Vidas

Olágueibes

Empreender é um ato de coragem. Sair da zona de conforto, investir em ideias, inovar, trabalhar para si… quem decide por este caminho sabe a corda bamba em que precisa de se equilibrar. Porém, apesar dos riscos, alguns negócios são capazes de mudar vidas. E é sobre isto que falamos nesta edição. Um exemplo real, de uma mulher real, que aos poucos tem sua marca reconhecida por todo o país! Inspirem-se e digam olá à Olágueibes!

Bracarense de São Vicente, Gabriela Duarte é uma jovem de 30 anos, esposa e mãe que, num momento de necessidade, optou pelo empreendedorismo. Há cerca de sete anos, desempregada e com uma filha pequena, o subsídio de desemprego era a sua única fonte de rendimento. “O negócio foi criado num momento de desespero. Foi crescendo aos pouquinhos com muito esforço, mas quando me lembro… Eu tinha 23 anos, tinha a minha filha pequenina, estava acordada a pensar no que ia fazer da minha vida e pensei: «e se fizesse peças assim e assim…?»”, conta Gabriela, lembrando-se da ideia que originou a nova fase da sua vida.

Formada em Design de Moda, Gabi, como é conhecida, iniciou o seu negócio com maxicolares, acessórios muito utilizados para estilizar looks básicos, principalmente as T-Shirts. Esta combinação levou a designer a investir nas camisolas, repensando a maneira de as utilizar e colocar nelas a sua própria identidade. “Quero apoiar-me muito no feminismo, tentar passar uma mensagem. Quem olha para nossas estampas identifica a Olágueibes e agora já nos procuram por causa disto. Conseguem usar as T-Shirts e expressar algo. Fizemos uma campanha contra a violência doméstica e fez um imenso sucesso”, explica Gabriela, satisfeita com o alcance de sua marca e, consequentemente, da mensagem. As imagens popularizadas por Gabi são minimalistas, com traços semelhantes ao trabalho manual, algo que a empreendedora admitiu gostar. “Eu tirei o curso de desenho, mas sempre gostei de fazer tudo à mão. Então começaram a surgir as T-Shirts”, conta.

Com a ideia pronta e a coragem de arriscar, Gabriela investiu na internet como ferramenta de vendas e nas redes sociais como principal forma de divulgação. Com T-Shirts invulgares e de muita personalidade, a Olágueibes caiu nas graças do público feminino. Oriundos de todos os distritos e até mesmo de fora do país, a marca tem clientes de todas as idades que se renderam ao estilo irreverente e intemporal produzido por Gabi. Influencers portuguesas também fazem parte deste clube de fãs, como é o caso d’ A Pipoca Mais Doce. As T-Shirts, almofadas e telas vendem-se todos os meses do ano, chegando a 500 encomendas por mês. Com mais de 20 mil gostos no Facebook e a crescente expansão no Instagram, os folhos e flores da Olágueibes já são conhecidos e requisitados por todo o país.


O negócio, já consolidado, deu a Gabi a oportunidade de dar novo passo: a abertura de uma loja. Localizada na Rua Cruz de Pedra, no centro da cidade, a Olágueibes vende todas as suas peças num espaço reservado. A designer utiliza o espaço também como um showroom, onde os clientes podem conhecer o espaço em que produz as camisolas e conseguir, no imediato, os seus produtos. A marca de Gabi é um exemplo de coragem e confiança nas próprias habilidades. Ainda assim, todas as novidades trazem dificuldades. “Os desafios estavam todos dentro de mim. Primeiro, o medo, a ansiedade. Será que vou conseguir tirar um salário lá para casa? Será que mais vale trabalhar para alguém, mesmo que não seja na área? Porque hoje na área é muito complicado. Eu não tenho carta de condução, por opção, e em todas as entrevistas a que ia, queriam ficar comigo, mas eu tinha uma filha pequena e não tinha carta de condução. Senti a necessidade de ter o meu negócio. Claro que há alturas boas, alturas menos boas, alturas de stress… e eu levo isso um bocadinho para casa. Uma coisa é trabalharmos para alguém, outra coisa é trabalharmos para nós”, desabafa Gabriela.

A designer casou e constituiu família cedo. Por este motivo, uma loja própria encaixava-se no seu estilo de vida. “Sempre quis uma família muito grande, com muitos filhos. Se pudesse teria uns quatro, mas tenho dois e vou ficar por aqui. O meu marido trabalhava de noite e os nossos horários eram distintos. Eu comecei a trabalhar na garagem e senti a necessidade de ter o meu horário para conciliar com a família. Muita gente começou a perguntar se tinha loja e decidi abrir uma”, conta Gabriela. Assim como muitas mulheres, a designer tem obrigações para com a casa e os filhos e precisa de um horário flexível. Dedicada a uma atividade que gosta, utiliza as experiências como mãe e mulher para potencializar o negócio e os conjuntos de mãe e filha são produtos originários desta vivência. Com coragem e criatividade, Gabriela é um exemplo de empreendedorismo real, com medos, erros, acertos e vitórias genuínas e inspiradoras. Quem sabe a próxima boa ideia e sucesso não podem estar em si?

       

1 Comentário

  • José Silva

    Boa tarde eu sou suspeito para falar algo sobre esta batalhadora guerreira de gema porque sou seu (tio) conheço-a desde o berço (saiámãe) mulher sem medo olhar de frente nariz inopinado este é que é o caminho. Mas é de realçar o esforço a iniciativa a vontade de vencer sabendo das dificuldades de ser Mãe e esposa e ao mesmo tempo Empresária que começa do nada e hoje não tem barreiras metas atingir. Desejo muito sucesso Guerreira de Gema

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