O Troia Restaurante existe há mais de duas décadas, mas nos últimos quatro tem sido gerido pelos irmãos gémeos, José Pedro e Luís. Ambos criaram, em Amares, um conceito inovador de restauração, que alia boa gastronomia e muita animação. A proximidade com o cliente é um dos principais segredos deste espaço que quer ser casa de todos os que por ali passam, com a certeza de que quem vem pela primeira vez, acaba sempre por regressar.
Lidam com o setor da restauração praticamente desde que nasceram devido ao negócio principal da vossa família. Como é que foi crescer neste meio?
Os nossos pais têm restaurantes há 45 anos e nós temos 39, por isso, sempre vivemos nisto, para nós foi sempre um processo normal. Podíamos não ter ido por este caminho, mas acabamos por enveredar. O meu forte (José Pedro) sempre foi a comuni cação com o cliente, o querer estar, o querer ver, o querer fazer mais, o querer vender e, por isso, saí da escola muito cedo para trabalhar na hotelaria. E acabamos por, os três filhos, escolher negócios na restauração, em projetos que eram dos meus pais. Existe esta casa, o Troia Restaurante, um serviço mais jovem, mais de festa, mais de animação, com outro tipo de pratos, outro tipo de serviço, e depois existe o Restaurante Hotel Troia que é mais tradicional.
De que forma é que os vossos pais vos influenciaram e que valores vos passaram a nível profissional?
Por perceberem o quanto este negócio da restauração é difícil, eles queriam que nós tivéssemos escolhido outro ramo. Eu sempre quis abraçar este projeto e, quando chegou a altura em que eles acharam que fazia sentido, afastaram-se e deram o comando aos filhos. Mas quanto aos valores, claro que nos passaram muitos, ou quase todos! Ainda hoje, qualquer ne gócio que fazemos ou qualquer mudança que idealizamos, pedimos opiniões.
E como é que dividem as vossas responsabilidades no restaurante?
Costuma-se dizer que sou (José Pedro) “bate-palmas” e o meu irmão, Luís, é “bate-tachos”… e é assim que nos complementamos. Eu estou mais na parte social, na parte de servir, na parte do cliente, na parte de criar festa e criar uma pro ximidade com o cliente, já o meu irmão acaba por tratar da quilo que completa a festa. Ninguém dança de barriga vazia, ninguém canta se estiver com fome, portanto, ele trata dessa parte e tentámos juntar, dessa forma, o útil ao agradável.
Como surgiu a ideia de abrir o Troia Restaurante?
Esta casa existe há 20 anos e, nos últimos 5 anos, com a fase do confinamento, em vez de eu estar em casa, saí à rua para ver outros restaurantes, outros negócios, outras coisas. Quando agarramos o projeto e fizemos as coisas um pouco à nossa maneira, há cerca de 3 anos e meio, optamos por efetuar uma remodelação ao nosso gosto e, desde aí, começamos a criar um bocadinho daquilo que nós tinhamos visto nos outros.
«Os clientes que cá vêm já são frequentes, são amigos e, criando essa proximidade, é tudo muito mais fácil, fazemos a festa juntos como amigos»
É dessa forma que definem o Troia?
Totalmente! Eu acho que o meu restaurante não seja um espaço para todos e que seja um registo de música, festa, dança, onde as pessoas estão totalmente à vontade, sem tentar avaliar se a pessoa ao lado vai achar piada ou não ao ambiente. Quem vem cá, já sabe que vai ouvir música, que não vai ter silêncio, mas que se vai divertir. Claro que isso é mais ao fim de semana, durante a semana não deixa de ter música, mas num registo mais sossegado.
E relativamente ao menu, o que é que podem destacar?
Nós revemos a nossa ementa de três em três meses e tentamos mudar sempre alguma coisa. Há pratos que mantemos na nossa casa desde a altura dos meus pais, como o bacalhau com natas que, para mim, é o melhor. No entanto, temos também outras opções, como entrecôte, o vazio alto laminado, que é um prato que toda a gente gosta, o hambúrguer Wellin gton e agora, por exemplo, já vamos entrar com outros pratos mais de verão, como a picanha e a espetada de gambas.
Tentam então ir inovando e adaptando-se à época e às exigências dos clientes?
Sim e isso tem sido a parte mais dura da nossa casa. Temos de apresentar sempre novidades, temos tido mudanças todas as épocas e avanço já que temos aí uma obra projetada, muito grande, para setembro. Vamos ter um começo de inverno di ferente, vamos criar algumas condições não só para aquele cliente que vem jantar, mas para aquele que vem após o jantar, para ter o melhor conforto.
Acham que o restaurante resultava melhor se se loca lizasse no centro de uma cidade grande?
Eu costumo dizer que eu sou um apaixonado por Amares e este restaurante, se me perguntarem se podia ter muito mais sucesso numa cidade ou fora da Amares, podia, mas eu fico todo contente que seja em Amares. Eu vejo pessoas do Porto a virem a Amares, vejo pessoas de várias zonas do país a virem aqui jantar ou beber um copo. Se também podia ter um espaço maior? Podia, dava-me jeito, às vezes não tenho como aceitar mais reservas, mas se fosse maior eu não conseguia chegar a todos como consigo e aí acabava-se a proximidade que nós tanto preservamos. Portanto, estamos satisfeitos assim.
«Quem vem cá, já sabe que vai ouvir música e que se vai divertir»
Como é a vossa relação como sócios e irmãos?
Nós somos gémeos, mas bastante diferentes. Eu (José Pedro) sou muito mais extrovertido, sou muito mais fácil de decidir, já o meu irmão é muito mais minucioso, muito mais ponderado, então eu acho que o facto de sermos os dois assim tão di ferentes, equilibra as coisas e leva tudo a bom porto. Temos muitas discussões, é verdade, mas não duram mais do que 10 minutos. Rapidamente, fica tudo sanado (sorrisos).
E com os vossos pais, qual é a proximidade que têm?
Eu costumo dizer que todos os pais gostam dos filhos, mas os meus, é mais do que o normal. Isto porque se nós hoje chegámos onde chegámos e temos o que temos, é lógico que também existe aqui parte do nosso esforço, mas as raízes, a educação, o berço e tudo aquilo que nós somos e temos hoje em dia, devemos-lhes a eles. Eu tenho um apreço muito grande pelos meus pais, muito mais até pelo meu pai, porque sempre foi o impulsionador de tudo e o nosso mérito deve-se a eles, totalmente. Os meus pais criaram-nos raízes e criaram-nos um império. E quando se fala num império, podemos falar no Troia, mas não só. Criaram-nos uma estabilidade e um caminho para o futuro que é muito bom. Deram-nos um empurrão muito grande, ajudaram-nos em tudo o que puderam e, ainda hoje, mesmo não estando ligados ao negócio, todos os dias falamos com eles e tentamos melhorar aqui e ali.
«Queremos que as pessoas venham aqui, provem a nossa comida, conheçam o nosso conceito e repitam a experiência»
Qual será o futuro do Troia Restaurante?
Nós estamos neste registo há mais de três anos e, aos poucos, a tentar dar passos inovadores, com novos investimentos e com novas visões. Portanto, queremos que as pessoas venham aqui, provem os nossos pratos, conheçam o nosso conceito e repitam a experiência. O contacto que eu tenho com o cliente no primeiro dia que cá veio, quero continuar a tê-lo. Por isso, no fundo, gostávamos que o Troia fosse um marco para o resto da vida, por toda a história que já construímos.