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Música: uma verdadeira paixão

O jornal Diário do Minho (DM) iniciou em fevereiro uma nova rubrica, intitulada “A Música em Conversa”. Em direto no Facebook e no YouTube do DM, o jornalista José Carlos Ferreira entrevista todos os meses um artista da região, onde a conversa e a música formam um só corpo ao longo de trinta minutos. Uma iniciativa a acompanhar em www.facebook.com/diariodominho.pt e no YouTube.

Cresceu em Lanhelas, no concelho de Caminha, no Alto Minho, mesmo em frente ao rio Minho, a ouvir no gira-discos lá de casa os discos do pai e dos irmãos, todos de música clássica.

Não sei se alguma peça de Tchaikovski fazia parte dos discos que o maestro Filipe Cunha ouvia, mas hoje, garante, é o seu compositor preferido, que o inspira e influencia sempre que prepara os seus trabalhos com orquestra ou bandas filarmónicas.

As suas primeiras letras foram aprendidas já Filipe Cunha sabia o solfejo, e o seu percurso pelo ensino secundário, no Conservatório Calouste Gulbenkian, teve sempre banda sonora de excelência.

Certamente por pura coincidência, tal como o seu compositor preferido, Tchaikovski, que fez uma interrupção na música para estudar a administração pública, Filipe Cunha teve de fazer um pequeno silêncio na aprendizagem musical.  Ingressou no curso de Relações Internacionais, da Universidade do Minho, onde, confessa, conheceu uma outra vertente musical. A música tradicional portuguesa. A par do percurso académico, dedica-se de corpo e alma à Tuna Universitária da Universidade do Minho e ao Grupo de Música Popular da ARCUM, sem nunca descurar a banda musical da terra natal. Nesta nova realidade descobre, para além dos instrumentos de sopros, os de cordas, onde aprende guitarra, bandolim e cavaquinho.

E quando chega ao fim desta carreira académica, na balança entre as Relações Internacionais e a música, foi a música quem mais pesou, foi a paixão que venceu.

Filipe Cunha seguiu definitivamente a sua maior paixão que é a música, chegando ao lugar de maestro, que ocupa hoje. 

Sob a sua batuta têm estado algumas bandas filarmónicas que dirige com grande maestria e a Orquestra Filarmónica de Braga, nascida em 2014. Filipe Cunha abraça este último projeto com imenso carinho, tendo realizado no início deste ano uma digressão pela China.

Os 60 elementos que dão corpo à Orquestra Filarmónica de Braga foram aplaudidos de pé e fortemente elogiados pelos concertos de Ano Novo que realizaram na China, tendo mesmo a organização chinesa enviado uma carta ao presidente da Câmara de Braga a garantir que estes jovens elevaram bem alto o nome da cidade que transportam.

Filipe Cunha gostava de ver a Orquestra Filarmónica de Braga mais acarinhada na sua própria cidade, gostava de atuações mais regulares, em que os seus músicos pudessem ter trabalho. Não menos importante seria ter um local âncora, onde a orquestra mostrasse todo o seu esplendor, que foi tão elogiado no estrangeiro e em vários palcos do nosso país.

A Orquestra Filarmónica de Braga tem realizado, desde há quatro anos, o seu projeto do Concerto do Ano Novo. Destes quatro anos, três aconteceram em Viana do Castelo e, no ano passado na China. Curiosamente, nunca aconteceu na cidade que esta orquestra ostenta com tanto orgulho no seu nome.

José Carlos Ferreira
Jornalista

 

 

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