dia mundial da poupança
Efeméride

Dia Mundial da Poupança

Continuamos a poupar pouco. De acordo com dados referentes a 2019, só 20% dos portugueses tem a noção verdadeira do valor referente aos seus gastos mensais. A propósito do Dia Mundial da Poupança, entrevistamos Carina Meireles para tentarmos perceber se é possível inverter esta tendência.

 

Porque é que existe o Dia Mundial da Poupança? Esta noção de poupança vem desde 1924, onde se insurgiu no primeiro Congresso Internacional de Economia, em Milão. O Dia Mundial da Poupança existe porque em primeiro lugar é importante mostrar a todos que só com poupança é que as famílias conseguem prosperar e que é importante assinalar o tema para o lembrar de uma forma mais evidente. E também para alertar os consumidores que existe uma grande necessidade de criar alguma disciplina nas despesas e que é importante termos uma poupança financeira de forma a salvaguardarmos possíveis situações de incumprimento, ou mesmo alguma eventualidade que possa surgir.

É verdade que uma grande parte das pessoas ainda não tem verdadeira consciência sobre a importância de poupar? É de todo verdade, porque grande parte das famílias gasta mais do que ganha e não faz o controlo de todas as despesas que tem, quer fixas quer variáveis. A organização da vida financeira só é possível se se souber efetivamente onde e como gastamos o nosso dinheiro.

Segundo dados já publicados no final do ano passado, só 20% dos portugueses tem a noção verdadeira do valor referente aos gastos mensais, o que representa uma fatia muita pequena num universo tão grande como o da população portuguesa.

Quais acha serem os maiores fatores que levam as famílias portuguesas ao endividamento? Muitas das famílias em Portugal estão endividadas porque gastam acima da média e acabam muitas vezes por pedir créditos e deixar de cumprir com as obrigações. Também o desemprego é um fator que está diretamente ligado ao endividamento, fazendo com que acabem por deixar de pagar os créditos que possam ter em curso.

Esta situação torna-se mais evidente em famílias numerosas, em que muitas das vezes é difícil de gerir.

Existem veículos de poupanças e alternativas aos Depósitos a Prazo que poderão trazer alguma rentabilidade a investimentos que possam fazer, como por exemplo, Fundos de Investimento em Obrigações, PPR´s de Fundos, etc., mas deve ter sempre em atenção o perfil de investidor, porque obter uma maior rentabilidade implica maior risco, logo o investimento ser recomendável por um tempo de 8 a 10 anos.

Ainda há muitas pessoas que vivem sob o lema “chapa ganha, chapa gasta”? Sem dúvida. Nós, portugueses, gastamos muitas vezes o que não temos. Basta pensarmos que quem tiver o cartão de crédito, ou um crédito ordenado, está a gastar dinheiro fácil, que não é seu e muitas das vezes está a enganar-se a si próprio, se não souber gerir e controlar os custos. Muitos dos portugueses têm uma fatia significativa do orçamento familiar a ser gasto em despesas com os Bancos, por exemplo, em manutenção de conta à ordem, prestação de crédito habitação, seguro do carro, crédito pessoal, etc., e acaba por não fazer as contas a todos estes valores que, no final do mês, representam uma fatia considerável de custos.

Considera que uma das dificuldades das pessoas pouparem reside na incapacidade de projetarem – e aguardarem – o futuro, optando por viver mais o presente? A paciência é determinante quando queremos poupar? Sim, sem dúvida. As pessoas pensam muito no presente e deixam o futuro para mais tarde.  A paciência e o tempo são duas grandes amigas do dinheiro, dos investimentos e da poupança. 

Se pretendemos, por exemplo, juntar dinheiro para um objetivo, esse objetivo deve ser dividido, a curto prazo e a longo. Ou seja, representa também uma capacidade de se projetar no presente e no futuro, sendo por exemplo o presente um gasto inesperado que surja e em que precise de gastar um valor, ou pensar na reforma como sendo um futuro a considerar. 

A educação é um fator chave na sensibilização para este tema? Os portugueses têm boas bases de literacia financeira? Eu diria que muito poucas, até porque as crianças não têm atualmente nenhuma disciplina de literacia financeira na escola. É, sem dúvida, importante começar a educação financeira primeiro em família e falar de dinheiro, o que é, para que serve, como o ganhamos, etc.. Depois, trazer e por em prática da melhor forma na escola, dada a falta de informação nesta área nas escolas.  Esta falta de literacia financeira em Portugal continua a ser uma lacuna muito importante e que deve ser olhada de frente, principalmente em alturas como as que estamos a viver. Pessoas consciencializadas para a necessidade de poupar são cada vez mais importantes para um futuro financeiro mais próspero.

O que é que em Portugal tem sido feito para incentivar os cidadãos a poupar? Eu tento através dos vários artigos que escrevo em jornais e revistas, das várias presenças em programas de televisão, através da minha rubrica na rádio e Revista, e com o lançamento do meu programa na Novum Canal, agora em breve, mostrar às pessoas que é possível, como fazer, quais as estratégias a tomar, como fazer um planeamento adequado da vida financeira, como gerir um orçamento, com dicas e desafios à mistura. É muito importante falar do assunto, colocá-lo em cima da mesa para ser debatido.

Em traços gerais, como podemos poupar de forma eficaz? Para se conseguir poupar, primeiro é preciso criar hábitos de poupança, perceber onde gastamos o nosso dinheiro e porquê, porque muitas das vezes gastamos dinheiro que poderia ser canalizado para uma poupança, que mais tarde seria uma mais valia acrescida. Evitar contrair créditos e para quem tenha mais do que um, tentar consolidar os que tem num só, porque consegue poupar algum dinheiro. Fazer contas a tudo!

Recentes notícias dizem-nos que alguns bancos vão começar a taxar contas poupança com valores superiores a 10.000€. Tendo em conta esta prática e os juros tão baixos a que assistimos, que veículos de poupança recomendaria? Que alternativas temos aos depósitos a prazo nesta altura? Como eu tenho vindo a dizer, as despesas que cada uma de nós tem com a Banca são significativas para o orçamento de uma família hoje em dia. O objetivo da Banca neste caso é que, caso tenha um envolvimento financeiro superior a 10.000€, passe também a pagar uma comissão de gestão de conta, o que significa que hoje em dia nem mesmo as poupanças que temos nos Bancos nos livram de pagar comissões. Neste caso existem sempre alternativas bastantes interessantes através dos Bancos online onde não existem comissões de gestão de conta, como por exemplo o Banco BIG ou Active Bank, mas deve ter sempre em atenção o que tem de ter para não pagar.

Existem veículos de poupanças e alternativas aos Depósitos a Prazo que poderão trazer alguma rentabilidade a investimentos que possam fazer, como por exemplo, Fundos de Investimento em Obrigações, PPR´s de Fundos, etc., mas deve ter sempre em atenção o perfil de investidor, porque obter uma maior rentabilidade implica maior risco, logo o investimento ser recomendável por um tempo de 8 a 10 anos. A diversificação também é um fator a ter em conta se pretendemos ganhar dinheiro, que é a mesma coisa que dizer que não devemos colocar “os ovos todos no mesmo cesto”.

 

 

 

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