Nascido a 16 de março de 1825, em Lisboa, Camilo Castelo Branco (1825-1890) é um dos escritores mais produtivos e carismáticos da literatura portuguesa do século XIX. Camilo perdeu a mãe ainda em criança e, mais tarde, o pai, ficando entregue a familiares no Norte de Portugal, mais precisamente em Vila Real. A sua educação foi irregular, mas o gosto pela leitura e pela escrita levou-o a desenvolver uma cultura autodidata impressionante.
Chegou a frequentar o curso de Medicina no Porto, mas o fascínio pela literatura falou mais alto e abandonou os estudos para se dedicar à escrita. Camilo Castelo Branco escreveu mais de 260 obras, entre romances, teatro, ensaios e crónicas, e a sua escrita, profundamente emocional e marcada por um realismo crítico, influenciou gerações de leitores e escritores.
Em 1850, conheceu Ana Plácido, casada com um comerciante. Em 1860, na sequência de um processo de adultério desencadeado pelo marido de Ana Plácido, com quem mantinha um relacionamento amoroso desde 1856, Camilo e Ana Plácido são presos, acabando absolvidos no ano seguinte por D. Pedro V.
O romance Amor de Perdição (1862) é a obra mais emblemática de Camilo Castelo Branco e foi escrita em quinze dias, durante a sua prisão na cadeia da Relação do Porto, por adultério. Conta-nos a história de um amor proibido, com o trágico destino de Simão Botelho e Teresa de Albuquerque, separados pelas convenções sociais, e que se transformou num dos maiores clássicos da literatura portuguesa.
Em 1964, fixou-se em São Miguel de Seide, Vila Nova de Famalicão com Ana Plácido, o filho Jorge e outro filho dela mais velho, Manuel, na casa que este herda do marido da mãe, entretanto falecido. Depois, nasce-lhes o filho Nuno. Foi ali que encontrou um refúgio para continuar a sua produção literária, mas também onde enfrentou o declínio da sua saúde e das suas finanças.
Entre outras obras notáveis que escreveu nos anos seguintes, destacam-se A Queda de um Anjo (1866), Eusébio Macário (1879) ou A Brasileira de Prazins (1882), entre outras. A Casa de Camilo, localizada na referida freguesia famalicense, tornou-se o seu lar e hoje é um museu dedicado à sua vida e obra. É um espaço de preservação do seu legado, onde se podem encontrar objetos pessoais, primeiras edições das suas obras e documentos que testemunham o seu percurso.
Nos últimos anos de vida, Camilo sofreu de uma progressiva perda de visão, tornando-se incapaz de continuar a escrever. Desesperado e sem encontrar alternativa, suicidou-se a 1 de junho de 1890, na sua casa em S. Miguel de Seide. A sua morte trágica marcou o fim de uma das mais intensas vidas da literatura portuguesa. No entanto, o seu legado permanece vivo. Camilo Castelo Branco continua a ser uma referência literária, estudado e admirado pela profundidade das suas personagens e pela crítica mordaz à sociedade do seu tempo. Em Vila Nova de Famalicão, a Casa-Museu de Camilo perpetua a memória do escritor, garantindo que a sua obra e a sua influência nunca sejam esquecidas.
Aconselhamos A LEITURA
210 páginas
“NO BOM JESUS DO MONTE”
Reedição deste romance, geograficamente centrado no conhecido santuário católico da cidade de Braga. Ao mesmo tempo que narra histórias de amor diversas, explora inicialmente uma forte dimensão biográfica de Camilo Castelo Branco, sendo dedicado ao amigo e erudito vimaranense Francisco Martins Sarmento.