Freguesia do mês

Freguesia do mês: União de Freguesias de S. José de S. Lázaro e de S. João do Souto

União de Freguesias de S. José de S. Lázaro e de S. João do Souto

Freguesias com (muita) história

Já foram duas freguesias independentes, mas devido a uma reforma administrativa (Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro) que abarcou todo o país, hoje são uma só: União das Freguesias de Braga (São José de São Lázaro e São João do Souto). Até então, as duas freguesias contíguas funcionavam de forma autónoma, com território e órgãos próprios.

“A ex-freguesia de S. José de S. Lázaro, a segunda maior da cidade e a maior das duas agora unidas, quer em área, quer em número de habitantes, nasceu em 5 de setembro de 1747, pela mão do então Arcebispo de Braga, D. José de Bragança, que decidiu dividir a imensa paróquia de S. Vítor em duas: S. Vítor e S. José de S. Lázaro. A esta passou a corresponder o território situado fora da antiga cintura das muralhas da cidade, do lado nascente, até à rua de Santa Margarida e à depois denominada rua 31 de Janeiro, compreendendo, à data, uma importante zona urbana e outra rural”, explica João José Costa Pires, presidente da União de Freguesias de Braga (São José de São Lázaro e São João do Souto).

Em 1926, a paróquia sofreria nova mudança, sendo tomada a decisão de a dividir entre S. Lázaro e S. Vicente, ato que seria oficializado a 6 de dezembro de 1933.

“Das paróquias, divisões administrativas eclesiásticas, emergiram em definitivo, no início do século XX, mais propriamente a partir da publicação da Lei n.º 621/1916, de 23 de junho, as freguesias, divisões político-administrativas civis, embora, hoje, no caso vertente, não sejam coincidentes os respetivos territórios”, adianta o presidente.

Já a ex-freguesia de S. João do Souto, chegou a ser a freguesia mais pequena do concelho – tanto em área, como em número de habitantes –, mas foi sempre das mais significativas no que diz respeito ao património histórico edificado.

De acordo com João Pires, “a designação toponímica – S. João do Souto – advém-lhe, por um lado, do nome do orago da igreja paroquial – S. João Baptista –, por outro, ao que tudo indica, do facto de, em tempos remotos, a zona envolvente da igreja (onde foi batizado Francisco Sanches), ser um amplo espaço rural onde abundavam carvalhos e castanheiros – um souto”.

Apesar de pequena, a freguesia faz parte da história da cidade desde a sua fundação galo-celta, passando pelo período áureo da Bracara Augusta romana, tendo vindo a desenvolver-se e a valorizar-se cada vez mais ao longo dos séculos.

O Presidente explicou ainda à revista Minha que esta União de Freguesias de Braga incorpora na sua designação toponímica dois populares oragos paroquiais: S. José – celebrado a 19 de Março, o Dia do Pai – e S. João Baptista – que se celebra a 24 de junho, dia das maiores e mais emblemáticas festas religiosas e populares do concelho, as festas do S. João de Braga, que ali nasceram.

Uma visita que vale mesmo a pena

A União de Freguesias (UF), além de vasta, possui um património histórico riquíssimo e variado. Na ex-freguesia de S. José de S. Lázaro poderá, por exemplo, visitar o soberbo Palácio do Raio – o mais belo edifício Rococó português e um dos mais extraordinários em toda a Europa, de acordo com a União de Freguesias –, a Igreja e Convento dos Congregados, o Convento da Penha, a casa Rolão, a Fonte do Ídolo, a capela de S. João da Ponte, ou o Sítio dos Galos.

O Parque da Ponte é um dos locais mais aprazíveis da cidade pelas suas áreas ajardinadas em volta de um lago artificial. A flora desta zona é variada e as espécies arbóreas estão identificadas. Aqui terá espaço para correr, fazer um piquenique, ou saborear um café na esplanada junto ao lago. Não se esqueça de dar também um saltinho ao Estádio 1º de Maio e ao Pavilhão Flávio Sá Leite, símbolos desportivos bem conhecidos dos bracarenses. Não deixe de visitar o miradouro do Picoto, recentemente alvo de intervenção, para uma visão ímpar sobre a cidade.



Já na ex-freguesia de S. João do Souto, o destaque vai para os edifícios e monumentos que se tornaram autênticos símbolos da cidade, como a Arcada, a Torre de Menagem, a Casa dos Coimbras ou o antigo Paço Arquiepiscopal (atual Reitoria da Universidade do Minho). Do período Barroco é de salientar a Igreja de Santa Cruz, o extinto convento dos Remédios, a Igreja da Ordem Terceira de S. Francisco, a Igreja e convento do Pópulo e, do raiar do Neoclássico, a Igreja de S. Marcos. Já falando do período da Arte Nova, não podemos esquecer o icónico Theatro Circo, inaugurado a 21 de abril de 1915 e restaurado a partir de 1999.

Na União de Freguesias de S. José de S. Lázaro e de S. João do Souto, para além de vários espaços propícios a turismo e lazer, pode encontrar também o melhor do comércio tradicional (e não tradicional também!). Estamos a falar de zonas nobres da cidade onde, além de ser possível comprar artigos de todo o género e para toda a família, pode experimentar verdadeiros roteiros gastronómicos de fazer crescer água na boca. Gelados artesanais, café de saco para os amantes de cafeína, doçaria típica, folhados estaladiços e a tradicional gastronomia minhota espreitam ao virar de cada esquina. Também a vida noturna não é esquecida, havendo vários locais onde pode usufruir de uma bebida refrescante pelo final do dia.

O acolhedor Largo de S. João do Souto é, muitas vezes, palco de várias feiras e mercados com artigos para toda a família, assim como a Rua do Castelo serve, muitas vezes, o mesmo propósito.

Certames como a “Braga Romana”, ou a “Braga Barroca” também passam por aqui, assim como as tradicionais Festas de S. João. A Semana Santa também vê muitos dos seus eventos passarem por estas ruas cheias de história. Não falta o que ver, comer, beber e apreciar nesta União de Freguesias!

Uma União atenta aos fregueses

A União de Freguesias de S. José de S. Lázaro e de S. João do Souto sentiu, como todas as outras, os efeitos nefastos provocados pela pandemia da COVID-19. João Pires refere um “inimigo invisível” que a todos apanhou desprevenidos e com meios limitados para o combater. O confinamento, diz-nos, originou situações de enorme fragilidade em muitas famílias ,com redução ou perda de rendimentos provocadas por desemprego, lay-off, encerramento de estabelecimentos e escolas. A UF, incapaz de ficar indiferente, entrou em ação para mitigar os danos que assoberbavam tantos cidadãos.

“Para muitas dessas famílias, a junta de freguesia, qual elo de proximidade que liga o cidadão ao poder autárquico, foi o local onde depositaram as suas preocupações e carências; foi aí que encontraram algum apoio, quer ao nível de bens de primeira necessidade, quer como elo de ligação com outros organismos do Estado, como a Segurança Social. Em Braga e, em particular nesta União de Freguesias, merece especial destaque a Ação Social do Município e a Rede de Emergência Alimentar, bem como o contributo imprescindível do Banco Alimentar contra a Fome e de outras entidades com a cedência de bens destinados àquelas famílias”, explica o presidente.

Em relação ao comércio, João Pires faz questão de sublinhar alguns ensinamentos que a pandemia trouxe e que não devem ser menosprezados.

“É que, para além das superfícies comerciais, valeu-nos o pequeno comércio e a «mercearia de bairro» para que pudessem ser abastecidas as nossas casas com os bens necessários; nunca, como agora, foi tão importante e útil o comércio local, considerado como o motor de desenvolvimento das cidades; e Braga orgulha-se do seu comércio e das suas «Lojas com História»!”, afirma, orgulhoso.

A União de Freguesias conta com cerca de trinta desses estabelecimentos e entidades de interesse histórico, cultural e social. Alguns destes locais têm mais de cem anos de existência, ou seja, são “muitas as razões para que os bracarenses invistam no comércio local da cidade”, apela João Pires.

Passado, presente e futuro

Questionado sobre os sonhos que ainda tem para a União de Freguesias de S. José de S. Lázaro e de S. João do Souto, João Pires fez questão de lembrar alguns objetivos que já foram concretizados, como uma nova sede para a Junta de Freguesia. Depois da promessa feita e cumprida por Ricardo Rio, Presidente da Câmara Municipal de Braga, a inauguração do edifício “Pé Alado”, no Largo Carlos Amarante, como sede da União das Freguesias de S. Lázaro e S. João do Souto, aconteceu em dezembro de 2019.

“Outros sonhos, porém, animam o nosso propósito de lutar por melhores condições de vida para os nossos fregueses, sendo certo que muitos desses projetos são da responsabilidade da Câmara Municipal. Desde logo, elegemos como prioritário tudo o que diga respeito à reabilitação e conservação do espaço público, sejam ruas e passeios, parques infantis e zonas de lazer. À semelhança do que aconteceu já com outros espaços – Praça dos Arsenalistas, Praça Conde de Agrolongo, Urbanização do Carandá –, aguardamos a reabilitação para breve da Praça Francisco Araújo Malheiro e a instalação de um novo e moderno parque infantil”, explica João Pires.

No que diz respeito ao património edificado, a União de Freguesias de S. José de S. Lázaro e de S. João do Souto encontra-se a aguardar “a concretização da obra que resultou de um Protocolo de Parceria entre a União de Freguesias e a Celestial Ordem Terceira da Santíssima Trindade da Igreja do Pópulo com vista à valorização daquele que é um magnífico exemplar do património religioso de Braga, classificado como imóvel de Interesse Público desde 1977”. O Protocolo permitiu mesmo uma candidatura a fundos comunitários designada “Valorizar a Igreja do Pópulo: Reabilitação, Conservação e Promoção”, aprovada em dezembro de 2019 pelo Norte 2020. A operação, que conta com um investimento elegível de 996.628,70 €, tem como principal objetivo a valorização da Igreja do Pópulo, mas também a promoção de outro património religioso da UF, tarefa que ficará a cargo da Junta de Freguesia.

Sonhos não faltam e esta União de Freguesias quer continuar a crescer, ambicionando um futuro risonho, atento aos fregueses. Como é sabido, a união faz a força, por isso não são de estranhar as últimas declarações de João Pires à revista Minha.

“De notar que o trabalho realizado é fruto não de uma só pessoa mas de uma equipa que é animada pelos mesmos objetivos e sonhos, daí que dirija uma saudação de profundo reconhecimento aos colegas do Executivo, Maria Ester Taveira, Paulo Machado, Maria Amélia Rodrigues e Miguel Pires”, conclui.

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