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Mãos (e corações) que fazem Braga!

Michelle Costa, de 32 anos, e Caroline Santos, de 36, são brasileiras. Michelle mora em Braga há três anos, é mãe de um menino de seis e um bebé de oito meses. Caroline está por cá há nove anos, é mãe de um menino prestes a completar dez e uma menina com quase três anos. Conheceram-se em Portugal e o motivo que as fez emigrar foi o mesmo: a insegurança vivida no país natal. Michelle chegou a ser assaltada com o filho no carro, viu-se apanhada no meio de um arrastão, viu a vida por um fio com uma arma apontada à cabeça. Caroline teve mais sorte, mas, apesar de não ter vivido nenhuma das situações na primeira pessoa, viu família e amigos passarem pelo mesmo. Quando tiveram filhos, perceberam que não queriam – não podiam! – viver num clima de medo e terror permanentes.

Deixaram tudo para trás e vieram em busca de um futuro melhor, um que envolvesse paz e onde pudessem criar os filhos em liberdade. Os sacrifícios necessários não foram poucos. Michelle era jornalista e deixou de exercer a profissão ainda no Brasil.

“Trabalhei cinco anos num site de economia. O problema é que eu saía de casa com o meu filho a dormir, entrava em casa estava ele a deitar-se. Ou trabalhava, ou era mãe! Comecei então a trabalhar no negócio das festas: fazia lembranças, papelaria criativa, design, artes gráficas…”, explica.

Caroline era técnica de enfermagem e também deixou a profissão. Chegadas a Portugal, tiveram que começar uma vida “do zero”. Conheceram-se durante um processo de recrutamento para um emprego e não se largaram mais. Trabalharam “em vendas”, no atendimento ao público em lojas situadas em centros comerciais. Com horários difíceis – por turnos, folgas rotativas e muitas vezes sem fins de semana – começaram a pensar em alternativas que lhes permitissem ter mais tempo para a família.

“Era muito complicado. Muitas vezes saíamos da loja à meia-noite. Com filhos pequenos em casa é mesmo muito difícil. Até porque com horários assim tínhamos outro problema. Não temos a mesma rede de apoio que teríamos se estivéssemos no Brasil com os nossos familiares. Era difícil deixar ou apanhar os filhos na creche, por exemplo”, diz.

Quando Michelle chegou a Portugal, criou no Facebook o grupo “Mães Brasileiras em Braga”. Michelle não tinha emprego, não frequentava nenhum curso e sentia falta de uma rede de amizades. Percebeu que conseguia encontrar essa rede na internet e começou a organizar encontros mensais. O grupo cresceu tanto que hoje em dia conta com mais de novecentos membros.

“O objetivo principal é acolher as mães brasileiras que tiveram de se reinventar ao vir para cá. É quase uma terapia em grupo, conversamos, rimos, choramos, criamos amizades. Não podemos deixar de falar do grupo porque ele é a base daquilo que somos hoje”, sorri Michelle.

O “hoje” é constituído pelas “Mãos que Fazem Braga”, um espaço colaborativo situado na Avenida João XXI. Michelle e Caroline são os rostos dedicados e orgulhosos do projeto que, apesar de ter começado apenas há três meses, tem vindo a crescer cada vez mais.

O conceito é relativamente comum no Brasil: um só espaço acolhe diferentes marcas, produtos ou serviços. Pessoas que, a título individual, nunca conseguiriam abrir um espaço próprio têm aqui oportunidade de ter um local para divulgar e vender o que fazem. A inspiração partiu do Grupo criado por Michelle, que começou a reparar no empreendedorismo da maior parte das mães. As “Mãos que Fazem Braga” já tiveram que mudar de instalações para garantir lugar a todos os parceiros. Neste momento dividem espaço com a BM Terapias e dizem que é uma situação “win-win”, já que os dois projetos beneficiam de ambos os públicos.

Michelle e Caroline afirmam que ali não há discriminação: qualquer pessoa pode entrar em contacto com as “Mãos que Fazem Braga” e, eventualmente, usufruir da parceria com o projeto, independentemente do género de produto ou serviço a que se dediquem. O espaço é agradável e luminoso e as duas mães empreendedoras têm constantemente a cabeça a fervilhar de ideias. Ocupam–se da comunicação das marcas, fazem a divulgação nas redes sociais do espaço, fazem sorteios, promoções, cabazes, tudo o que lhes permita cativar mais clientes e fazer as marcas parceiras crescer.

Os parceiros já são muitos e há oferta para todos os gostos: doces, bolos, bolachas personalizadas, papelaria criativa, lembranças para festas, bijuteria, acessórios para o cabelo, livros, bíblias, artesanato variado, cestos em malha, bolsas personalizadas… Até nomes de marcas bem conhecidas como a Mary Kay, Tupperware e Herbalife estão representados.

O logotipo das “Mãos que Fazem Braga” elucida bem o objetivo do espaço.

“O símbolo das mãos ligadas umas às outras significa que juntas somos mais fortes e conseguimos fazer mais coisas. Não somos só eu e a Michelle, é um trabalho conjunto de todas as parceiras envolvidas no projeto e que também vão contribuindo com opiniões e sugestões. O interesse nas coisas é mútuo e apenas se toda a gente trabalhar para o mesmo bem comum é que as coisas correm bem”, afirma Caroline.

As duas mães estão sempre a “inventar coisas para fazer” e, por isso, dentro do projeto já criaram um outro intitulado “Mãos que Fazem a Festa”, que consiste numa caixinha – uma espécie de cabaz – com tudo o que precisa para a sua ocasião especial, desde o bolo aos doces personalizados e até decoração festiva. Numa só caixa, diversos artigos e parceiros envolvidos. Ainda estamos em outubro, mas estas mãos trabalhadoras já pensam no Natal e prometem continuar a surpreender.

Parceiros

Lu Benitez: bolachinhas personalizadas e cupcakes
Aframenas: papelaria criativa, lembranças para festas, convites, workshops sobre redes sociais
Juliana Delfes: acessórios para o cabelo personalizados e feitos à mão
Arte e Mimos: etiquetas escolares, planners, adesivos de parede, arte de montras, quadros decorativos
Livraria Oásis: livros cristãos, bíblias, t-shirts com mensagens bíblicas
Cambre: bijuteria e bikinis brasileiros
Bia Mocho: sandálias e bolsas personalizadas, artigos em crochê e tricô
Medley Festas: cakedesign e decoração de festas
Lu Scatolin: cestos de malha personalizados de diversos formatos e tamanhos
Tupperware: todo o tipo de recipientes, desde eco garrafas às tradicionais lancheiras
Herbalife: produtos e suplementos de nutrição e controlo de peso
Mary Kay: produtos de beleza e cosméticos

       

1 Comentário

  • Jorge Nunes Chagas

    Achei muito legal o fato de vocês terem se reiventado num país que me parece acolher bem os brasileiros! E mais feliz ainda pela iniciativa e consequente sucesso de vocês mães empreendedoras! Torço para que tenham muito mais clientes e pessoas adeptas ao grupo de vocês!!!

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