Escritor de fevereiro
John Maxwell Coetzee, ou J.M. Coetzee, como é amplamente conhecido, é uma das figuras mais notáveis da literatura contemporânea. Nascido a 9 de fevereiro de 1940, na Cidade do Cabo, na África do Sul, Coetzee cresceu num país profundamente marcado pelas divisões raciais do apartheid, um tema que permeia grande parte da sua obra. Este escritor, reservado e avesso aos holofotes, não é apenas celebrado pelo seu estilo literário conciso e introspetivo, mas também pela profundidade ética e filosófica das suas narrativas.
Coetzee cresceu num lar anglófono, mas cedo se confrontou com a dualidade linguística e cultural da África do Sul, onde o afrikaans coexistia com o inglês. Após concluir os estudos secundários, formou-se em Matemática e Línguas na Universidade da Cidade do Cabo. Posteriormente, em busca de horizontes mais amplos, mudou-se para o Reino Unido, onde trabalhou como programador informático. A sua ligação com a literatura, contudo, começou a ganhar forma durante esse período, especialmente enquanto estudava o romancista irlandês Samuel Beckett, cuja influência é visível no estilo contido e austero de Coetzee.
Em 1971, obteve o doutoramento em Linguística pela Universidade do Texas, nos Estados Unidos, com uma tese sobre literatura inglesa e ficção moderna. Foi também nesse período que começou a escrever ficção, marcando o início de uma carreira literária notável. Regressou à África do Sul, onde lecionou na Universidade da Cidade do Cabo, e dedicou-se à escrita com uma voz inconfundível, moldada por uma visão crítica do mundo que o rodeava.
A sua obra é marcada por temas como a injustiça, a exploração, a solidão e as complexidades das relações humanas e Coetzee é frequentemente descrito como um autor da consciência moral, oferecendo retratos desconfortáveis, mas necessários da natureza humana. Entre os seus trabalhos mais célebres estão Vida e o Tempo de Michael K., À Espera dos Bárbaros, A Ilha, A Idade do Ferro, Infância, ou A Desgraça, entre outros.
Relativamente à vida pessoal de Coetzee, é notoriamente discreta. É vegetariano, defensor dos direitos dos animais e vive com uma rotina simples. Desde 2002, reside na Austrália, onde obteve a cidadania em 2006. Apesar de ser uma figura reservada, Coetzee nunca evitou enfrentar questões polémicas ou difíceis, tanto na sua escrita como na vida pública.
Em 2003, foi galardoado com o Prémio Nobel de Literatura, reconhecimento máximo pelo impacto profundo da sua obra na literatura mundial.
Aconselhamos a leitura 192 páginas
“Infância”
Uma obra profundamente introspetiva, onde o autor explora memórias da sua juventude num país marcado por tensões raciais. Um retrato honesto da solidão e do crescimento num mundo dividido. Leitura tocante e universal.