SÃO JOÃO DE BRAGA REGRESSA EM FORMATO HÍBRIDO PARA 7 DIAS DE FESTA “ENTRE PORTAS”
As festas de S. João de Braga vão decorrer, este ano, durante sete dias e em formato híbrido. Depois de uma edição condicionada pela COVID-19, as festas populares acontecerão de 18 a 24 de junho e foram pensadas para ser vividas num formato digital, que será reforçado e envolverá conteúdos inéditos face a 2020.
As festas contarão ainda com a possibilidade da realização de atividades presenciais, condicionadas ao cumprimento das regras estabelecidas pelas autoridades de saúde.
«Em 2021, mais uma vez por cautela, o São João de Braga acontecerá em formato digital, chegando a todos aqueles que veneram e gostam das nossas festas. No entanto, e acautelando a saúde de cada um e a de todos, poderá ser possível abrir um pouco a porta e, para além do digital, oferecer algumas atividades em formato presencial», sublinha o presidente da Associação de Festas de São João de Braga, Firmino Marques, numa mensagem publicada nas redes sociais da organização bracarense. Por seu turno, o Presidente da Câmara Municipal de Braga,
Ricardo Rio, reforça que em 2021 «ainda não será possível viver as festas de São João de Braga no seu formato tradicional, capaz de mobilizar milhares de pessoas». «A Associação de Festas de São João de Braga e todas as organizações que estão ligadas às festas estão a trabalhar para criar condições para que, ora de forma digital, ora sempre que possível, mas com toda a segurança de forma física também, seja possível assegurar o envolvimento de todos aqueles que vivem intensamente este período».
De notar que, para 2021, a Associação de Festas de São João de Braga irá desafiar os foliões a, mais uma vez, acompanharem em segurança as festas, quer através das plataformas digitais, quer nos espaços escolhidos para acolher as atividades presenciais do São João de Braga.
Gala Sanjoanina e “Banquete de David” no Theatro Circo em formato presencial
Os primeiros espetáculos presenciais do São João de Braga que, em 2021, será “Entre Portas”, já foram revelados, numa dinâmica que combinará um conjunto de iniciativas digitais com presenciais.
O Theatro Circo é a sala escolhida para acolher a quinta edição da Gala Sanjoanina, que contará com a participação de Ana Bacalhau, e o espetáculo Banquete de David, uma iniciativa promovida pelo Circuito – Serviço Educativo Braga Media Arts.
Com bilheteira solidária, dado que o valor angariado com a venda de ingressos reverterá a favor do fundo social constituído pela Associação de Festas de São João de Braga (AFSJB), a Gala Sanjoanina regressa à icónica sala bracarense, no próximo dia 19 de junho, pelas 21h30, com o objetivo de homenagear entidades, figuras e associações ligadas ao São João de Braga. Num registo distinto do habitual, a tradição e a modernidade irão conjugar-se numa cerimónia que conta com a presença da cantora Ana Bacalhau, responsável por encerrar o evento, com as sonoridades tradicionais que inspiram as suas músicas e projetos.
Já o espetáculo promovido pelo Circuito – Serviço Educativo Braga Media Arts, “Banquete de David”, é um original e de criação colaborativa, que se propõe a unir o universo das Media Arts à tradição popular das Festas de São João de Braga. O projeto é iniciado através da gravação de polifonias minhotas, em torno da figura de São João, contando com a participação da Rusga de S. Vicente, Mulheres do Minho e GFUM – Grupo Folclórico da Universidade do Minho, num espetáculo em palco que será acompanhado musicalmente pela ODE – Orquestra de Dispositivos Eletrónicos.
Os ingressos para os dois espetáculos estão já disponíveis com um custo de cinco euros, sendo possível adquiri-los nas bilheteiras do Theatro Circo ou em theatrocirco.com.
Recorde-se que o Fundo Social Sanjoanino foi criado, pela entidade responsável pela organização das festas da cidade, em 2019, com o intuito de apoiar causas sociais e contribuir para a melhoria das condições de vida das pessoas mais carenciadas, colaborando na tomada de decisões e execução de medidas destinadas ao combate e erradicação da pobreza.
I Congresso Sanjoanino e Ponto Sanjoanino
Entre as novidades para este ano, mas ainda sem data específica, conta-se a realização do I Congresso San- joanino, onde será efetuada a promoção das diferentes realidades vividas em diferentes localidades nacionais, onde o S. João é celebrado e vivenciado. Neste âmbito, será lançado um documento para materializar a organização desta ação que, segundo a organização, «ficará na história do S. João de Braga». Há ainda a possibilidade de haver venda ambulante próxima à capela S. João da Ponte, sempre condicionada e muito circunscrita ao espaço e ao tipo de produtos, «de forma a evitar ajuntamentos e o próprio toque nos artigos».
Algumas iniciativas contempladas para o Fórum Braga podem também vir a ser transferidas para um local do exterior, designado de Ponto Sanjoanino, cuja entrada e respetiva participação presencial estará sempre limitada, para evitar possíveis ajuntamentos.
Obviamente, estas e outras iniciativas previstas no programa estão sempre dependentes da atual situação pandémica do concelho, que nos últimos tempos, diga-se, tem vindo a agravar-se. O próprio presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio deu conta disso mesmo, recentemente, numa publicação nas redes sociais. «Se é verdade que tal não implica automaticamente medidas de confinamento, não deixa de condicionar todas as opções sobre as atividades a realizar localmente no futuro próximo».
Cascatas sanjoaninas envolvem comunidade
A Associação de Festas de São João de Braga (AFSJB) voltou a desafiar as associações do concelho de Braga a apresentarem trabalhos em formato de cascata, que conjuguem a tradição do São João de Braga com a modernidade das festividades.
As associações, que têm aderido em grande número à iniciativa, podem, até dia 7 de junho, apresentar a sua candidatura ao concurso, sendo as cascatas inauguradas no primeiro dia das sanjoaninas, 18 de junho. Este ano, a AFSJB distinguirá as cinco melhores cascatas ao invés das três habituais.
Para o Presidente da AFSJB, Firmino Marques, «este regresso é importante, uma vez que o concurso das cascatas sanjoaninas é um dos pilares para garantir o envolvimento da comunidade bracarense nas festas, sendo a proximidade às freguesias e às associações o segredo para o êxito dos trabalhos apresentados». Repetindo a fórmula de sucesso dos últimos anos, as cascatas de São João voltam ao Braga Parque, que volta a juntar-se às mais antigas sanjoaninas de Portugal para a defesa e preservação das tradições.
As cascatas serão avaliadas durante a inauguração do espaço, a 18 de junho, por um júri que congrega a empresa gestora do centro comercial e patrocinador, um elemento convidado do meio associativo bracarense, a AFSJB, a Câmara Municipal de Braga e a Entidade do Turismo Porto e Norte. A concurso estão cinco prémios monetários, a ser entregues às cinco melhores cascatas da edição 2021 do São João de Braga.
CURIOSIDADES DO S. JOÃO
– As primeiras festas de S. João realizaram-se apenas na freguesia de S. João do Souto, da qual S. João Batista é patrono;
– Em 1515, a Câmara Municipal chama a si, pela primeira vez, a organização dos festejos sanjoaninos;
– A fachada do Bom Jesus do Monte, visível desde o centro da cidade, era habitualmente iluminada durante a quadra festiva das sanjoaninas;
– Em julho de 1638, a autarquia bracarense publica um acórdão em que mandava castigar severamente os que matassem o “porco preto”, uma tradição das festas, há muito abolida, dada a sua agressividade. Consistia na substituição de porcos pretos por feras, que eram lançados nas coutadas dos Arcebispos, para serem perseguidos e mortos por cavaleiros fidalgos, ao ritmo do delírio popular;
– Até ao século XVIII, com raízes que remontam à época dos Suevos, Braga manteve a devoção de acender, em vésperas das solenidades sanjoaninas, um “círio votivo” ou Candeleiro, que era oferecido pela autarquia;
– Em julho de 1987, as bandas de música participantes das festas, foram colocadas na Estação de Caminhos-de-ferro, para receber, ao som de música, os romeiros que vinham assistir às festas;
– “O S. João em Braga”, da autoria de José Gomes, foi editado em 1904, sendo hoje um dos livros mais conhecidos sobre as festas de S. João;
– Em 24 de junho de 1904, foram vendidos 3629 bilhetes para o Festival do Jardim Público;
– Em 24 de junho de 1934, durante o festival aéreo das sanjoaninas, no campo de Palmeira, um avião despenhou-se, causando pânico entre a assistência. O piloto faleceu em consequência do acidente;
– Até à década de 50, os jardins da Avenida Central eram iluminados em recortes, com figuras de animais também iluminadas;
– A maioria dos ranchos e grupos folclóricos do concelho de Braga comemoram o seu aniversário no dia de S. João.
SUPERSTIÇÕES DE S. JOÃO “INVADEM” MENTES POPULARES
O S. João é o santo que mais se festeja em todo o país e na Europa, como se pode constatar através do Cancioneiro Popular “Até os mouros festejam o São João. Quando os mouros o festejam que fará quem é cristão”.
À noite de S. João, estão também associadas várias superstições. De casamentos ao ano agrícola e ao clima, acredita-se em várias lendas de Norte a Sul do país. Entre elas, uma refere que em noite de S. João deve-se dar um nó nas quatro pontas de um lençol, tendo-se antes escrito em cada uma o nome da pessoa desejada. Ao amanhecer, o nó desfeito indica o nome do futuro esposo ou esposa.
Uma outra superstição diz respeito à colocação de duas agulhas numa vasilha com água. Se as agulhas se juntam, é anúncio de casamento. Em noite de S. João, coloca-se, igualmente, água numa bacia. Se a pessoa conseguir ver o reflexo de si mesma na água, não morrerá nesse ano.
Nesta altura, uma outra lenda diz que se enrolam papéis em que estão nomes de pessoas, os quais são postos numa vasilha com água. Na manhã seguinte, o papel que estiver desenrolado indicará o nome do futuro marido ou esposa.
A colocação de um pouco de clara de ovo num copo com água é, igualmente, uma superstição de S. João. Se no dia seguinte aparecer uma igreja, é sinal de casamento; se aparecer um navio, é sinal de viagem próxima.
Na noite de S. João é também costume encher-se a boca com água e ficar-se atrás da porta da rua. O primeiro nome que se ouvir é o do noivo ou da noiva. As superstições englobam ainda a história onde se passa um ramo de manjericão na fogueira e atira-se ao telhado; se na manhã seguinte, o manjericão ainda se mantiver verde, o casamento será com um moço; se estiver murcho, será com um velho.