Finanças

«O ENSINO DEVERIA INCLUIR UMA DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA»

Este mês, entrevistamos Carina Meireles, consultora financeira com larga experiência em Portugal. Nesta conversa onde abordamos o seu trajeto profissional, Carina Meireles revela-nos alguns projetos pessoais e profissionais, e dá algumas dicas para poupar nesta quadra natalícia.

De onde vem o gosto em falar sobre temas ligados às finanças pessoais e empresariais?

Eu desde pequena que sempre fui muito organizada e tinha o meu mealheiro que me ajudava a gerir a minha semanada e mesada e ainda não andava na Universidade e já dizia ao meu pai que gostava de ir trabalhar para um Banco… e assim foi. Desde essa altura que as finanças pessoais e empresariais me interessaram cada vez mais e, ao longo dos anos, no meu dia a dia, sempre gostei de saber sempre mais.

Como tem sido exercer esta profissão ao longo da sua vida?

Tem sido um desafio fantástico, porque tenho mais de 20 anos de experiência na banca o que facilitou e muito todo o trabalho que tenho vindo a desenvolver fruto de toda a aprendizagem na área financeira.

O que diferencia um bom consultor dos outros?

Para mim, uma das coisas mais importantes e que fazem toda a diferença é o saber adequar a solução às reais necessidades dos clientes. Tem o seu novo programa “Finanças a Contar” no Porto Canal.

O que vamos poder ver neste novo projeto?

Um programa dinâmico muito próximo dos portugueses, com convidados muito especiais, que nos acrescentam muito em conhecimento, partilhando experiências, dicas, etc, com desafios semanais e muito muito mais.

O que acha que ainda pode ser feito, para fazer a diferença nas finanças pessoais?

Ter por exemplo em todas as escolas do país, uma disciplina de educação financeira, desde o primeiro ciclo, porque, infelizmente, nem todas as escolas têm e uma das coisas que adoro fazer, tendo feito já em 2019 e que vou, este ano, voltar a fazer, é estar presente na escola EB1 de Nogueiró para dar uma aula às crianças sobre educação financeira. Um programa como o Finanças a Contar que tem esse objetivo, e chegar mais perto das pessoas com temas atuais ligados às Finanças Pessoais.

Onde estão, normalmente, os problemas das famílias em dificuldades e como corrigi-los?

Muitas das vezes as famílias, não sabem onde gastam o seu dinheiro, logo a resposta é que não conseguem poupar. Das coisas mais importantes a fazer é saber onde se gasta o dinheiro, para depois perceber se existem alternativas, de poder colocar algum valor de parte mensalmente, por exemplo. Também o facto de existirem ainda muitas famílias endividadas, por exemplo, com vários créditos e que não fazem uma revisão anual aos gastos com os bancos. Uma das formas neste caso de melhorar a situação financeira, é juntar todos os créditos num só, que é a mesma coisa que ter um Crédito Consolidado. Um facto também muito importante e que ajuda a ter um controlo mais efetivo da sua vida financeira passa por reduzir os custos com os bancos e fazer, uma vez por ano, uma análise e negociação com a Banca para pagar menos, o que acaba por não acontecer para muitas famílias e até mesmo empresas. Saber como investir mais e melhor, como criar uma renda extra, etc.

A educação financeira ainda não está devidamente enraizada nos portugueses. Como é possível ultrapassar esta dificuldade?

Muita divulgação, por exemplo, através de programas como o “Finanças a Contar” do Porto Canal, onde uma das minhas preocupações enquanto apresentadora do programa é trazer temas atuais, com convidados que muitas pessoas conhecem e se identificam e que acrescentam muito conhecimento prático. Criar mais formação a este nível e também as escolas apostarem na educação financeira, como forma de tornar as crianças e jovens em adultos no futuro, mais responsáveis financeiramente.

Que papel devem ter governo, empresas e cidadãos?

Todos temos o nosso papel e podemos fazer a diferença. O governo pode incentivar à poupança, por exemplo, com alguns benefícios fiscais, as empresas apostarem mais na formação dos seus colaboradores nesta matéria, tornando-os mais conhecedores deste mundo financeiro, resolvendo, muitas das vezes, questões que, com especialistas na matéria se torna mais fácil. E cada um de nós apostar também em querer saber mais e mais sobre como poupar mais e melhor, como gerir bem o dinheiro, como investir, etc.

O que diria a um jovem que pretende construir um futuro feliz, pessoal e financeiramente?

Diria que deve saber gerir bem o dinheiro, para ter equilibradas as suas finanças, apostar em formações especializadas e não apenas consultar na internet que é cada vez mais diversificada. Quando estamos bem financeiramente, a nossa vida pessoal e profissional torna-se mais equilibrada e feliz.

Que investimentos podem ser feitos com pouco dinheiro?

Para que possa investir mesmo com pouco dinheiro, deve definir primeiro quanto pode investir, começando por criar objetivos bem concretos e criar planos para lá chegar. Deve definir também o seu perfil de investidor, para que consiga tomar as melhores decisões. Depois, pode começar com um valor pequeno e com a ajuda de, por exemplo, o seu gestor de conta, veja quais as melhores opções, não esquecendo que é muito importante a diversificação, ou seja, não colocar “os ovos todos no mesmo cesto”. Se aplicar uma parte em produtos de risco, como por exemplo, Fundos de Investimento, ou ações ou obrigações, siga o aconselhamento de um especialista em mercados financeiros, análise dos custos e faça investimentos com tempos diferenciados. Compare as diversas opções e saiba exatamente onde está a investir o seu dinheiro. Conheça todos os riscos associados, mesmo investindo pouco.

E com valores mais altos, que investimento(s) sugeria?

Para quem decide investir e é desconhecedor de mercado deve ter em atenção que deve começar por produtos de baixo risco, com um investimento reduzido, para se orientar e com o devido acompanhamento, que poderá vir do Banco, perceber se está no bom caminho. É importante que tenha uma estratégia bem definida de ganhos, de acordo com os objetivos traçados, não esquecendo que, quanto maior o risco maior a necessidade de alargar o horizonte temporal de forma a poder obter um ganho de acordo com o esperado e previsto. Tudo depende de quanto pretende investir e por quanto tempo. Um dos aspetos principais a ter em consideração é a diversificação do capital, de forma a diversificar o risco. Quando falamos em valores elevados, também depende muito do perfil de investidor de cada pessoa, mas para ganhar mais tem que arriscar. Para arriscar deve conhecer muito bem onde está a aplicar o seu dinheiro, e com valores altos, se pode fazer de forma mais evidente, mas com o risco calculado no tempo.

Qual o erro mais comum que as pessoas cometem na maneira de se relacionar com o dinheiro?

Gastarem sem pensar. Uma coisa aqui outra ali e no final gastam sem pensar, o que faz com que não exista controlo sobre os gastos.

Aproxima-se o Natal, um período, tradicionalmente, de muitos gastos. Que dicas podem ajudar os consumidores a poupar nesta quadra natalícia?

Gerir bem as compras de Natal, criar um orçamento para as compras de Natal e dividir os gastos com a restante família para poupar tempo e dinheiro, aproveitando ao máximo esta época natalícia em família.

Em termos pessoais, o que ainda lhe falta fazer mais? Algum projeto a caminho?

Existem mais projetos que não posso divulgar para já, que estão previstos para 2022. Mas posso revelar um: terminar um livro que pretendo lançar no novo ano.

 

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