O mês de fevereiro, para além de estar ligado à folia do carnaval, está intimamente associado à imagem do amor e do namoro. O dia 14 de fevereiro, este ano, é numa sexta-feira, o dia perfeito para iniciar um fim de semana diferente, que pode ser passado e vivido de forma apaixonada.
Em Vila do Conde, encontramos o cenário perfeito para passeios citadinos ou à beira-mar, de mãos dadas, com locais para repousar olhos nos olhos.
Aqui, por exemplo, podemos visitar, numa das zonas mais altas da cidade, a igreja de Santa Clara, que pertenceu ao Mosteiro de Santa Clara, que se distingue na paisagem urbana pela sua monumentalidade. É interessante notar que este mosteiro foi fundado por D. Afonso Sanches, que foi fruto de um amor proibido de D. Dinis. Dizem os biógrafos que D. Afonso foi filho ilegítimo do rei Trovador e de Dona Aldonça Rodrigues de Telha. E, por ser o mais velho dos filhos, era por quem D. Dinis nutria maior amor.
Ora, D. Afonso Sanches também ele se apaixonou e casou com D. Teresa Martins, dama da rainha Santa Isabel, esposa legítima de D. Dinis… Este casal acabaria por fundar o Mosteiro de Santa Clara, refugiando-se depois em Espanha, depois de uma vida muito atribulada e infernizada pelo filho legítimo de D. Dinis, aquele que viria a ser o rei D. Afonso IV, que nunca escondeu a sua ciumeira pela forma como o irmão ilegítimo foi tratado pelo pai.
Mas, aqui, um dos motivos de interesse que nos traz cá é a existência de um dos raros túmulos conjugais em Portugal, onde jazem D. Fernando de Meneses e D. Brites de Andrade, Senhores de Cantanhede.
Os dois túmulos são de uma verdadeira riqueza que vale a pena apreciar, sendo do mesmo estilo daqueles onde se encontram D. Pedro e D. Inês, outro amor marcante na nossa história de Portugal.
Mas, na mesma igreja merece o nosso olhar um outro túmulo, onde repousa D. Brites Pereira, filha de D. Nuno Álvares Pereira. Certamente não terá morrido de amores porque, reza a história que partiu para a eternidade muito nova. Este é outro túmulo todo ele trabalhado e no mesmo estilo do dos fundadores. Este é um túmulo que as gentes de Vila do Conde defenderam com unhas e dentes, uma vez que esteve pronto para ir parar ao Museu Municipal do Porto.
O resto da igreja é de visita obrigatória, sem que se esqueça de ver os dois coros altos, um dos quais pertencente às freiras do Mosteiro de Santa Clara que, não querendo ser de intrigas, dizem que algumas, forçadas à vida monástica, tinham uns amores mundanos.
Uma ideia de passeio romântico que a grande parte de nós idealizamos é um passeio à beira-mar, se possível num dia de calor, com uma ligeira brisa para refrescar. Ora, em fevereiro, em Vila do Conde, não podemos exigir o calor. Mas um dia de sol está perfeitamente ao alcance e, aqui, praia é coisa que não falta.
Por isso, descendo do mosteiro e indo até à praia, que não fica muito longe, fica o convite para um passeio de mãos dadas pela areia dourada. E aqui encontramos o velho Forte de S. João que terá, certamente, assistido a muitas promessas de amor.
Aliás, este monumento tem hoje uma função muito diferente daquela que teve no passado. Hoje realizam-se aqui festas no Verão e até já aqui dormiu um antigo Presidente da República.
Este Forte de S. João foi construído sob a influência da escola de arquitetura militar italiana e, talvez por isso, em frente se coma uma das melhores pizzas desta região. Ou seja, em Vila do Conde temos todos os ingredientes para um fim de semana em grande e fortemente romântico.