É quase como não escolher o local onde se nasce, mas escolher o local onde se passa os últimos dias de vida, ainda que estes últimos dias sejam 40 ou 50 anos.

Felizmente, Famalicão já faz parte desse radar e não é só por causa da localização. Eu tenho por hábito dizer que se é verdade que Famalicão está perto de Guimarães, ou do Porto, ou de Braga, ou de Esposende, o inverso também é verdade. Esposende também está perto de Famalicão… Se é verdade que há motivos para que as pessoas vão de Barcelos para Famalicão, também há um motivo para que as pessoas vão de Famalicão para Barcelos. A ida e volta tem o mesmo número de quilómetros e a estrada é exatamente a mesma. Se nós atraímos mais pessoas, se Famalicão tem crescido do ponto de vista populacional, comparativamente – embora o crescimento em absoluto não seja um crescimento real porque a população está a descer –, então neste contexto de descida somos os que menos descem do ponto de vista da natalidade. Somos dos que mais aumentam do ponto de vista da atratividade, de pessoas que não nasceram cá, mas que vêm para cá viver. Temos novos complexos habitacionais que já são maioritariamente ocupados por pessoas que não nasceram em Famalicão. Trabalham no Porto, Braga, Guimarães e escolhem-nos para desenvolver uma fase importante das suas vidas. Isso, repito, e se calhar com alguma imodéstia, é consequência das políticas municipais.

Famalicão é um centro cultural, comercial e industrial. Se pudesse destacar um deles, qual seria e porquê? Eu destacava o industrial. Nós somos um concelho assumidamente industrial, somos Cidade Têxtil Portugal, somos a única cidade no país que ostenta essa bandeira. Temos aqui sediado um cluster do têxtil, muito por causa das competências de investigação do CITEVE e do CeNTI, mas também temos uma enorme presença industrial desse setor do nosso concelho com tradição. Começou no final do século XIX no contexto de Riba d’Ave, aproveitando a força motriz que a água do Ave na altura representava… Temos uma ligação muito forte com a indústria e somos um concelho orgulhosamente industrial. Se recuarmos às décadas de 80 e 90, o país tinha a área onde se produzia e a área onde se vivia. Havia a ideia de que não se pode viver onde se produz. A cidades industriais são cidades poluídas e sem qualidade de vida. Famalicão demonstrou que isto não tem de ser assim. É perfeitamente possível compaginar indústria e produção com habitação, com educação, com vida, com parques, com desporto, com cultura…

Entendemos que se é verdade que as chamadas hard skills – a matemática, o português, a geografia, a filosofia, ou a economia – são muito importantes, as chamadas soft skills não são menos importantes.

Se não houvesse indústria, tudo o resto não ia acontecer no nosso concelho. Nós assumidamente queremos continuar a ser um concelho com uma fortíssima presença industrial, por isso é que ano após ano temos, felizmente, conseguido cativar mais empresas que para cá vêm e as que cá estão, estão a crescer, a produzir mais, a empregar mais, a exportar mais. Esse é o caminho que queremos seguir para o futuro.

Em termos culturais, Famalicão também se tem distinguido pelas suas boas práticas, basta ver o exemplo do ensino articulado com a música e a dança. Têm ainda o projeto de acreditação do teatro em curso. Porque é que os municípios devem investir nestas áreas? Quais são as mais-valias para estes alunos? Nós temos uma forte tradição na área da música. Temos dois Conservatórios de excelência, como a Artave e a ArtEduca. Provavelmente há poucos territórios no país com estas competências tão bem instaladas. Estas duas escolas têm permitido algo que nós achávamos impensável, que é a música ser mais do que um espaço de realização pessoal, mas também profissional. Nós hoje temos muitos profissionais ligados à música que se formaram nestas escolas em Famalicão. Em Famalicão pratica-se isso por força do bom exemplo que foi a música e nós demos continuidade a esse bom exemplo. Trouxemos a dança, mas também queremos trazer o teatro. Estamos perfeitamente convencidos de que são áreas de realização pessoal e profissional.

Em segundo lugar, porque notamos cada vez mais que somos um concelho com uma presença no setor da educação muito forte, também muito notados a nível nacional pelo que temos feito nesta área. Rapidamente percebemos que estas áreas, consideradas extracurriculares, não o são. Foram consideradas assim muitos anos, mas a verdade é que são áreas vitais na formação dos cidadãos. Entendemos que se é verdade que as chamadas hard skills – a matemática, o português, a geografia, a filosofia, ou a economia – são muito importantes, as chamadas soft skills não são menos importantes. Mesmo quem não queira ser profissional da música, da dança ou do teatro, ter um percurso de formação nessas áreas dá-lhe mais condições para que seja um melhor cidadão e um melhor profissional. Ainda que escolha ser economista, advogado, professor, ou o que quer que seja! Qualquer que seja a escolha, o percurso formativo é relevante. Estamos a apostar para que essas sensibilidades despertem. Primeiro foi a música, mas entretanto percebemos que há muitas pessoas que não gostam de música, mas podem gostar de dança, de arte, podem gostar de circo. Também temos formação na área do circo, apesar de noutras condições. Quem sabe se daqui a uns anos não pode ser o circo, ou as artes performativas, ou qualquer outra dimensão cultural a poder ser aportada à educação? O que está em cima da mesa é uma abertura a um ensino comprometido com o cidadão e não comprometido com uma qualquer área de formação. Nós não temos nenhum compromisso com matemática, nem com português, temos um compromisso com o cidadão e com a sua boa formação, por isso estamos a fazer estas apostas.

A iniciativa Famalicão Made IN é uma das grandes apostas do Município de Vila Nova de Famalicão para promover o desenvolvimento económico do concelho. Em 2020 é justo dizer que se trata de uma boa aposta? Essa será sempre uma aposta do município. O empreendedorismo, a capacidade de criação de novos projetos empresariais para quem não é empresário e expandir os projetos para quem já o é, é uma aposta que já devia ter começado há 30 anos e que nunca deve terminar. Espero que ninguém tenha um dia a audácia de concluir que não já é necessário apoiar o empreendedorismo. Não haverá nenhum momento na história em que não seja preciso despertar em cada um a dimensão inventiva, a dimensão criativa, a dimensão inovadora. É necessário em qualquer momento. Em momento de pujança económica, em momento de crise… Nós estamos habituados às crises: eu cheguei à Câmara Municipal em 2013 até hoje vivemos sempre em crise. Primeiro uma crise económica e financeira, depois por força da recuperação da crise económica e financeira, e agora uma crise de saúde pública que tem uma repercussão socioeconómica fortíssima. Se nós vivêssemos num tempo de superavit e de redução da dívida e de ausência de desemprego, o empreendedorismo continuaria a fazer sentido. Os empresários, os trabalhadores das empresas, as pessoas que se formam, as que não se formam e que estão no mercado a tentar perceber em que área devem investir do ponto de vista pessoal, que opções devem fazer, precisam sempre de ajuda. O Made In faz isso, é um balcão de ajudas, uma bateria de ajudas, é o espaço onde as pessoas que têm dúvidas podem ir à procura de respostas. E de lá saem esclarecidas, muitas saem com a ideia de que aquilo que tinham pensado não tem sucesso, que não é possível, não é de realização, é uma ideia teoricamente fantástica, mas que não vai ter condições para ser implementada. Outros saem com os meios para implementarem a ideia que tinham inicialmente pensado. É muito mais isto do que o lado económico de isenção e redução de taxas e de impostos. Na minha opinião, o lado mais importante é o lado do apoio, da mentoria, o lado do coaching, do acompanhamento, da formação, da sensibilidade para a perceção para aquilo que é necessário, do conhecimento de mercado, de estar ao lado do empresário quando tem êxito e é reconhecido, mas estar também ao lado dele quando as coisas correm menos bem. Estas Parcerias Público-Privadas são muito virtuosas. No fim, o Made In é uma parceria público-privada daquelas que mais falta faz à nossa sociedade.

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Já tivemos oportunidade de visitar uma empresa tecnológica em Famalicão que conseguiu reinventar-se perante a atual situação pandémica. Nota esse esforço nas empresas famalicenses, de não baixarem os braços? Que outros exemplos felizes para além da Wingsys nos pode dar? A circunstância que estamos a viver num concelho muito industrial como é o nosso levaria a que, naquele período de março a maio, muitas empresas fechassem portas. Salvo erro, fechou uma empresa, mas fechou por circunstâncias até pré-Covid. Não há mais relatos, não fecharam vinte, nem trinta empresas. Há mais desemprego, há processos descontinuados, há redução de produtividade, claro, tudo isso provoca não renovação de contratos a prazo. Mas não tem havido despedimentos coletivos, não tem havido nenhum fenómeno desses. Muito porque os empresários se têm reinventado, os trabalhadores têm compreendido as circunstâncias e têm estado mais disponíveis para colaborar com as próprias empresas e para se ajustarem às novas circunstâncias. É um tempo de ajustamento, é um tempo de perceção de que é preciso mudar algumas coisas e estar disponível. Acima de tudo há muito arrojo, há muito afinco, há disponibilidade das empresas de agarrar estas dificuldades como se de uma oportunidade se tratassem. O processo de implantação e de produção de equipamentos de proteção individual destas empresas foi fantástica. Não é por acaso que o CITEVE é a única entidade do país acreditada para certificar máscaras. É porque está aqui muita da produção desse setor. Vimos empresas no concelho de Famalicão que produziam estofos para automóveis a produzir milhões de máscaras por mês. Isso é um sinal de reinvenção, de ajustamento e de grande flexibilidade. Isto tem acontecido em todos os momentos e é dessa massa que se fazem os empresários famalicenses.

Sabemos que não há receitas milagrosas, mas qual é a melhor estratégia a aplicar em Famalicão para ultrapassar esta crise económica e social? Fazendo o que sempre fizemos. Eu acho que aqui “não há muito a inventar”. Com muita dedicação, com uma focalização muito grande, com muita competência, com muita disponibilidade para aprender, para receber novos conhecimentos, novos contributos, com uma perceção muito rigorosa do que é o mercado, com muito realismo. O otimismo deve ser muitas vezes temperado não com pessimismo, mas com realismo. As imagens que se vão criando de que isto vai passar como se fosse um arco-íris… Isto não passa assim. O arco-íris é uma coisa boa, mas não passa. O arco-íris aparece e minutos ou segundos depois pode desaparecer e está tudo igual, como estava antes do arco-íris ter aparecido. É inegável que vamos ficar com mazelas desta circunstância que estamos a viver, esperemos que poucas, mas algumas vão ficar. Se formos capazes de compreender isso e ajustar os nossos perfis na vida pessoal, como trabalhadores, mas também como empresas e empresários, vamos conseguir adaptar-nos e até crescer. Há casos onde é perfeitamente possível crescer, temos empresas no território que o estão a fazer. Tudo indicaria que iam perder capacidade, mas elas perceberam e enquadraram-se, reajustaram-se e estão a crescer. Ou, então, se pensarmos que vai haver um clique que vai ligar ou desligar um interruptor com uma vacina qualquer e que vai voltar tudo a ser o que foi no passado… Vai correr mal a quem pensa assim. Felizmente, em Famalicão não é esse o pensamento que subsiste. As empresas no seu todo não pensam assim, já estão a fazer ajustamentos para que a circunstância que estamos a viver faça parte do planeamento. Não estão a assobiar para o lado, não estão a ignorar a circunstância que estamos a viver. Essa é a melhor estratégia. Fazendo dessa forma estou seguro que quando tudo passar, do ponto de vista da saúde pública, a parte social e económica será mais fácil de tratar se tivermos esta forma de enfrentar a crise.

O otimismo deve ser muitas vezes temperado não com pessimismo, mas com realismo. As imagens que se vão criando de que isto vai passar como se fosse um arco-íris… Isto não passa assim. O arco-íris é uma coisa boa, mas não passa.

Como dizia há pouco, o Município tem-se notorizado também no desporto, em várias valências. Que tipo de iniciativas têm sido desenvolvidas pela autarquia para fomentar a prática desportiva? Temos muitos projetos na área do atletismo, da marcha, em tudo o que é ginásios, equipamentos de fitness e outras soluções empresariais que existem. Acima de tudo, temos uma aposta em todas as modalidades, o que permite que no contexto escolar o ensino na área da educação física e do desporto possa potenciar aos jovens múltiplas vertentes. Quem ministra uma aula de educação física ou desporto numa escola, qualquer que seja o seu nível, sabe que, se estiver a ensinar rugby, ele pode ser praticado em Famalicão. Se estiver a ensinar basquetebol, pode ser praticado em Famalicão. Se estiver a ensinar badmínton, pode ser praticado em Famalicão. Ou seja, há aqui uma ótica de continuidade entre a dimensão escolar e a dimensão da prática desportiva. Mas isso soma-se, repito, a muitos projetos municipais que existem. Dei o exemplo do atletismo e da marcha, mas há muitos projetos, por exemplo, na área dos portadores de deficiência, no Boccia. E não só na área da deficiência, mas também dos seniores! É um desporto muito massificado no nosso concelho. Temos campeões nacionais e paralímpicos, como é o caso do Luís Silva, uma referência no Boccia em Famalicão, alguém que esteve no início, no eclodir desta prática desportiva em Famalicão e no país, e que participou em vários Jogos Paralímpicos, em várias Olimpíadas, mas que fez com que este desporto hoje também pudesse ser disseminado para os nossos seniores. Temos competições a esse nível, temos ajuda à prática, monitores que ajudam não só no Boccia, mas também no atletismo para pessoas com deficiência, no basquetebol… Ou seja, temos muitas práticas em todas as faixas etárias, desde as crianças até aos seniores, passando pelos portadores de deficiência. É um processo de inclusão e o desporto também é isto! Temos muito boas ferramentas e muito boas condições para a prática de desporto. 

Qual é a área que ainda precisa de um forte investimento em Famalicão? Há muita coisa ainda a fazer. Nós ainda não concluímos a rede de água e saneamento e queremos concluir. Estamos muito perto daquilo que é a nossa ambição. Temos feito um enorme esforço e um grande investimento ao longo destes últimos anos… sem apoios comunitários, é bom notar. Foi mais fácil fazer saneamento e água nas zonas urbanas em que o quilómetro de água ou saneamento conseguia chegar a cem ou cento e cinquenta casas, com apoios comunitários de 85% e até de 100%, em alguns dos casos. Agora é preciso que o mesmo quilómetro, sem apoio comunitário, sirva quatro ou cinco casas. Veja a relação entre o investimento e o resultado, o retorno. Mas essas pessoas também têm que ter saneamento, também têm que ter água! É uma dificuldade, estamos persistentemente a fazê-lo, mas ainda há mais para fazer, não é algo que esteja terminado. A questão viária é um trabalho permanente, temos a ambição de concluir a variante A14, da ligação de Famalicão e a Maia, uma obra dependente do estado português, das Infraestruturas de Portugal, mas que o Município de Famalicão, como a Trofa e a Maia, se tem empenhado muito para que seja um projeto concretizável, um projeto bem sucedido. Temos a ambição de melhorar a parte lúdico-recreativa em todo o concelho, com os parques. Temos o Parque da Cidade, mas estamos a criar outros parques nas vilas, em pequenas comunidades, para que a qualidade de vida dessas pessoas também aumente da mesma forma, como o Parque da Cidade trouxe esse aumento qualitativo de vida neste perímetro urbano. É uma ambição levar parques, de outras dimensões, como é óbvio, a outras partes do nosso território. Como vê, há muito para fazer e, acima de tudo, há um trabalho que é permanente, que é o de empoderamento da nossa sociedade. Nós queremos capacitar cada vez mais os famalicenses do ponto de vista da formação, do entrosamento social. Temos projetos comunitários que têm como objetivo aproximar as pessoas, criar núcleos de freguesia, inter-freguesias, de entreajuda. Há muito a fazer a este nível para que, sempre que haja uma dificuldade, estejamos mais fortes e mais capazes. Se numa crise estivermos fortes, seremos bem sucedidos. Se não estivermos, vamos sofrer mais. É quase como a nossa saúde: se estivermos débeis num contexto gripal, vamos sofrer mais do que se estivermos bem fisicamente. Uma saúde física e psicológica em alto nível ajuda mais facilmente a viver um contexto de doença e a ultrapassar esse contexto, comparativamente a uma pessoa sem essas condições. O mesmo acontece com o território. Estamos a trabalhar para que estejamos em condições por forma a vencermos com mais facilidade, ou menos dificuldade, estas circunstâncias adversas que estão a acontecer agora… e que vão acontecer no futuro! As crises são cíclicas, como sabemos. Aliás, se olharmos para o nosso histórico, são muitos mais os anos em que vivemos numa chamada crise, do que aqueles em que não vivemos nela.

O que caracteriza o povo famalicense? São pessoas muito frontais, hospitaleiras, simpáticas, afáveis, acolhedoras. Muito respeitadoras, com uma dose de humildade que eu aprecio, não são excessivamente humildes, mas também não são presunçosas, não são arrogantes, têm uma dose muito interessante de humildade. São trabalhadoras, dedicadas, muito competentes, trabalham para se qualificarem cada vez mais. Produzem, produzem, produzem… como ninguém. E são a matéria-prima de excelência que temos no nosso concelho.

 

 

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