O frio do mês de dezembro leva, muitas vezes, a que o calor da lareira seja a força maior que nos faz ficar no recato do lar, num “dolce fare niente”.

Contudo, sendo este um dos meses do ano em que mais tempo passamos à volta da mesa recheada de iguarias repletas de calorias, o melhor é mesmo fazer-nos à estrada e juntar o útil ao agradável, ou seja, gastar energia numa boa caminhada e descobrir património que nos permita um melhor conhecimento da nossa região.

E, para este mês de dezembro, num intervalo entre os jantares e almoços de Natal e o jantar da consoada ou a farra do Ano Novo, a proposta é ir até ao concelho de Ponte da Barca, onde não faltam… boa gastronomia e vinhos!

A viagem até àquela vila do Alto Minho não é difícil de fazer, podendo ser feita pela “monotonia” e rapidez da A3, ou então pela Estrada Nacional 101 que passa pelo centro de Vila Verde, Pico de Regalados, Portela do Vade até ao centro de Ponte da Barca.

E vale mesmo a pena passar pelo centro desta vila para admirar as margens do rio Lima, a ponte que liga ao concelho de Arcos de Valdevez, a igreja matriz e o desafio de encontrar… a Rua da Amargura. Sim, ela existe e, geralmente pensamos nela quando, no final da época natalícia olhamos para a balança.

Mas, como as tristezas não pagam dívidas, o melhor é, então, seguir caminho e, saindo do centro da vila de Ponte da Barca, vamos em direção ao Lindoso, pela Estrada Nacional 203, que acompanha as curvas do rio Lima. Não se iniba de parar a meio do percurso para olhar a paisagem e admirar as águas deste curso de água. 

Uma vez chegados ao Lindoso, ninguém fica indiferente ao grandioso castelo que aqui foi edificado no século XIII, e não pelo rei D. Dinis, como algumas opiniões menos esclarecidas afirmaram no passado, para defender a fronteira com a vizinha Espanha.

A visita a este castelo é obrigatória para entendermos que o Lindoso é um exemplo da evolução da arquitetura militar no Minho e imaginarmos as duras batalhas que aqui foram travadas no passado. Aliás, aqui já foram realizadas algumas recriações históricas que trouxeram ao concelho de Ponte da Barca muitas pessoas.

Aqui também aconteceram algumas histórias engraçadas como aquela que ocorreu em 1932, aquando da visita do então Arcebispo Primaz de Braga a Ponte da Barca. Quando o prelado chegou ao Lindoso, tal como era costume, foi carregada a única peça de artilharia que ainda existia no castelo, para ser disparada em honra a esta visita pastoral e como sempre acontecia aquando da visita de autoridades. No entanto, as coisas não correram bem e, na altura do disparo, a peça rebentou e ficou estilhaçada.

No castelo é possível fazer partes do trajeto das vigias, junto das ameias e, se não tiver vertigens, vale a pena passar na parte que está virada para o centro do Lindoso. Se gosta dos espigueiros do Soajo, no concelho de Arcos de Valdevez, vai ficar deslumbrado com os do Lindoso. São, também eles, comunitários e, provavelmente, em maior número, mas menos conhecidos.

Por isso, quando sair do castelo, não hesite em ir lá mesmo conhecê-los de perto, antes de regressar a casa, ou ao centro de Ponte da Barca, para um pequeno lanche regado com um fantástico vinhão da Adega Cooperativa.