Sugestão de Leitura

“O dia em que perdemos a cabeça”

O livro que proponho nesta edição foi, sem sombra de dúvida, a grande surpresa literária de 2021. Já tinha passado os olhos pela capa e pela sinopse várias vezes, mas não me convencia. O facto de começar com um homem a percorrer as ruas de Boston com a cabeça decapitada de uma jovem mulher parecia-me “um pouco” pesado (estou a ser sarcástica, claro)! Certo é que acabei a comprá-lo e não só não desiludiu, como surpreendeu… e muito! Adoro mistérios, thrillers, policiais, livros que envolvam uma boa dose de aventura e emoção. Por já ter lido tantos dentro deste género, é difícil surpreender-me. Portanto, acreditem quando vos digo: não é bom, é muito bom! A escrita é fluída – sem ser medíocre – e não detetei pontas soltas, ou imprecisões no enredo. Escrito a partir de diferentes narradores, tem de ser lido com atenção, até porque estes não aparecem nomeados (algo que já está a ser corrigido no segundo volume, mas já lá vamos). Em traços gerais, a história é esta: um homem aparece a deambular por Boston completamente nu, carregando consigo uma cabeça. Depois de detido, segue para avaliação num Centro Psiquiátrico. O diretor, Jenkins, e a agente do FBI Stella Hyden ficam responsáveis pelo interrogatório. E, aqui chegados, o máximo que posso dizer sem enveredar por inconfidências, é que ninguém é quem parece. Temos direito a uma bonita história de amor juvenil – daqueles amores que nem o tempo apaga –, ao amor avassalador de um pai que tudo faz pelas filhas e à superação de quem carrega consigo todas as cicatrizes do mundo. Mas também temos direito a loucura, a fanatismo e mistério até ao último minuto. Por muito inverosímil que a trama central possa parecer, não deixa de mexer com as nossas emoções e de nos elevar o ritmo cardíaco. A partir da primeira página vai ter dificuldades em pousar o livro, vá por mim. E é bem capaz de chegar muito perto do final e ainda balbuciar: “mas, não estou a perceber!”… No fim, tudo se compõe, é o que lhe posso garantir. É como um grande puzzle que vai montando a cada capítulo. Aos mais sensíveis, não recomendo. Ainda contém algumas cenas de violência e alude a situações das mais dolorosas que podemos imaginar, como a perda de filhos, ou pais. Depois deste livro, segue-se “O dia em que perdemos o amor”, a continuação da história. Já comecei e posso dizer que ando a “poupá-lo”, para não o terminar tão cedo. É que, a ser como o primeiro, é daqueles livros que uma pessoa termina e até fica de lágrimas nos olhos por não poder ler mais… Feliz 2022, com leituras de perder a cabeça!

Flávia Barbosa

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