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Viagem até ao Ermelo

O mês de janeiro, depois dos gastos com as prendas de Natal e as euforias com a entrada no Ano Novo, é propício a todo o tipo de dietas. Como se isso não bastasse, janeiro é um daqueles meses do ano que parece nunca mais ter fim. Nunca percebi porque é que os dias, que começam a ser maiores, passam tão lentamente. Talvez, por isso mesmo… por começarem a ser maiores. Em janeiro, passinho de carneiro, como diz o povo. 

Ora, se o tempo passa assim tão devagar em janeiro, não há nada como aproveitar isto para passear e conhecer, ou revisitar, locais que, nesta altura do ano, assumem particular beleza.

O nosso destino, este mês, fica no concelho de Arcos de Valdevez e garanto que vai ser delicioso, em todos os sentidos… prometo! Saindo de Braga, vamos em direção a Vila Verde e seguimos para Ponte da Barca, onde não chegamos a entrar na vila. Na rotunda que dá acesso ao centro de Ponte da Barca, prosseguimos na Estrada Nacional 101. E, mais à frente, em vez de virar na rotunda em direção ao centro de Arcos de Valdevez, entramos na Estrada Nacional 203, que vai para o Lindoso, onde estivemos no mês passado. Agora é preciso um pouco de atenção. Depois de passar a igreja paroquial de Touvedo São Lourenço vai ter que virar no primeiro corte à esquerda que encontrar. Quando vir uma hidroelétrica à sua esquerda, atravesse o rio para a outra margem e, a partir daqui, vai chegar à Estrada Municipal 530, onde vira à direita. Pronto, estamos quase a chegar. Agora já não tem nada que enganar porque, indo sempre em frente, chegamos a Ermelo, onde o GPS dirá… “Chegou ao seu destino”.

O que nos traz aqui é, mais uma vez, o património edificado que, neste caso, garanto, vale mesmo a pena visitar e apreciar cada recanto que nos faz recuar no tempo e perceber que as dificuldades económicas não são uma coisa apenas dos nossos dias.

Em Ermelo, é o mosteiro beneditino quem nos faz aqui chegar. Diz-nos alguma bibliografia que foi a mãe de D. Afonso Henriques, D. Teresa, quem mandou fundar este mosteiro, erguido mesmo ao lado do rio Lima, embora não o tenha acabado, o que é perfeitamente percetível na arquitetura da igreja. No entanto, a lenda que por aqui se conta é que a filha de rei Ordonho II, D. Urraca, quis construir um cenóbio e, partindo à procura de um local, encontrou o Soajo e logo contou ao pai, que achou o projeto demasiado grande. D. Urraca, então, mandou edificar o mosteiro na profundeza do vale, na solidão do ermo, e chamou-lhe Ermelo.

Feito este enquadramento, não hesite em admirar tanto o exterior como o interior da igreja do Mosteiro de Ermelo, onde anualmente acontece uma das maiores romarias dedicadas a S. Bento no Alto Minho. Aliás, aqui, a imagem de S. Bento, com o seu chapéu, é de grande beleza, e é uma representação única no país.

Depois de ver bem todos os pormenores deste antigo mosteiro, com as suas características arquitetónicas ligadas ao românico, é tempo, não de ir embora, mas de olharmos à nossa volta. Os campos aqui estão repletos de laranjeiras. Pelo micro-clima que dizem aqui existir, a laranja do Ermelo é única no mundo. Sumo, doçura, beleza, em resumo, deliciosa. Disseram-me uma vez que são os espanhóis que aqui mais vêm comprar baldes de laranjas. Em cada casa encontramos quem as venda.

Mas, se provar as laranjas do Ermelo, que  é uma experiência a não perder, não se pode esquecer de degustar, e depois comer, os famosos “Charutos dos Arcos”, que foram eleitos uma das 7 maravilhas dos Doces de Portugal. É que este doce conventual, na sua receita original, tem que ser feito com as laranjas do Ermelo! 

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