Editorial

Liberdade. Será que lhe damos o devido valor?

No mês de abril optamos por falar da Liberdade. Haveria muito mais a dizer e a contar nesta edição, porque o tema é amplo e merece toda a nossa reflexão. A nossa entrevista principal é com uma família de refugiados que encontrou em Portugal – em Braga, mais precisamente – um cantinho para ser livre… e feliz.

Em conversa com aquelas pessoas, apercebi-me de que não damos o devido valor à nossa liberdade. O facto de podermos sair de casa todos os dias sem olhar por cima do ombro, podermos ter redes sociais onde expressamos a nossa opinião, falarmos livremente sem medo de represálias… são graças que damos por adquiridas porque nunca vivemos a nossa vida de outra forma. Mas há vários sítios do mundo em que esta liberdade não passa de utopia. Os nossos pais e avós, que viveram o 25 de abril de 1974, conseguem descrever uma vida triste e difícil em que a censura era uma realidade que impedia a maior parte das pessoas de sonhar. Portugal conseguiu, felizmente, “dar o salto”, mas noutras nações ainda se mata e morre em nome da religião, da cultura, do género e da economia.

Não damos valor. Não damos valor ao facto de podermos ir à igreja mais próxima sem sermos incomodados. Não damos valor às peças de roupa que podemos vestir livremente. Não damos valor aos debates em que participamos. Não damos valor aos argumentos que podemos esgrimir. Não damos valor às revistas que podemos fazer e ler. Sem liberdade, esta revista não existiria. Sem liberdade, eu e o leitor não teríamos pontes a unir-nos. Seríamos pessoas completamente diferentes. Da próxima vez que tivermos oportunidade de exercer a nossa liberdade – e as oportunidades estão à nossa frente, todos os dias, nas mais pequenas coisas – vamos lembrar-nos das pessoas que nunca souberam o que ela é. E, em vez de nos queixarmos, vamos agradecer.

Esperamos que goste destas páginas onde, além de liberdade, se fala da Páscoa. Um tempo também propício à reflexão e a pequenas atitudes que nos podem tornar melhores e mais unidos. Não se esqueça de ser livre, feliz e amigo: a nossa liberdade termina onde começa a do outro. Podemos ser livres e aconchegar em vez de criticar, incentivar em vez de censurar, apoiar em vez de denegrir. Feliz liberdade! Feliz Páscoa!

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