A campeã nacional de karting que sonha com a fórmula 1
Tem 15 anos. É de Braga. E está entre as maiores promessas nacionais de karting. Falamos de Francisca Queiroz ou “Kika”, como é carinhosamente tratada por amigos e familiares. E se dissermos que só deu os primeiros passos nesta modalidade em 2020, o caso torna-se muito mais surpreendente, uma vez que a jovem piloto cometeu a proeza de conquistar, logo no seu ano de estreia, o título nacional na categoria de júnior feminino.
Esta entrevista decorreu em pleno kartódromo de Braga, local onde tudo começou. Verdadeira apaixonada pelo desporto motorizado, o seu primeiro desejo passava pelo motocrosse, até que um dia, em janeiro do ano transato, foi levada pelo pai, Miguel Aguiar, e alguns amigos a experimentar o karting. O gosto pela modalidade começou no momento em que fez a primeira volta na pista.
Alegre e calma fora das pistas, quando veste o fato e o capacete, torna-se séria, competitiva e destemida. E é com este foco que tem vindo a surpreender. «No inicio tive que adaptar-me. Nunca tinha entrado num kart. Mas adorei a primeira experiência e não quis parar mais. Depois, com os treinos, fui evoluindo e gosto cada vez mais desta modalidade. É uma paixão», contou à Revista Minha.
Este entusiasmo foi de tal forma imediato, que as performances alcançadas nos treinos, rapidamente levaram “Kika” a outros patamares. Em agosto de 2020 fez a sua primeira prova oficial, no Troféu Rotax. Sem qualquer experiência na modalidade, a jovem piloto surpreendeu tudo e todos e alcançou o 2º tempo nos treinos cronometrados. Depois, em dezembro do mesmo ano, na derradeira prova do Campeonato de Portugal de Karting, em Viana do Castelo, Francisca Queiroz, alcançou o 3.o lugar da geral e conquistou o seu primeiro pódio, na sua ainda curta carreira. «Foi surpreendente e espetacular. E fiquei muito orgulhosa», revela.
Apesar de estar a dar os primeiros passos na modalidade, “Kika” já sentiu também os palcos internacionais. A sua primeira experiência decorreu ainda em dezembro de 2020, no Rotax Max Challenge International Trophy, em Portimão. Nesta prova, que contou com dezenas de pilotos, a jovem bracarense classificou-se em 19.o lugar na Final B. «Gostei muita da experiência. Eram muitos pilotos e consegui aprender muito, em pouco tempo», refere.
Recentemente, no passado mês de julho, participou no IAME Euro Series Italy 2021, tendo sido a única representante lusa na competição. Apesar da visível evolução que apresentou desde o primeiro ao último dia, na última corrida, ainda na volta de formação, o motor do kart «não colaborou e gripou». «Fiquei um pouco triste. Foi o momento mais negativo que tive neste ano e meio», aponta. Apesar do percalço, “Kika” não desanima, olha para o futuro próximo e traça algumas metas que pretende alcançar. «Gostaria de ser campeã nacional na Geral. Vou trabalhar para isso. Com foco, dedicação e muito trabalho», assegura.
Importância do apoio familiar
O pai, a mãe e a irmã são os principais suportes de Francisca. E também os seus maiores entusiastas. «Têm sido o meu maior apoio. Se as coisas estão a correr bem, é também devido à confiança e segurança que me transmitem. Têm sido incansáveis. E os amigos também me dão muito incentivo», conta.
O pai Miguel Aguiar revela o orgulho na filha. «Gosta muito de karting e é muito focada naquilo que faz. E é também muito interessada em aprender e melhorar. Esta disciplina que vem adquirindo vai ser também importante para a sua vida e para o seu futuro. Ela sabe que sem esforço não consegue nada e tem mostrado uma grande maturidade. Tem sido um trajeto bonito, ainda curto, mas que nos enche de orgulho», exalta.
Dino MotorSport na base do crescimento
Francisca não esquece o trabalho desenvolvido pela sua equipa, a Dino MotorSport. «Tanto o Dino, meu treinador, como o João, que é o mecânico, são fundamentais no meu crescimento. Toda a equipa tem sido incrível», elogia.
O treinador, Dino Nóbrega exalta as capacidades de Francisca. «A Francisca começou já com 14 anos e numa categoria que incluía adversários com alguns anos de “bagagem” e com as bases necessárias bem implementadas. Apesar disso, a “Kika”, com apenas quatro meses de karting e 5 corridas efetuadas, conseguiu um pódio nacional à Geral à chuva.
Era algo impensável, mas que define muito bem as suas potencialidades. Tem tido uma evolução grande e muito rápida. Isso deve-se ao gosto que tem pela modalidade, mas também ao espírito de sacrifício, foco e determinação que exibe. E, depois, é muito destemida», enaltece.
O sonho da Fórmula 1
Entre os estudos e o objetivo de se tornar piloto profissional, a motivação é o seu principal combustível. Até para concretizar o seu maior sonho e chegar ao topo. «Gostaria muito de atingir a Fórmula 1. Os pilotos de Fórmula 1 inspiram-me diariamente e gosto, particularmente, do Max Verstappen. Reconheço que é muito difícil alcançar esse patamar. Mas sonho é sonho e vou agarrar-me ao meu», termina.