Editorial

Solidariedade. Coragem. Resiliência. Verdade.

Não tenho tido grande tempo para parar e pensar. Os dias desenrolam-se a uma velocidade alucinante e, num piscar de olhos, passaram oito dias de clausura. Agradeço por este frenesim, porque nos momentos livres é impossível não me deixar tomar por alguma angústia.

É normal. É uma reação saudável. Há uma, duas semanas atrás, a maioria levantava-se e ia trabalhar. Depois do trabalho, haveria ainda tempo (ou não!) para compras, visitas aos familiares, jantares com os amigos. Iríamos buscar os nossos filhos à escola ou colégio, irritar-nos-íamos com o estado do trânsito e com a correria do dia a dia. No fim de semana passearíamos, redobraríamos a vida social, faríamos planos.

Tudo mudou e a vida conheceu uma forma nunca antes vista. Temos os que estão em casa e temos os que têm obrigatoriamente de trabalhar fora dos seus lares por um bem maior. Mas tudo mudou, para todos. Repentinamente. Tivemos que nos adaptar, temos de nos reinventar todos os dias.

O Presidente da República dizia ontem que estamos no meio de uma guerra, com um inimigo silencioso e invisível, mas mortal. É bem verdade, tenhamos consciência disso e façamos tudo para nos protegermos… a nós e aos outros. Mas Marcelo Rebelo de Sousa também falou de solidariedade, verdade, coragem e resiliência. É este o momento em que somos postos à prova nos maiores valores que o ser humano pode demonstrar.

Temos de ter paciência. Temos de ter coragem. Temos de ser ainda mais solidários. Temos de ser verdadeiros. E, com estes valores, como também dizia Marcelo, trabalhar na unidade. O inimigo é só um e é esse que temos de combater. Divisões e guerras entre nós, sobretudo neste momento, só nos enfraquecem. Está na altura de pôr as divisões de parte e avançar. Mesmo a partir de nossas casas – para quem tem esse privilégio –, não podemos parar: de acreditar, de ajudar, de lutar, de acreditar.

Acredito que todos se sintam angustiados em diversos momentos do dia. Não desistam, não cedam a essa angústia. Procurem cozinhar, fazer exercício, sorrir com os pequenos. Não escolham o sofá como “habitat natural” da quarentena. Aos que estão a trabalhar, muita força: o vosso trabalho é essencial, dentro ou fora de portas. Será o trabalho do presente que nos irá ajudar a reerguer no futuro.

Volto às palavras do Presidente da República: “o país não pode parar”. Não podemos parar. Parar é morrer.

 

Flávia Barbosa
Diretora de Informação

 

 

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