No dia 10 de junho assinala-se o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. De 1933 a 1974, durante o regime do Estado Novo, este dia era conhecido como o “Dia da Raça: a raça portuguesa ou os portugueses”. O dia foi implantado como feriado na sequência dos trabalhos legislativos depois da implantação da República, a 5 de outubro de 1910. Por essa altura, muitos dos feriados existentes foram eliminados, sobretudo os católicos. O decreto que regulava estes dias dava oportunidade aos municípios e concelhos de escolherem um dia que representasse as suas festas tradicionais. Lisboa escolheu o 10 de junho como feriado municipal, em homenagem a Luís Vaz de Camões, já que corresponde ao dia da sua morte. O que começou por ser apenas um feriado municipal, depressa passou a ser celebrado a nível nacional, com particular exaltação do Estado Novo. Em 1978 a sua designação foi alterada para aquela que conhecemos hoje em dia.
Luís Vaz de Camões: as curiosidades
Terá nascido em 1524 e morrido em 1580. Temos a certeza que escreveu os Lusíadas e que, por isso mesmo, recebeu uma tença do Rei. Tudo o resto são suposições, já que não há registos que atestem a veracidade dos factos que lhe são atribuídos.
Duas edições
As suas aventuras contra os mouros em África e Índia fizeram com que Camões chegasse a Portugal com um poema monumental de mais de mil estrofes que narrava as conquistas portuguesas. Há quem diga que os Lusíadas estiveram perto de não ver a luz do dia, já que Camões terá sofrido um naufrágio de regresso a Portugal. O que é certo é que a obra se salvou: há duas edições do poema no mesmo ano e ninguém sabe ao certo qual delas é a primeira. Depois de várias investigações, acredita-se que a obra original estará no Ateneu Comercial do Porto.
Romances sem fim
De acordo com “Até que o Amor me Mate”, livro de Maria João Lopo de Carvalho, Camões terá amado sete mulheres ao longo dos seus 55 anos de vida. O que é certo é que o poeta era um homem de paixões, não distinguindo as mulheres pela raça, religião ou mesmo estado civil. Muitos dos seus versos são dedicados às suas paixões, correspondidas na sua maioria.
1579 ou 1580?
Outra incógnita sobre Camões é a data da sua morte. O amigo Gonçalo Coutinho mandou fazer a sua lápide e lá mandou gravar as seguintes palavras: “Aqui jaz Luís de Camões. Príncipe dos poetas do seu tempo. Viveu
pobre e miseravelmente e assim morreu, no ano de 1579. Esta campa lhe mandou aqui pôr D. Gonçalo Coutinho, na qual não se enterrará pessoa alguma”.
A morte de Camões pareceu passar despercebida, mas quando os historiadores deitaram as mãos ao documento que Filipe I de Portugal entregou à mãe do poeta, aperceberam-se que a data do seu falecimento aparecia associada ao ano de 1580.
Ossadas perdidas
Vítor Aguiar e Silva, autor do “Dicionário de Luís de Camões”, afirma que os restos mortais que se encontram no Mosteiro dos Jerónimos podem não ser os do poeta. Isto porque o Terramoto de 1755 destruiu o túmulo de Camões que se encontrava na Igreja de Sant’Ana. Em 1854 uma comissão partiu para a igreja com a missão de encontrar as ossadas e encontrou um relatório que teria sido apresentado ao rei D. Luís I. No documento explicava-se a descoberta de alguns restos mortais que deveriam ser os de Camões. As palavras não continham certezas, mas, ainda assim, fez-se a trasladação para o Mosteiro.
Pobre até morrer
Em 1552 o poeta terá sido preso: há quem diga que por um assalto, outras teorias apontam a agressão a um membro da corte. O certo é que, depois de um ano preso, rumou à Índia, onde a pobreza terá sido tanta que apenas com a ajuda de amigos terá conseguido regressar a Portugal. Depois de mostrar ao Rei “Os Lusíadas”, foram-lhe oferecidos 15 mil reis anuais por um período de três anos. Se há quem atribua as culpas da sua pobreza à sua desorganização e leviandade, alguns historiadores defendem que D. Sebastião não cumpria as datas de pagamento.