Parece que a moda nos últimos dias é censurar quem tem esperança, ou diz que “vai ficar tudo bem”. Claro que não vai: há pessoas a morrer, há pessoas a passar imensas dificuldades, há pessoas que perderam o emprego, há pessoas que não sabem se vão ter um teto para dormir por não conseguirem pagar a renda.
Não, não vai ficar nem está tudo bem. Todos sabemos isso. E agora? Será melhor inundarmos as redes sociais de pessimismo e visões negativas? Será melhor dizer que não há razões para haver esperança? Que a vida não mais voltará a ser a mesma, que enfrentaremos um período de recessão sem retorno, que iremos abaixo e não nos conseguiremos levantar? Alguém se irá sentir melhor se ler estas informações?
Haja esperança! Haja esperança de que as crises podem ser ultrapassadas – mesmo com consequências que nunca poderão ser apagadas –, haja esperança num amanhã melhor, haja certeza que voltaremos a ter razões para sorrir. Os arco-íris e as “frases porreiras” não são ingénuos, nem são utilizados apenas por quem não sente os efeitos desta pandemia… até porque todos os sentimos em diferentes níveis e intensidades! São usados por quem, contra toda a adversidade, prefere acreditar num amanhã menos escuro, num amanhã menos pesado e mais colorido. São usadas por quem, apesar de sofrer – mesmo até já tendo perdido alguém para esta pandemia – prefere a esperança acima de tudo.
No meio de toda a catástrofe, o mundo tem visto surgir dezenas e centenas de iniciativas solidárias, humanitárias, louváveis. Há um incontável número de pessoas que neste momento se desdobram para ajudar outras, tudo a título voluntário. Não serão estes sinais pequenos faróis na escuridão?
Sempre me disseram para não julgar a dor alheia. E se não julgássemos também a esperança? A cidade de Braga adormeceu ontem com a luz de presença de uma cruz e um arco-íris. Um pequeno gesto que certamente fez sorrir muitos bracarenses que, tal como eu, escolheram acreditar.
Haja esperança!
Flávia Barbosa
Diretora de Informação