Destaque entrevista

LUÍS FELÍCIO | CEO DO GRUPO REMAX MOVE «A confiança é o verdadeiro motor do crescimento»

Luís Felício, CEO do Grupo RE/MAX MOVE fala-nos sobre a construção de um grupo imobiliário de referência no Norte de Portugal, assente em proximidade, profissionalismo e ética. Nesta entrevista, aborda a estratégia de crescimento sustentado, a aposta em tecnologia e marketing digital, a abordagem integrada 360º que coloca o cliente no centro, e os projetos inovadores de habitação modular e sustentável que visam tornar o acesso à casa mais rápido, económico e ecológico.

O Grupo Move é atualmente uma referência no setor imobiliário no Norte de Portugal. Quando e como tudo começou?

O Grupo MOVE nasceu em 2010, fruto da visão de criar um ecossistema integrado de serviços imobiliários. Braga foi o ponto de partida natural: uma cidade em crescimento, dinâmica, jovem e com elevado potencial. Optámos pela franquia RE/MAX por nos identificarmos com o seu ADN de Angariação e Partilha de negócio que, conjugado com o profissionalismo dos nossos agentes e com uma forte estrutura de marketing e comunicação, nos permite garantir um elevado nível de serviço ao cliente e, consequentemente, excelentes resultados ao nível das transações. Moveu-nos uma ambição simples: criar um projeto diferente no setor imobiliário, centrado nas pessoas. No início, éramos uma equipa pequena, próxima do terreno, com uma verdadeira obsessão pela execução – visitar, ouvir, aconselhar, resolver. Em 2015, mudámo-nos para uma loja de maiores dimensões na Avenida da Liberdade, junto à Loja do Cidadão, onde permanecemos até hoje. O que começou como uma pequena equipa transformou-se num grupo com várias agências no Minho, mantendo sempre os mesmos princípios: proximidade, profissionalismo e ética. Crescemos de forma sustentada, com exigência e com um propósito constante: cada cliente deve sentir que está a ser acompanhado pelos melhores profissionais disponíveis para o seu caso.

Que fatores considera determinantes para esse crescimento e consolidação?

O segredo esteve, essencialmente, na consistência. Nunca quisemos ser apenas mais uma agência imobiliária. Desde o primeiro dia apostamos em qualidade, formação e numa cultura sólida de alta performance. Embora integremos a rede RE/MAX, cada agência é gerida de forma independente, o que nos permite aplicar uma visão própria do negócio, assente no equilíbrio entre resultados e humanismo. Acreditamos que crescer não significa aumentar o número de agentes, mas sim elevar o seu nível de competência. Sempre privilegiámos equipas mais pequenas, compostas por profissionais altamente qualificados. Construímos, ainda, uma rede regional marcada pela proximidade, o que constitui uma das nossas principais diferenças no setor. Outro fator determinante foi a nossa visão 360º, ou seja, oferecemos uma proposta completa e integrada, com acesso a serviços de crédito, consultoria jurídica e parcerias na área da construção – uma vantagem competitiva significativa. Acompanhamos o cliente em todas as etapas, o que gera confiança… e a confiança é o verdadeiro motor do crescimento. Do ponto de vista da inovação, tecnologia e marketing, procuramos estar sempre na linha da frente, dotando os nossos agentes das melhores ferramentas para promoverem os imóveis de forma distintiva e eficaz. Na gestão de pessoas, praticamos a meritocracia e estimulamos uma ambição saudável, sustentada numa ética intransigente. Quando esta cultura está enraizada, emerge a melhor versão de cada profissional e os resultados surgem naturalmente.

O vosso posicionamento é o de “líderes imobiliários no Minho e Norte de Portugal”. Como é que, no dia a dia, se traduz esse estatuto de liderança?

Ser líder, mais do que uma questão de números, é uma questão de atitude. No quotidiano, traduz-se em agir com profissionalismo e transparência: responder com rapidez, acompanhar o cliente até ao fim e antecipar soluções antes que surjam obstáculos. A liderança manifesta-se também na forma como tratamos as pessoas, desde consultores, parceiros e clientes. Apesar de contarmos hoje com várias agências no Minho, mantemos uma forma de trabalhar próxima e personalizada. O segredo está no equilíbrio entre dimensão e humanidade. Um bom exemplo desse equilíbrio é o reconhecimento, dentro da rede RE/MAX, como um dos grupos com maior índice de retenção de agentes.

«Fazer imobiliário com foco absoluto nas pessoas é o princípio base do Grupo MOVE desde o primeiro dia»

O Grupo Move diferencia-se pela abordagem 360º, integrando mediação, crédito, construção e apoio jurídico. Qual é o maior valor acrescentado desta visão integrada para os clientes?

A integração de serviços reduz a fricção e a incerteza. Quando o cliente dispõe de mediação imobiliária, acesso ao crédito, obras e apoio jurídico devidamente alinhados, ganha tempo, transparência de custos e segurança nas decisões. Importa ressalvar que a Intermediação de Crédito e o Apoio Jurídico são sempre assegurados por parceiros externos, garantindo a independência legal e deontológica desses serviços. Esta integração evita falhas de comunicação e reduz significativamente o tempo de decisão. O cliente não precisa de recorrer a múltiplas entidades, nós simplificamos um processo que antes era complexo. A grande vantagem é a simplicidade: o cliente tem um interlocutor único ao longo de todo o percurso, desde a avaliação até à escritura. O nosso papel é orquestrar o processo, assegurando uma experiência fluida, com um único responsável pelo resultado. Assim, o cliente corre menos riscos e ganha confiança em cada etapa.

«A melhor tecnologia é a que humaniza a relação, não a que a substitui»

A inovação e a aposta em tecnologia e marketing digital têm sido destacadas como motores de sucesso. Quais as ferramentas ou estratégias que mais têm impulsionado os resultados?

A tecnologia é uma aliada estratégica em vários níveis. Eu próprio sou pioneiro na área tecnológica em Braga: em 1986 integrei a Universidade do Minho no lançamento da Licenciatura em Matemática e Ciências de Computação. Mais tarde, nos anos 90, dediquei-me ao ensino, aos negócios e à tecnologia, tendo fundado e dirigido uma empresa de referência em marketing digital e vendas online durante mais de 20 anos. Hoje, destacaria as campanhas digitais segmentadas e a utilização de inteligência de dados, que nos permite precificar corretamente e comunicar de forma direcionada. Trabalhamos com sistemas de CRM que cruzam em tempo real dados de compradores e imóveis, facilitando a identificação do “match” perfeito. A Inteligência Artificial está a revolucionar o setor, permitindo-nos atingir níveis inéditos de produtividade. Mas inovação é também cultura. Apostamos numa comunicação transparente e personalizada. As redes sociais, os portais imobiliários e o marketing de conteúdo aproximam-nos das pessoas e ajudam-nos a contar histórias – não apenas a mostrar imóveis. Acreditamos que a melhor tecnologia é a que humaniza a relação, e não a que a substitui.

A vossa política de “poucos, mas bons” contrasta com a de muitas agências que apostam em números elevados de agentes. Como definem os critérios de recrutamento e seleção?

Preferimos investir em qualidade em vez de quantidade. Procuramos pessoas com maturidade comercial, ética profissional e vocação de serviço. A experiência anterior é valorizada, mas a atitude é o fator determinante. Os candidatos passam por entrevistas técnicas, formação intensiva e um processo de mentoria antes de integrarem plenamente a equipa. Valorizamos perfis humanos, empáticos e com vontade de crescer. Procuramos profissionais que saibam ouvir, que possuam empatia e que encarem o imobiliário como uma verdadeira carreira. Em suma, procuramos pessoas com ambição, disponibilidade para aprender e rigor ético. O processo de seleção é exigente e só depois de demonstrar maturidade e compromisso é que alguém passa a representar o Grupo MOVE. Este rigor garante qualidade e protege a reputação que construímos ao longo dos anos.

A retenção de talentos é uma das vossas maiores forças. Que práticas utilizam para garantir motivação, bem-estar e compromisso dos consultores?

Tudo começa pela cultura. Criámos um ambiente onde as pessoas sentem que pertencem a algo maior. Promovemos reconhecimento, formação contínua e oportunidades de progressão. Dispomos de prémios de desempenho, planos de carreira e um forte sentido de família. Os consultores sabem que podem contar connosco, tanto nos bons momentos como nas dificuldades. Estimular o potencial de cada um é prioridade: oferecemos acompanhamento personalizado, ajustado às suas necessidades e ambições. Queremos que cada profissional veja na MOVE um projeto de vida, não apenas um emprego. Valorizamos horários equilibrados e momentos de convívio em equipa. Trabalhar na MOVE é exigente, mas também é profundamente gratificante. As pessoas permanecem onde se sentem valorizadas e crescem.  A nossa taxa de retenção é o reflexo disso mesmo.

Num setor em que muitos agentes chegam sem formação prévia, como garante o Grupo Move a profissionalização e a ética dos seus consultores?

Dispomos de regras claras e formação obrigatória e contínua. Todos os processos são auditados internamente antes da escritura, sob supervisão de profissionais experientes e altamente competentes. O negócio imobiliário envolve, frequentemente, o maior bem patrimonial das pessoas – a sua casa – e, por isso, a confiança e a integridade são princípios absolutamente inegociáveis.

«Em Braga há uma procura elevada e uma oferta insuficiente, gerando pressão sobre preços e rendas»

Braga é hoje uma das cidades mais dinâmicas do país. Como avalia a atual oferta habitacional face à procura?

Braga vive um ciclo de grande vitalidade económica e demográfica. A cidade atrai famílias jovens, profissionais qualificados, estudantes e estrangeiros, impulsionada pelo emprego, pelo ensino e pela qualidade de vida. Contudo, a oferta habitacional não tem crescido à velocidade da procura, sobretudo nos segmentos médio e de arrendamento. Há, assim, uma procura elevada e uma oferta insuficiente, gerando pressão sobre preços e rendas. O equilíbrio exige mais reabilitação, maior densificação inteligente e processos de licenciamento mais céleres. Precisamos de políticas públicas menos burocráticas, que incentivem a reabilitação e criem condições para que os promotores privados possam responder de forma rápida e sustentável.

Quais seriam, na sua perspetiva, as três medidas prioritárias que o Governo deveria implementar para aumentar a oferta habitacional acessível?

Destacaria três medidas fundamentais: em primeiro lugar, o licenciamento expresso, com prazos máximos garantidos e mecanismo de silêncio positivo, totalmente digital e de ponta a ponta. Depois, incentivos à construção e reabilitação, através da aplicação do IVA a 6% e de um crédito fiscal estável por um período de 10 anos. Por último, parcerias público-privadas em solo público, para projetos de arrendamento a custos controlados (com leilões de direitos de superfície), aumentando a oferta sem onerar o Estado.

Se pudesse redesenhar do zero a política de habitação em Portugal, quais seriam as linhas mestras

Apostaria numa previsibilidade regulatória, sustentada numa estratégia nacional estável de médio e longo prazo. Eliminaria os “castelos” de urbanismo camarário existentes e promoveria um planeamento com metas e métricas intermunicipais. Definiria segmentos distintos – habitação acessível, reabilitação e periferias – promovendo o arrendamento urbano acessível, a reabilitação nos centros históricos e a densificação das periferias com bom transporte público. Paralelamente, integraria a sustentabilidade ambiental como eixo central do desenvolvimento, conjugando racionalidade económica com responsabilidade ecológica. Garantiria também previsibilidade fiscal e burocrática, condição essencial para transmitir confiança e atrair investimento privado. A habitação precisa de ser uma política de Estado, e não uma questão de ciclos políticos.

Considera que o futuro da habitação em Portugal pode passar pela construção modular e sustentável

Sem dúvida. A construção modular, industrializada e sustentável oferece qualidade, rapidez de execução, previsibilidade de custos, menor pegada ecológica e melhor desempenho energético. Não é a única solução, mas é uma peça fundamental quando aliada a projetos bem planeados, eficiência energética e financiamento adequado. É igualmente essencial definir normas claras para homologação. Portugal ainda enfrenta alguma resistência cultural, mas a crescente escassez de mão de obra qualificada acabará por acelerar a adoção destas soluções. O Grupo MOVE pretende estar na linha da frente dessa transformação. Nesse sentido, integrámos há um ano um consórcio internacional com empresas francesas, tendo iniciado um processo de transferência tecnológica para a construção de uma fábrica no Eco-Parque Empresarial de Codeçoso, em Celorico de Basto. Quando atingir a sua plena capacidade, permitirá produzir 50.000 m²/ano de paredes de betão de cânhamo, o equivalente a cerca de 400 habitações T2. Este projeto, denominado Eco-Casas do Futuro, promete ser revolucionário, estendendo-se por toda a fileira desde a Agricultura (onde vamos cultivar cerca de 600ha de Cânhamo no Centro e Norte de Portugal, melhorando o rendimento total dos Produtores parceiros e a qualidade dos solos por eles cultivados sem recurso a pesticidas), passando pela Agro-Industria com o processamento e valorização dos subprodutos extraídos como materiais de construção ecológicos, nomeadamente para a Fábrica de Paredes de Betão de Cânhamo onde vamos industrializar e estandardizar a sua produção numa combinação com uma cal especifica que estamos a desenvolver com a SECIL-TEK, para aplicação na Construção mais rápida, económica e ecológica de casas em toda a região Norte, as quais iremos entregar no conceito chave-na-mão. Isto reveste-se de uma enorme importância pois alia os valores da Ecologia (o Cânhamo é Carbono-negativo sendo super-eficiente a sequestrar Carbono) e da economia circular com o objetivo central de promover um mais fácil acesso à Habitação por via da industrialização e estandardização que vai permitir entregar casas mais rapidamente e a menor custo. Neste momento, já estamos a contratar os terrenos para o cultivo da planta, a terraplanar e infra-estruturar o parque empresarial onde vão nascer as fábricas e contamos, durante 2026, entregar as primeiras 40 destas casas.

Que papel podem desempenhar os privados – promotores, agências e bancos – para aliviar a crise da habitação, para além da ação política?

Os privados podem e devem ser parte ativa da solução, promovendo projetos build-to-rent, reabilitando edifícios devolutos, criando produtos financeiros inovadores que facilitem o acesso à compra e colaborando em modelos de arrendamento com opção de compra. O setor privado possui meios, conhecimento e agilidade. Com um enquadramento regulatório estável e colaboração institucional, é possível obter resultados mais rápidos do que qualquer plano exclusivamente público.

Num mercado tão competitivo, o que distingue a RE/MAX Move da concorrência?

A nossa diferenciação assenta na estrutura 360º, no rigor dos processos, na consistência dos resultados e na proximidade real com o território. Estamos no terreno, conhecemos as pessoas e as comunidades. Oferecemos um serviço completo e uma equipa que acredita no valor humano da mediação imobiliária. A marca RE/MAX MOVE é sinónimo de confiança, mas o que realmente nos distingue são as pessoas que lhe dão vida.

O Grupo Move promoveu recentemente a abertura de novas agências no Minho. Quais são os próximos passos de expansão e as metas para os próximos anos?

Pretendemos consolidar a nossa presença no Minho, reforçar a atuação em Braga e Guimarães e expandir para novas zonas de crescimento. Apostamos, igualmente, em projetos próprios, nomeadamente as Casas Modulares Ecológicas, entregues chave na mão. Mais do que crescer em número, queremos crescer com propósito, levar o nosso modelo de serviço a mais pessoas, mantendo a mesma qualidade, ética e proximidade.

«Queremos ser lembrados como transformadores responsáveis. Profissionais que elevaram o padrão de serviço e cuidaram das pessoas»

O Grupo Move aposta na “felicidade dos colaboradores” como pilar de produtividade. Se tivesse de resumir em três palavras o ambiente de trabalho ideal, quais seriam?

Respeito, Mérito e Humanidade. Acreditamos que um ambiente feliz não é aquele onde se trabalha pouco, mas aquele onde se trabalha com propósito. As pessoas precisam de sentir que crescem, que contribuem e que fazem parte de algo relevante. É essa cultura que procuramos cultivar todos os dias.

Por fim, como gostaria que o Grupo Move fosse recordado dentro de 20 anos: como líder de vendas ou como transformador da forma de viver e investir em habitação em Portugal?

As vendas são o resultado natural de um trabalho bem feito. Gostaria que o Grupo MOVE fosse recordado como um transformador responsável, um agente que elevou o padrão de serviço, valorizou as pessoas e contribuiu para um futuro habitacional mais sustentável e acessível. Se cumprirmos esse propósito, a liderança em vendas será apenas uma consequência.

 

 

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